(Por Laura Gonçalves)

São Marias, Nilsons, Gabrielas, Pedros, Willians e muitos outros adolescentes que passam anualmente pela Academia Educar, projeto que promove a formação de jovens líderes em escolas públicas. Anualmente, 100 alunos, com idades entre 13 e 16 anos, participam de oficinas e projetos desafios que compõem o processo de desenvolvimento e contribuem para a transformação de suas vidas, famílias, escolas e comunidade.

De acordo com o analista de projetos da Fundação Educar DPaschoal, Jonas de Jesus dos Santos, na Academia a ideia é formar jovens protagonistas que sejam capazes de gerar transformações.  E entre as ferramentas para que o projeto obtenha sucesso estão os monitores juvenis.

Alguns adolescentes, após passarem pelo período de desenvolvimento como alunos, são convidados para se tornarem monitores das atividades e passam a ser a referência para os que estão entrando na Academia. “É uma proposta diferenciada que faz com que os jovens descubram o seu potencial, tornando-os capazes de transformar a sua realidade”, pontuou Jonas.

Parceira de 20 escolas das redes públicas, a Academia Educar conta com o apoio das Diretorias de Ensino Regionais Leste e Oeste da Secretaria Estadual da Educação e Secretaria Municipal de Educação de Campinas/SP. Os estudantes dessas escolas acabam se tornando agentes multiplicadores dentro das unidades de ensino e desenvolvem reuniões e oficinas para os demais alunos, com a colaboração de um professor responsável. Desta forma, crescem as discussões sobre temas atuais e de educação, e os estudantes acabam passando a experiência vivida e angariando novos interessados.

No início do ano, os monitores da Academia fazem a divulgação do curso nas escolas parceiras e os estudantes interessados fazem suas inscrições para participarem da triagem. “Há uma dinâmica em grupo e posteriormente uma entrevista. São selecionados cinco alunos de cada unidade. Neste ano, atividades terão início no dia 30 de março”, explicou Jonas. “Começamos 2017 a todo vapor. Iniciamos a jornada com dez monitores juvenis, responsáveis em selecionar os 100 novos jovens e desta forma reforçamos nossa crença na educação como estratégia de transformação social”, completou a coordenadora Cristiane Stefanelli.

Os monitores

Gabriel Cruz Saraiva e Miriã Franco Moraes, alunos do colégio técnico Etecap, entraram na Academia Educar e tornaram-se monitores em 2016. Para ser monitor, é preciso passar por todos os desafios da Academia, participar dos projetos, estar presente e ser colaborativo. Segundo os adolescentes, a experiência teve papel fundamental no desenvolvimento pessoal de ambos e o aprendizado seguirá para a vida.

“Quando comecei foi como entrar num território novo, um ano de descobertas. Passamos por diversas experiências de desenvolvimento e desafios. Aprendemos a multiplicar o que aprendemos na Academia e levamos isso para a EMEF Castelo Branco, onde estudávamos na época. Cada escola que participa do projeto tem seus alunos voluntários, protagonistas, que são também agentes da mudança e multiplicadores, formando, assim, uma rede de conhecimento entre todos, de aluno para aluno. Com isso, acabamos atingindo também nossas famílias e a comunidade com nossas ideias e objetivos”, explicou Miriã.

A convivência, companheirismo e reciprocidade entre os jovens é citada o tempo todo pelos monitores. “Quando chegamos na Academia já participamos de uma atividade e isso já proporciona uma interação do grupo. No final do ano, após o envolvimento em todos os projetos, nos tornamos uma família muito unida. É uma experiência única”, revelou Gabriel.

“Quando entrei na Academia eu não sabia me comunicar muito bem e sempre deixava os outros liderarem. Conforme o ano foi passando, fui me desenvolvendo e acabei sendo convidada a ser monitora. No começo não aceitei, mas pensei bem e voltei atrás. Foi a melhor coisa que fiz porque foi um passo para alcançar meu sonho de ser professora. Me desenvolvi como pessoa, tenho desenvoltura, me comunico bem e essas são ferramentas necessárias para um professor”, comentou a ex-monitora, Sara Ciprian Melo, da Escola Estadual Elvira de Pardo Meo Muraro.

