Uma equipe da Associação de Pais e Amigos de Surdos de Campinas (Apascamp) formada por pedagogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas, psicólogas e assistente social está oferecendo um novo atendimento a crianças de 0 a 3 anos que apresentem suspeitas de deficiência auditiva. O objetivo é que elas passem por uma avaliação efetiva, recebam um diagnóstico e sejam encaminhadas ao tratamento.

Iniciado em junho, o serviço tem duração de 12 meses e já conta com 16 bebês participantes. A iniciativa é financiada pela Fundação FEAC, por meio do projeto “O cuidado da intervenção precoce na primeira infância”, desenvolvido pela Apascamp e aprovado em edital aberto pela FEAC.

O serviço multidisciplinar tem três focos: a estimulação precoce dos bebês por meio de atividades lúdicas e sessões de fonoaudiologia; a investigação do diagnóstico junto a especialistas em cada caso; e o suporte para a mãe e família, com apoio terapêutico e assistência social.

O projeto ainda tem algumas vagas. Interessados podem obter mais informações sobre o acesso ao atendimento pelo site da instituição e em seu perfil no Instagram.

Ampliando a atenção aos bebês

Hoje, no município, o atendimento especializado em surdez voltado a essa faixa etária envolve à Triagem Auditiva Neonatal, mais conhecida como o “teste da orelhinha”, realizado na audiologia clínica após o nascimento, com acompanhamento até os dois anos de idade para crianças que apresentem risco de desenvolver problemas auditivos e para complementar o diagnóstico de outros transtornos que estejam em investigação.

E foi pensando em ampliar esta atenção ao desenvolvimento desta faixa etária que surgiu a ideia de criar um serviço multidisciplinar focado na estimulação precoce para bebês com suspeita de deficiência auditiva. “É um projeto inovador, específico para estimulação na deficiência auditiva, aceitando outras comorbidades. Hoje existe atendimento de estimulação precoce inserido em outros programas. Este é só voltado à estimulação”, explica a pedagoga e coordenadora do projeto, Cenira Gums.

Muitos bebês chegam ao serviço com a queixa da mãe de que não reagem a barulhos e não respondem quando são chamados, mas sem um diagnóstico conclusivo. Então, já se iniciam os trabalhos – com o bebê e com a família – buscando melhorias na qualidade de vida, enquanto é realizada paralelamente a investigação para se alcançar um diagnóstico mais preciso.

Quanto mais cedo, melhores resultados

O grande desafio nessa fase até os 3 anos é justamente prepará-los e contribuir para um melhor desenvolvimento nesse processo de aprendizagem, olhando para o que é esperado nessa faixa etária, mas respeitando sempre as características de cada criança.

“Nessa fase, o cérebro infantil está em desenvolvimento, os neurônios estão ali sempre novos e em formação. E quando nós começamos a estimulação na primeira infância, conseguimos avançar no que está preservado, e melhorar o que está alterado ou disfuncional”, diz a psicóloga Letícia Hofstatter.

Muitas vezes o bebê tem condição de vocalizar as primeiras palavras se for estimulado, mas sem o diagnóstico auditivo e um trabalho especializado a própria interação familiar com o bebê fica prejudicada e impede que ele avance em um ponto que ele tem capacidade de avançar. E esse obstáculo cria outros.

“Os bebês repetem o que eles ouvem. Ele precisa do outro para se comunicar. Essa interação quando não ocorre tem de ser observada”, alerta a psicopedagoga Alessandra Sancinette do Amaral. Segundo ela, quanto antes a intervenção ocorre, maior a facilidade dos bebês para superar atrasos no aprendizado.

Mais informações

Fundação FEAC

Camila Mazin – Analista de Comunicação

(19) 3794-3523, (19) 99934-2578