(Por Laura Gonçalves Sucena)

 

A noite da última sexta-feira, 29 de novembro, já anunciava a diversão. No campinho de futebol do bairro Jardim Santa Rosa, localizado na região do Campo Grande, uma grande tela foi montada para mais uma edição do CinemAQUI, projeto da Fundação FEAC que que visa fomentar o acesso à cultura e arte e promovendo a convivência e o fortalecimento dos vínculos identitários e comunitários com a produção de curtas-metragens e acesso ao cinema.

Já no início da noite os moradores começam a chegar animados para assistir ao filme “Fala sério, mãe!”, uma comédia pra lá de divertida. Para a exibição do curta e do longa-metragem, a Fundação FEAC, em parceria com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Associação Evangélica Assistencial (AEA), planejou a ação que teve pipoca e muita animação.

Cristina de Oliveira Sousa, coordenadora técnica da Associação Evangélica Assistencial (AEA), contou que ter o cinema no bairro foi uma grande conquista. “Cultura não chega até aqui e só mesmo a FEAC para proporcionar isso à população. As pessoas não têm condição de sair do bairro e ir até um shopping, pagar caro. A cultura precisa estar aonde o povo está. Isso é transformação”, enfatizou.

E para que a noite fosse um sucesso, o pessoal da AEA fez uma grande divulgação da ação no bairro. “Colocamos nas nossas redes sociais, deixamos cartazes nos comércios locais e também contamos com a propagando do boca a boca. Hoje isso aqui vai ser um sucesso”, comentou.

E a noite realmente fez a alegria do pessoal. Cerca de 200 pessoas lotaram o campinho para assistir o cinema. E para abrir a noite, a plateia ainda assistiu a documentários produzidos por adolescente da AEA que participaram de uma oficina de curta-metragem.

Oficina

Os curtas-metragens exibidos antes do filme foram produzidos por 20 adolescentes da AEA que participaram uma oficina ministrada pela produtora de audiovisual Juliana Bronbim, em cinco encontros de 3 horas.

De forma participativa, os adolescentes colocaram a criatividade em prática e a mão na massa e foram conhecer mais o bairro e seus moradores. “Tivemos uma abordagem diferenciada com esse grupo, com uma imersão cinematográfica. Em cada dia da oficina, os adolescentes focaram um algum processo que culminava na produção de um vídeo. Houve uma reflexão sobre das imagens produzidas”, contou Juliana.

Segundo líder do projeto, Sílnia Prado, o CinemAQUI realizou oficinas de curtas produzidos a partir de dispositivos móveis em três territórios diferentes de Campinas. Hoje, a partir das 18h30, no CIS Guanabara, será realizado um minifestival de curtas que foram criados ao longo deste ano por meio do projeto.

De acordo com a produtora, o primeiro exercício foi relacionado com o princípio do cinema, com a gravação de um minuto de uma ação do cotidiano. ” Apresentei para a turma a clássica imagem do trem em movimento, dos irmãos Lumiére e propus que eles fizessem algo com movimento”, contou.

“Depois passamos para uma atividade relacional, na qual o grupo teve que se relacionar com seus personagens de gravação. Também trabalhamos cores e texturas para que eles pudessem perceber as pessoas, e ainda teve a gravação de trilha sonora. Por fim, eles fizeram uma atividade relacionada com a música e a memória, na qual entrevistaram as pessoas e perguntavam sobre uma música e a memória que ela traz. A música tem uma relação íntima com as pessoas e é um grande material para se trabalhar. Acredito que conseguimos realizar um trabalho com grande resultado porque lidamos e conhecemos pessoas”, garantiu Juliana.

Os adolescentes aprovaram o resultado final. As meninas Angélica Santos Abreu, Luana de Araújo, ambas de 13 anos, que participaram da oficina estavam animadas para a exibição dos minidocumentários. “Aprendemos muitas coisas diferentes relacionadas ao cinema, além de fazer entrevista. Gravar e ser gravado foi muito legal. Foi uma oportunidade bem diferente”, contaram.

Tiago Dias Santos, foi um dos mais participativos da oficina de curta. “Eu aproveitei cada momento e aprendi muitas coisas diferentes. Foi ótimo saber usar a câmera, conhecer a luz apropriada para cada situação; e isso vai ser bom até para o meu futuro. Também foi muito bacana entrevistar as pessoas, conhecer mais o nosso bairro e os moradores. Acho que o resultado foi bom”, falou.

A mãe de Tiago, aprovou o resultado do trabalho realizado pelos adolescentes. “Estava na expectativa de ver o que eles fizeram na oficina. Ele sempre me contava, mas poder assistir nesse telão foi ainda melhor. Está aprovado”, comentou Eliane Dias Veloso.

Para a coordenadora da AEA, a oficina de curta-metragem foi excelente para os adolescentes porque eles puderam sair da entidade e se apropriar dos espaços do território. “Acredito que foi uma experiência diferenciada que acaba acrescentando na vida deles”, falou Cristina.

Na telona

Depois foi a vez do longa “Fala sério, mãe!”, que conta a vida de Ângela Cristina (Ingrid Guimarães), mãe da adolescente Maria de Lourdes (Larissa Manoela), que tem a experiência de guiar sua filha durante uma das fases mais complicadas da vida. Vivendo numa montanha-russa de emoções, com medos, frustrações e um caminhão de queixas para descarregar, a adolescente e sua mãe passam por várias experiências e se ajudam com muita intensidade e bom-humor.

Cedido para exibição pela Globo Filmes, com a parceria da EPTV Campinas, o filme arrancou gargalhadas da plateia e fez a diversão de crianças e adultos. “Dei tanta risada, não conseguia me conter porque é realmente muito engraçado. Valeu muito ter vindo até aqui assistir o cinema. Foi um programa diferente!”, comentou o estudante Carlos Batista.

“Adorei o cinema. Trouxe meus netos e todos nós aproveitamos demais. Não temos cinema aqui perto e além do mais é um programa caro, então valeu muito a pena”, contou a aposentada Euzi da Costa Barbosa.

Wellington Antonio Pinto, que tem uma TV Online, a TV Campo Grande, foi registrar a ação. “Quando soubemos que ia ter um cinema na rua resolvemos registrar porque não é uma atividade que acontece por aqui. Trazer a cultura para os bairros é muito bacana. Estamos num local carente de cultura, esporte e lazer e iniciativas como essa são muito bem-vindas. Isso não tem preço”, comentou.

A cozinheira Gislaine Aparecida da Costa, também gostou da iniciativa e foi conferir o cinema com as duas filhas. “Foi a primeira vez que vi cinema nesse campinho. Aqui não tem essas coisas e além de tudo é caro e longe. Isso foi bom demais da conta e foi muito bacana e divertido”, comentou. “Gostei demais. O filme foi muito engraçado e a gente deu bastante risada”, completou o pequeno Rodnei Mateus Souza de Abreu, de 9 anos.

 

Fortalecimento de Vínculos

O CinemAQUI integra o Programa Fortalecimento de Vínculos, iniciativa da Fundação FEAC que investe na qualificação de ações integradas de cultura, esportes e cidadania com o objetivo de prevenir o agravamento da vulnerabilidade social e reforçar os vínculos familiares e sociais protetivos.

Saiba mais: https://www.feac.org.br/fortalecimentodevinculos/