Para quem começa na monitoria deste ano, os desafios são grandes. Eric Lucas da Silva, de 15 anos, aluno da Escola Estadual Dom Barreto, espera uma jornada repleta de desafios. “Me desenvolvi muito o ano passado e estou ansioso para iniciar e passar para os jovens a minha vivência. Quero que eles se desenvolvam porque esse curso é muito especial. Mesmo ensinando, monitorando, continuo o meu processo de aprendizagem”, avaliou.

Projetos

Participar de oficinas, exercitar o autoconhecimento e desenvolver habilidades estão presentes na rotina dos jovens que participam da Academia Educar. Ao longo do ano, os adolescentes participam de uma série de atividades que estimulam o aprendizado e as habilidades socioemocionais, por meio de projetos e desafios.

“Temos o Oasis Educar que é uma atividade onde os jovens falam dos problemas de suas escolas e, a partir da identificação do que pode ser transformado, há uma integração de alunos, pais, comunidade e escola para reforma ou melhoria identificada. Primeiro vamos ao local e reconhecemos as belezas da escola, depois nos unimos e arrecadamos recursos com a comunidade e, finalmente colocamos a mão na massa para efetuar as mudanças”, relatou Gabriel.

Outro projeto é o Conhecendo o Mundo, atividade na qual os jovens são divididos em grupos e têm como missão apresentar um país e sua cultura. “É uma atividade que integra conhecimento e dá desenvoltura porque temos que pesquisar, interagir e nos expressar. No meu ano como jovem aluno, eu e minha equipe escolhemos Portugal. Para mim foi o projeto mais difícil, mas o mais legal porque descobrimos tudo sobre o local escolhido, nos aprofundamos em geografia, história, política e ainda produzimos um vídeo; e tudo isso passa por avaliação”, explicou o ex-monitor Nilson Gabriel, de 16 anos, aluno da Escola Estadual Professor José Vilagelin Neto.

Também há o Projeto na Escola, que desafia os jovens a identificar as necessidades existentes na comunidade escolar e propor ações para solucioná-las. “Na minha escola foi identificada a dificuldade no aprendizado de matemática. Criamos o projeto Matemágica e conseguimos uma plataforma online que auxiliou nos estudos. O resultado alcançado foi excelente e a avaliação mostrou que houve uma evolução de 20% na aprendizagem”, exemplificou Nilson.

No projeto Estação Vivência, o objetivo é levar os jovens para conhecer novos horizontes. “Visitamos patrimônios culturais, feiras, exposições, instituições e projetos sociais. É um momento de abrir os olhos dos jovens para o mundo e as novas oportunidades. Ano passado também fomos em exposições no Sesi e Sesc do artista Salvador Dali e do fotógrafo Sebastião Salgado. Foi uma experiência cultural muito gostosa”, garantiu  Sara.

Já o Catavento de Letras e Números visa estimular o gosto pela Língua Portuguesa e pela Matemática por meio de dinâmicas e atividades. Ao longo do ano, os estudantes contam com diversos desafios e atividades sobre as matérias.

Para fechar o ano, os jovens alunos participam do projeto Espetáculo de Encerramento, que consiste na produção de um espetáculo, construído coletivamente. “As ações para o espetáculo já começam no mês de setembro com os ensaios. Montamos os figurinos, as coreografias e tudo que está envolvido. Fechamos o ano com chave de ouro e a apresentação é realizada no teatro do Sesi para nossos pais, familiares e os educadores”, declarou Sara.

A Academia Educar ainda conta com cursos de Inglês e Espanhol, a Agência de Jornalismo e a Academia de Férias, que promove diversas atividades com empresas parceiras.  Saiba mais aqui.

A Academia é um projeto da Fundação Educar DPaschoal, parceira do Compromisso Campinas pela Educação, que visa sensibilizar e mobilizar a sociedade para contribuir com a defesa e garantia dos direitos à educação pública de qualidade. Saiba mais www.compromissocampinas.org.br.