(Por Laura Gonçalves)

Quando se chega na Associação dos Amigos da Criança (AMIC – Village) é comum encontrar os pequenos brincando, correndo, subindo em árvores e se divertindo com caixas, tecidos e outros materiais. Lá, os alunos carregam em suas mãos a imaginação, afinal a instituição acredita na utilização de brinquedos não estruturados, permitindo que um pedaço de madeira se transforme em uma casinha, um carrinho ou qualquer outro brinquedo.

Possibilitar o desenvolvimento da inteligência e dar oportunidade da criança explorar suas habilidades criativas é objetivo da AMIC – Village, entidade parceira da Fundação FEAC. Para as educadoras da instituição, quando brinca, a criança tem o poder de tomar decisões, expressar sentimentos, interagir consigo e com o colega e introduzir-se no mundo imaginário.

“Acreditamos que o brinquedo não estruturado desafia a imaginação e assim os pequenos aprendem a construir por meio da exploração dos materiais disponíveis”, explicou Amanda Verzaro, orientadora pedagógica.
Para a assessora técnica do programa Primeira Infância em Foco do Departamento de Educação da FEAC, Denilze Ricciardelli, durante os momentos de brincadeiras, ao se depararem com os materiais, as crianças necessitam de encorajamento e tempo para pensar, explorar, criar e desenvolver habilidades que darão sentido à brincadeira.
“Enquanto as crianças estão engajadas na exploração dos materiais, o educador tem o papel de realizar intervenções que instiguem o pensamento infantil e favoreçam a ampliação de possibilidades. Dessa forma, os alunos descobrem novas habilidades e as usam em suas criações e também na interação com outros amigos”, completou Denilze.
De acordo com a professora Silmara Regina dos Santos, o brinquedo que a criança enxerga permite estimular algumas funções cognitivas como a organização, o planejamento, a criatividade, a memória e a atenção. Além disso, também auxiliam na coordenação motora e socialização. “Também notamos que em muitas das brincadeiras, os pequenos usam o pensamento lógico e matemático, principalmente quando estão estruturando ou encaixando materiais”, exemplificou a educadora.

O brincar com os materiais não estruturados na AMIC Village vai na contramão de um modelo de educação que percebe o brincar como perda de tempo ou um instrumento para aquisição de conteúdos curriculares. “Esse modelo de educação também separa as crianças por faixas etárias, dificultando a interação e aprendizado que se dá quando crianças de idades diferentes interagem”, pontuou Denilze.
A AMIC defende que a integração entre diferentes faixas etárias só traz ganhos. “As crianças mais velhas acolhem os bebês de forma generosa, aprendendo que eles têm outro ritmo e outra forma de pensar. E os bebês aprendem com a linguagem dos maiores e suas formas de brincar”, garantiu a assessora.

Família na escola
A AMIC é uma instituição que está sempre de portas abertas. Os familiares participam de reuniões, palestras e sabem do dia a dia de seus filhos. “É interessante a proposta da AMIC. É diferente, mas acredito que proporciona mais liberdade para meu filho. Aqui eles brincam com qualquer coisa e vivem soltos, subindo em árvores, mexendo na terra. Eu gosto muito porque dá asas à imaginação”, concluiu a dona de casa Viviane Bonfim de Souza, mãe do pequeno Tiago, de 4 anos.
“Sempre que posso estou presente nas palestras que a AMIC oferece porque acabamos aprendendo coisas novas e ficamos informadas sobre o cuidado dispensado aos nossos filhos. A AMIC oferece coisas novas e meu filho adora. Logo ele irá crescer e terá que ir para outra escola, estudar o tempo todo. Então é bom que brinque e que aproveite essa liberdade e esse espaço”, completou a Lucimara Biajola, mãe de Eric, também de 4 anos.
Na AMIC Village, os brinquedos não estruturados são facilitadores do desenvolvimento saudável das crianças e a instituição incentiva a liberdade para descobertas. E desta forma, a brincadeira se torna o aprendizado.
Assim como os materiais não estruturados são ofertados nas escolas de educação infantil, as famílias também podem e devem disponibilizá-los em casa. “Instituições parceiras da Fundação FEAC e educadores engajados devem incentivar as famílias a utilizarem esse recurso nos momentos de brincar em diferentes espaços”, explica a também assessora técnica programa Primeira Infância em Foco do Departamento de Educação, Adriana Nunes Silva.

Partindo do princípio que o ambiente familiar representa o mais importante contexto de desenvolvimento da criança é essencial que a família compreenda que a brincadeira, além de contribuir com a construção de vínculos afetivos, também assume diversas funções na promoção do desenvolvimento integral da criança. “Os pais têm condições de potencializar esse desenvolvimento utilizando um recurso tão simples como os materiais não estruturados, que possibilitam à criança um espaço de criação muito maior que qualquer outro brinquedo”, completou Adriana.

 

 

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