Sobre o que as juventudes querem falar? Para dar voz e ouvir seus anseios, entre os dias 1 e 20 de agosto aconteceu, em Campinas, a 8ª Semana das Juventudes. Com o tema “Habla Juventudes! Novas formas de participação política”, o evento celebrou o protagonismo juvenil e incentivou a participação política dos jovens, através da arte, da web, do esporte, do hip-hop, do grafite, dos coletivos, fóruns de debates, entre outros meios. O objetivo é chamar a atenção do poder público e da sociedade civil às diversas pautas levantadas pelas juventudes.
Ao longo de 20 dias de programação, Organizações da Sociedade Civil (OSC), coletivos e lideranças jovens promoveram 54 atividades que exploraram temas como política, cidadania, cultura, esporte, sustentabilidade, educação, comunicação, diversidade, inclusão, direitos, igualdade, empreendedorismo e representatividade.
“Estes jovens demonstram aos órgãos competentes, responsáveis por realizar e viabilizar políticas públicas para as juventudes, que é sim possível criar agendas capazes de trazer a galera para dentro de uma cultura participativa e democrática. Viabilizar espaços onde os jovens possam falar, mas, principalmente, serem ouvidos”, diz Rafaela Canela, analista de projetos do Programa Juventudes da Fundação FEAC.
O evento foi organizado pelo Conselho Municipal da Juventude em parceria com a Coordenadoria de Políticas para a Juventude e a Fundação FEAC, e reforça o “agosto das juventudes”, mês com datas importantes como o aniversário do Estatuto da Juventude (5/8), o Dia do Estudante (11/8) e o Dia Internacional da Juventude (12/8).
Estatuto da Juventude faz 10 anos
No último dia 5, o Estatuto da Juventude completou uma década. Considerado um marco para o reconhecimento do papel das juventudes no desenvolvimento do país, o documento reúne direitos assegurados aos jovens entre 15 e 29 anos e diretrizes para a criação de políticas públicas. No entanto, nestes 10 anos poucas políticas para as juventudes conseguiram se consolidar, avalia Felipe Gonçalves da Silva, coordenador de Políticas para a Juventude de Campinas.
“É importante eles [os jovens] se engajarem para retomarmos essas discussões das políticas de juventude e para que elas possam ser implementadas de fato. Campinas vem se estruturando, claro que tem muito a avançar ainda. Mas só com participação da juventude a gente vai conseguir de fato estabelecer que essas políticas sejam perenes, que elas continuem aí ao longo do tempo”, afirma.
Por isso, a Semana das Juventudes é uma mobilização importante para levantar e debater pautas de interesse público, provocar reflexões e estimular a participação dos jovens nas decisões políticas e sociais do país. Ao mesmo tempo, a Semana constrói e fortalece redes de OSC, coletivos, movimentos sociais e lideranças juvenis que podem dialogar e atuar em conjunto em prol dos objetivos.
Papo-reto, diálogo e fortalecimento das redes comunitárias
Um exemplo é a oficina Democracia, Três Poderes e Fake News organizada pela OSC de educação política Politize!, que aconteceu na quinta-feira (17). A atividade introduziu conceitos de política e democracia, e trouxe reflexões sobre como a política está presente no cotidiano. O propósito foi mostrar também como a democracia é um sistema político plural, que permite e requer a participação de todos na elaboração de soluções eficazes para os desafios atuais (leia no box sobre a oficina Construindo Líderes Empoderados).
Além da teoria, a Semana traz muitos exemplos práticos do fortalecimento das redes e do resultado de parcerias entre OSC e instituições de Campinas. A ideia é exercitar a política e vê-la em movimento. É o caso do Fórum de Soluções, iniciativa do Conselho Jovem do Programa Juventudes, da Fundação FEAC, em parceria com a Casa Hacker, que ocorreu na última sexta-feira (18), na Estação Cultura.
A atração voltada às diferentes juventudes marcou o fim de um ciclo de encontros temáticos para jovens realizado entre outubro de 2022 e julho de 2023. O Fórum foi um canal de estudos e dinâmicas em que cada participante trouxe soluções pensadas para o seu tema de trabalho inserido em seu território, que poderia ser relacionado à saúde mental; cidadania; políticas públicas, empreendedorismo; e trabalho de impacto.
“Com uma dinâmica ‘papo reto’, o Fórum foi um momento importantíssimo de estímulo a proposições de soluções na perspectiva dos próprios jovens, com apresentação de propostas, seguida de debate sobre futuros possíveis”, conta Rafaela, da FEAC.
Destaque também para a maratona interativa da Jornada Web Mente Jovem: Possibilidades e Desafios. A atividade reuniu on-line adolescentes, jovens, profissionais de diversas áreas e convidados do Projeto Vem Com a Gente, da Oscip Terra das Andorinhas, que é uma rede de atenção à saúde mental de adolescentes e jovens, no município de Campinas, que conta com o apoio da Fundação FEAC.
A maratona ocorreu entre 15hs e 21hs do dia 18/8 e contou com lives, rodas de conversa e entrevistas abordando temas diversos de interesse dos jovens, como inovação e tecnologias, inteligências artificiais, educação, profissões, esporte, cultura, lazer, saúde e bem-estar.
Além de mobilizar e dar protagonismo a movimentos sociais, coletivos culturais e OSC que atuam com jovens nas periferias de Campinas, a Semana das Juventudes também serviu como um aquecimento para a 7ª Conferência Municipal das Juventudes, que está prevista para setembro, em Campinas, depois de oito anos de intervalo desde a última edição.
Oficina empodera juventudes para o mundo do trabalho |
Uma dentre tantas atividades da Semana das Juventudes foi a oficina on-line Construindo Líderes Empoderados, realizada pela OSC Base Social no dia 10/8. Com o objetivo de capacitar jovens para o mercado de trabalho, a atividade abordou temas importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional. Os participantes conheceram mecanismos para melhorar as habilidades de liderança, comunicação, resolução de problemas e tomada de decisões. Alinhada às tendências atuais do mundo do trabalho, a oficina ensinou estratégias fundamentais para a construção da carreira profissional, como a criação de um networking (rede de contatos) e o uso das mídias sociais. Outro tópico discutido foi a adoção das práticas ESG (em português, meio ambiente, social e governança) e como isso é uma diferença positiva para os negócios. Diversidade e inclusão também foram temas presentes nas discussões e ganharam força com a presença de integrantes da startup de impacto social Tamo Juntes, Rafa Mores e Brenddáh Hudson, e de Genesson Honorato, consultor de inovação e diversidade. A responsável pela atividade Tamara Braga, gerente de projetos da Base Social e fundadora da consultoria DiverCidade, diz que falar sobre as diversas representatividades em cargos de liderança é uma das principais formas para enfrentar os desafios e preconceitos atuais da sociedade. “As histórias de vida compartilhadas pelos palestrantes incentivam os participantes a abraçarem suas próprias identidades, criando um ambiente de inclusão e aprendizado mútuo. Assim, a oficina não apenas constrói líderes empoderados, mas também promove uma compreensão profunda da importância da diversidade e do empoderamento na liderança”. |
Por Pietra Bastos
Edição 30 – O futuro das juventudes
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