Tema busca melhorar entendimento e convívio no ambiente escolar

 (Por Ingrid Vogl)

A educação se conectou com a Comunicação Não Violenta (CNV) e a troca de experiências sobre o assunto rendeu muito durante o último encontro do Conecta Educação de 2018 que aconteceu na noite do dia 29 de novembro na Fundação FEAC.

Sobre o tema “Conectando-se com seus alunos – estratégias de comunicação”, a dupla Ana Alvarenga e Lu Nunes, especialistas em diversas práticas de comunicação que visam melhorar o entendimento e o convívio de maneira cooperativa, criativa e respeitosa, bateram um papo produtivo com os participantes do evento.

Durante a palestra, de maneira teórica e prática, as especialistas abordaram diversos aspectos da comunicação que devem ser levados em conta, como a escuta empática, a expressão autêntica e situações de diálogo que podem conectar ou desconectar, ou seja, favorecer ou não o entendimento entre as partes. 

Assim, o auditório da FEAC se transformou em um verdadeiro laboratório de troca de experiências sobre como vencer os desafios do dia a dia nas relações interpessoais e praticar uma comunicação assertiva e respeitosa. Nesse espaço cocriativo, o público participou intensamente expondo dúvidas que foram respondidas com conceitos e exemplos práticos e concretos que visam promover e facilitar o diálogo entre as pessoas que compõem o ambiente escolar.

Intencionalidade

Diferentemente do que muitas pessoas podem pensar, a comunicação violenta não é falar em tom alto e palavrões, mas sim, ter intencionalidade de ferir, ser desrespeitoso ou não ser genuíno. “Muitas vezes a pessoa acha que está sendo gentil e, na verdade, está sendo muito violenta, quando ela confunde exigência com pedido”, explicou Ana.

Segundo Lu, a Comunicação Não Violenta consiste em se expor, o que não é tarefa fácil. “É preciso criar ambientes de confiança e respeito para que isso aconteça.  É preciso se conectar consigo e com o outro. E isso é uma prática diária”, disse.

“A gente quer que as pessoas compreendam que os escorregões de comunicação acontecem e que todo mundo passa por isso, e consigam entender dentro de si mesmas a vontade genuína de fazer diferente. Que elas saiam com a vontade de levar essa reflexão e a pratiquem em casa, no trabalho, na escola e para si mesmas todos os dias”, concluiu Ana.

Praticando a escuta

Vontade de praticar a Comunicação Não Violenta foi o que Daniela Cristina de Paula Noronha Crispim, agente de educação infantil da rede municipal de ensino de Campinas, sentiu ao sair do Conecta. “É a primeira vez que participo desse encontro e fiquei feliz de sair daqui com informações que posso colocar em prática.  Sempre fui impulsiva, e ao fazer o exercício de escuta proposto aqui, percebi como é importante praticar a escuta empática, sem julgamentos e nem interrupções. Foi uma experiencia muito boa, porque além de pararmos para escutar o outro, também precisamos ser escutados. Vou praticar essa comunicação não violenta em meu dia a dia, na escola e com minha família”, afirmou. 

Ana Claudia Sales Varani levantou diversos questionamentos durante o encontro e saiu do Conecta com novas perspectivas de comunicação para serem aplicadas no cotidiano da escola onde atua. “O dia a dia em sala de aula é desafiador e estressante, e por isso sempre me interessei por esse tema, para que as práticas na escola sejam modificadas em busca de relações mais respeitosas, porque a gente aprende muita coisa na faculdade, mas no dia a dia é preciso buscar elementos para lidar com conflitos. Não temos fórmulas prontas para solucionar tudo, então é preciso pensar em situações de cocriação para as melhores formas de se resolver conflitos, já que neles estão oportunidades da gente aprender a se respeitar e respeitar o outro”, concluiu.

Conecta Educação

O ciclo do Conecta Educação 2018 contou com 8 encontros, 14 palestrantes e mobilizou 661 pessoas interessadas nos temas discutidos. Ao todo, mais de 20 horas foram reservadas para as reflexões e discussões do evento.

Segundo a pesquisa de satisfação aplicada pela equipe do Programa Educação da FEAC durante os Conecta, 98% do público presente considerou os temas relevantes e 96% afirmaram que obtiveram novos conhecimentos durante os encontros. Sobre as práticas trazidas, 94% dos participantes tem a intenção de aplicá-las no dia a dia.

Segundo Thaís Righetto, assessora técnica responsável pelo Conecta Educação, os oito encontros foram concluídos com o entendimento de que o papel de trazer reflexão sobre práticas inovadoras foi cumprido. Na opinião de Thaís, o grande diferencial desse ano foi trazer experiências e práticas que foram compartilhadas com o público interessado que mostram que é possível fazer diferença nas escolas e nas relações.

“Outro ponto importante é que conseguimos atender demandas de temas que eram necessidade da comunidade escolar, como o suicídio e a Comunicação Não Violenta, na busca de respostas e caminhos. Os indicadores mostram que estamos no caminho e este espaço já está consolidado desde 2013 como legítimo para debates e busca de soluções e experiências”, concluiu.

O Conecta Educação é uma estratégia do projeto Semana da Educação que tem como objetivo discutir assuntos relevantes do atual cenário educacional. O projeto compõe o Programa Educação, que é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em projetos que contribuem para uma educação pública cada vez melhor, como pilar fundamental para o desenvolvimento da sociedade.

Os temas debatidos durante este ano inspiraram os eventos da 9ª Semana da Educação de Campinas, que aconteceu de 22 a 29 de setembro. A iniciativa tem apoios da Fundação Educar DPaschoal e Iguatemi Campinas.

Saiba mais: https://www.feac.org.br/educacao/