Ações foram apresentadas no encerramento do projeto Atitude Educação 2019
(Por Ingrid Vogl)
O que projetos sobre biblioteca; sustentabilidade; comunicação; qualidade de vida; autoestima e respeito, sarau literário, inclusão social e valorização de talentos tem em comum?!??! A resposta é protagonismo juvenil. As ações, que ocorreram durante todo o ano em nove escolas públicas de Campinas e foram vencedoras do Atitude Educação 2019, contemplam união, poder de resiliência e muita vontade de transformar e aproximar a escola da comunidade.
O resultado dos projetos vencedores foi apresentado no teatro Eva Herz, da Livraria Cultura, na última semana. Na ocasião, os alunos mostraram o resultado dos projetos e fizeram apresentações artísticas que arrancaram risadas e palmas dos alunos e professores presentes.
Ao fim das apresentações, o sentimento geral era de missão cumprida e muita alegria, que ficou impressa na celebração dos jovens. “O Atitude Educação foi um espaço onde resgatei sentimentos da minha infância, em acreditar que o mundo pode ser melhor. Acho que o projeto trouxe para todos, a esperança que pode sempre ser construída dentro da escola, e para mim, agregou muita coisa em relação às minhas responsabilidades, em acreditar que muitas coisas pequenas dentro da escola podem ser resolvidas quando se tem união. A junção da sociedade é a esperança para um mundo melhor”, disse Natan Rocha, 16 anos, aluno da Escola Estadual Orosimbo Maia.
Para Julia dos Santos, 14 anos e aluna da EE Elvira de Pardo Meo Muraro, participar do Atitude foi uma surpresa que trouxe lições para toda a vida. “A vivência que tivemos durante as oficinas nos trouxe a esperança de sonhar e de deixar nossa marca e nosso legado na escola. O projeto trouxe a mensagem para que a gente nunca desista, porque de alguma forma, sempre podemos conseguir alcançar nossos sonhos e fazer algo de bom no lugar onde estudamos ou vivemos”, afirmou.
Entre os abraços e as selfies que marcaram o momento especial dos alunos, Lucas de Campos, 16 anos e aluno da Emef Maria Pavanatti Fávaro, sentia um misto de felicidade e tristeza. “Aqui fiz amigos e conseguimos implantar nosso projeto, e fico triste de que essa jornada tenha acabado. Mas se eu puder deixar um recado para alunos que não conseguiram ter seus projetos contemplados pelo Atitude, é que não desistam, porque sempre é possível melhorar. A escola é um lugar bom, e todos devem ter boas experiências de vida ali”, apostou.
Para Bianca Barbosa de Oliveira, 15 anos e aluna da Pavanatti, a melhor lição do Atitude Educação foi aprender sobre autonomia. “Para mim, as pessoas não podem decidir o que eu quero ou não quero. Eu tenho que tomar minhas próprias decisões e tomar iniciativas”, disse resoluta.
Professores protagonistas
Cada grupo de alunos vencedores do Atitude tem seu professor que participou durante todo o ano do projeto. Para Robson Alexandre de Moraes, orientador pedagógico da Emef Maria Pavanatti Fávaro, o Atitude colaborou para o fortalecimento do que a escola já trabalha em seu projeto pedagógico que é a questão do protagonismo dos jovens. O projeto somou com relação à organização dos alunos com seus coletivos e representação de salas e projetos. E as oficinas fizeram com que o projeto, que já existia de forma incipiente, fosse potencializado. A ideia do grupo é que as ações dentro da escola tenham continuidade.
“Hoje os alunos se reconhecem como protagonistas, e no chão da escola, se veem como responsáveis pelas suas vidas e também como pessoas que podem fazer diferença na vida de outras, e assim começam a ter a percepção do todo, e que a ação dele, na verdade, é muito maior do que se imagina. E a grande marca do projeto é essa, se enxergar como protagonista e enxergar seu papel com possibilidade de fazer a diferença no coletivo”, disse Robson.
Renata Minópoli, professora da EE Professor Joaquim Ferreira Lima, chamou a atenção para o amadurecimento que os alunos tiveram ao longo da participação no Atitude Educação. A proposta do projeto escolar era de aproximar a comunidade e fortalecer o vínculo na escola, que sofria seguidamente com depredações e casos de furtos. “Para nós foi a realização de um sonho. Eu cresci pessoal e profissionalmente participando das oficinas, e meus alunos também. Nosso projeto teve uma receptividade muito grande com a comunidade escolar e do entorno. Eles se envolveram e assim, conseguimos nosso objetivo que era o de aproximar as pessoas. Pretendemos continuar o projeto e já pensamos nas atividades para o próximo ano”, planejou.
