(Por Laura Gonçalves Sucena)
Discutir as barreiras que impedem o desenvolvimento na primeira infância, refletir sobre a participação da família no dia a dia das crianças e trocar experiências. Assim foi o primeiro encontro “Troca de Saberes” de 2018, promovido pelo projeto Novo Olhar, do Programa Primeira Infância em Foco (PIF), da Fundação FEAC.
No encontro de escuta e reflexão, em que a pauta central foi o desenvolvimento infantil, diretores e coordenadores das instituições de Educação Infantil (creches) AMIC, Casa da Criança Meimei, Creche Menino Jesus de Praga, Centro de Formação Semente da Vida, Serviço Social da Paróquia São Paulo Apóstolo – SPES, Instituto Dona Carminha, Creche Mãe Cristina, Casa da Criança Madre Anastácia e Casa da Criança de Sousas, falaram sobre a importância de se remover barreiras ao desenvolvimento da primeira infância e garantir que todas as crianças tenham um desenvolvimento adequado à sua faixa etária.
Para aquecer a discussão, a equipe técnica do Projeto Novo Olhar propôs a reflexão de algumas questões norteadoras como: o cuidador faz um trabalho melhor quando se sente confiante sobre a sua capacidade de cuidar de uma criança; o cérebro se desenvolve mais rapidamente quando a criança começa a frequentar a escola; crianças pequenas aprendem mais experimentando as coisas e imitando outras do que quando alguém lhes diz o que fazer; o cuidador deve falar com a criança, mesmo antes dela aprender a falar; antes de aprender a falar, a criança só sabe se comunicar por meio do choro; e o bebê consegue ouvir e enxergar ao nascer.
Com o exercício foi possível identificar as influências dos cuidadores que são profissionais que integram as equipes das instituições e que interagem com as crianças, sendo figuras estratégicas no processo relacionado ao desenvolvimento infantil.
Para a coordenadora pedagógica da Creche Menino Jesus de Praga, Christiane Carvalho, falar sobre desenvolvimento infantil é essencial. “Estávamos discutindo a questão sobre o desenvolvimento cerebral da criança e sabemos que isso ocorre com as experiências”, falou. “Como educadoras, temos a tendência de pensar que os pequenos se desenvolvem melhor dentro da instituição, mas não é assim, as crianças vão experimentando e se desenvolvendo em quaisquer espaços e contextos que sejam estimulantes. Para isso é importante conhecer e saber o que é adequado para cada fase, cada idade”, completou Tatiara Goulart, coordenadora pedagógica do Instituto Dona Carminha.
Na questão do cuidado, a ação de falar com as crianças foi muito elogiada pelas participantes. “Utilizamos a abordagem Pikler (da médica Emmi Pikler) e um dos princípios é da relação de confiança e interação com a criança, que deve acontecer durante os principais cuidados (banho, troca de fraldas, alimentação). Desta forma, sabemos a importância da conversa, que é fundamental para proporcionar maior autonomia à criança”, observou Kety Nicolini, orientadora pedagógica da Creche Mãe Cristina.
A comunicação dos pequenos também foi tema de discussão. “A criança se comunica pelo olhar, pelas expressões corporais e o vínculo é um facilitador dessa comunicação”, destacou Ana Cruz Santos, orientadora da Semente da Vida. “A criança que recebe esses cuidados tem uma evolução no desenvolvimento”, completou Jeane de Camargo Rodrigues, também orientadora da Meimei.
Monitoramento e desenvolvimento
“É fundamental acompanhar os ganhos de desenvolvimento infantil por meio de um instrumento de monitoramento, que oportuniza registrar os avanços e as barreiras experimentadas pelas crianças ao longo de seu processo de desenvolvimento”, destacou Adriana.
O Programa Novo Olhar está utilizando o instrumento de acompanhamento do programa Primeira Infância Melhor (PIM), uma política pública com ação transversal de promoção do desenvolvimento integral na primeira infância realizado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O PIM fundamenta teoricamente suas ações nas contribuições de Vygotsky, Piaget, Winnicott, Bowlby e Brunner, além dos recentes estudos das neurociências, abordando os aspectos físicos, emocionais, intelectuais e sociais do desenvolvimento humano, a partir de marcos objetivos do desenvolvimento. A participação ativa das famílias no desenvolvimento de suas crianças também é fundamental no processo, outro ponto de alinhamento com diretrizes do Novo Olhar.
“A parceria com a família, que é o principal cuidador, é essencial para que o desenvolvimento aconteça. Acompanhar a criança em monitoramento é uma forma de orientar e auxiliar a família de uma maneira individualizada e personalizada, com o objetivo de remover barreiras que impedem o desenvolvimento integral e contínuo das crianças”, reforçou Denilze.
No espaço de discussão, a equipe do Projeto Novo Olhar também apresentou os dados das entidades monitoradas em 2017, que alcançou mais de 400 crianças em cinco instituições de educação infantil. “Nosso objetivo é aumentar esse número para 1.500 crianças monitoradas até 2019 e acompanhar o desenvolvimento adequado à sua faixa etária, considerando eventuais peculiaridades e limites”, finalizou a líder do Programa Primeira Infância em Foco, Claudia Chebabi.
Sobre o Programa Primeira Infância em Foco
O Programa Primeira Infância em Foco é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em esforços para promover o desenvolvimento da primeira infância com objetivo de assegurar que todas as crianças tenham desenvolvimento adequado à sua faixa etária. O Programa tem em sua carteira, dentre outros, o projeto Novo Olhar e parcerias de Apoio Institucional.