Cristiane Stefanelli, coordenadora de projetos da Fundação Educar DPaschoal e uma das responsáveis pelo Atitude Educação, chamou a atenção para a principal característica dos grupos vencedores do projeto este ano: o engajamento. “O Atitude tem amadurecido e junto com ele e com os professores envolvidos, a gente vai aprendendo a melhorar e a proporcionar um espaço de desenvolvimento. Esse grupo está muito engajado com a escola, então independente do que aconteça, eles fazem acontecer porque acreditam na mudança, e isso pra mim é o protagonista ideal, aquele que faz acontecer independentemente do imprevisto, com resiliência, coragem e paixão”, analisou.
Ela também lembrou de todas as etapas dos projetos de cada uma das escolas, desde a sua concepção. “Eles tiveram o desafio de pensarem para a escola, para fazerem parte de uma solução, e isso já é uma mudança de atitude enorme e que faz parte da construção da cidadania: o sujeito que se entende como parte de uma escola, uma comunidade, um país e se enxergar como agente de mudança. É assim que a gente constrói uma sociedade, de fato, democrática e com a atuação de todos, com todos, para todos”, finalizou.
Atitude Educação
Com o tema “Participação: Transformar ideias em ações”, o Atitude Educação é uma iniciativa do programa Juventudes, da Fundação FEAC e é correalizado com a Fundação Educar DPaschoal, com parceria técnica do Coletivo Sem Rótulo. O projeto visa incentivar jovens a serem protagonistas em suas escolas e comunidades por meio do desenvolvimento de projetos e ações que impactem positivamente em suas comunidades. O público alvo são estudantes do Ensino Fundamental II e Médio das redes públicas municipal e estadual do município.
Com a participação de 18 grupos finalistas de alunos de escolas estaduais e municipais, selecionados a partir de um edital onde os estudantes falavam sobre suas ideias e projetos para serem desenvolvidos nas comunidades escolares, a edição do projeto em 2019 foi iniciada com uma oficina de aceleração de ideias, com o propósito de facilitar o processo para identificar as fortalezas e as oportunidades de melhoria.
Houve ainda uma mentoria específica para cada grupo para que os conteúdos fossem aprimorados. Uma oficina de comunicação também foi oferecida com o objetivo de despertar habilidades e competências dos alunos para a apresentação dos projetos. Tudo isso antes da apresentação para a banca, que escolheu os nove vencedores. De agosto a novembro foram realizados encontros formativos mensais com a proposta de desenvolver o protagonismo juvenil, além de habilidades e competências socioemocionais por meio de metodologias ativas. Paralelamente, aconteceu também a implementação e acompanhamento dos projetos.
Estamos diante de um cenário em que o conhecimento humano e a inteligência artificial se multiplicam cada vez mais rápido e ocupam lugares que a pouco tempo remetiam a um futuro distante em que a interação de máquinas e robôs com os seres humanos era algo distante , logo, uma das competências mais importantes a ser desenvolvida é saber viver nesse contexto de rápidas mudanças de forma a olhar para situações problemas e fazer uso da criatividade para gerar soluções e foi exatamente isso que os alunos participantes do projeto Atitude Educação fizeram em 2019.
Segundo Raika Aquino, líder de projeto da Fundação FEAC e uma das responsáveis pelo Atitude Educação, pensar e planejar o futuro são ações cotidianas para todos os adolescentes e jovens, com o desafio de organizar as ideias e fazer acontecer. “Por esse motivo, durante a nossa jornada, trabalhamos por meio de dinâmicas e atividades cooperativas as habilidades e competências socioemocionais, que são as skills esperadas no século XXl daqueles que planejam conquistar sonhos e ocupar um lugar na sociedade. A nossa expectativa é que transformar ideias em ações de impacto social seja uma prática presente nas escolas da rede pública de Campinas e que os alunos possam transbordar esse conhecimento por onde passarem. Que o protagonismo juvenil não se limite às relações na comunidade escolar, pelo contrário, que essas habilidades estejam presentes em todos os momentos da vida deles”, disse.
Saiba mais: https://www.feac.org.br/atitudeeducacao/