(Por Laura Gonçalves Sucena)

 

Uma escola que contenha método de ensino atraente, professores interessados e preparados e sala de aula que contemple a inserção de dispositivos eletrônicos como ferramentas de aprendizagem são algumas das temáticas relevantes para os jovens hoje em dia. Isso é o que revela a pesquisa Repensar o Ensino Médio, iniciativa do Todos Pela Educação, que contou com apoio do Itaú BBA e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com realização da Multifocus.

O estudo – que ouviu a opinião de 1551 jovens entre 15 e 19 anos sobre os professores, a participação social e a Educação Técnica – mostra que gestores e educadores devem ficar atentos aos modelos vigentes de educação que deixaram de fazer sentido para o aluno. Ou seja, os jovens querem e precisam de mudança.

Entender que a adaptação às novas necessidades e anseios dos alunos deve estar presente no dia a dia das práticas pedagógicas é uma necessidade primordial. E, assim sendo, cabe à escola e aos professores ficarem atentos às mudanças que estão acontecendo e pensarem nas inovações em educação.

De acordo com Tatiana Klix, jornalista e editora do portal Porvir – iniciativa de comunicação e mobilização social que mapeia, produz e compartilha referências sobre inovações educacionais visando inspirar melhorias na qualidade da educação brasileira – inovar em educação é importante porque a escola atual não conversa com os anseios e as características dos jovens e não consegue prepará-los para as demandas do mundo contemporâneo.

“Inovar em educação é criar soluções e mudar processos de aprendizagem para atingir esses objetivos. Essas inovações, necessariamente, não realizam rupturas completas e imediatas no sistema de ensino ou na escola, mas mudam práticas, espaços, currículos, tempos que tornam a escola mais atualizada e coerente com a realidade atual”, explica.

As inovações em educação procuram personalizar a aprendizagem dos alunos e acabar com a experiência padronizada, que não respeita as características e individualidades dos estudantes, característica principal da escola do século 19. Além disso, a partir da inovação é possível trazer elementos da realidade dos alunos para dentro da escola, como tecnologia e jogos e torná-la mais atrativa.

Nesse contexto, o professor é crucial para que as inovações em educação aconteçam, uma vez que a principal mudança necessária para tornar o processo de aprendizagem centrado no aluno é a do papel do docente. “O professor deve deixar de ser um transmissor de conhecimento para se tornar um mediador da construção do conhecimento pelos próprios estudantes. Esse papel é ainda mais rico do que o papel que ele vem exercendo até hoje, mas não representa uma mudança simples ou trivial. Para que os professores possam assumir esse novo papel, eles devem ser preparados para isso, além de estarem dispostos a mudar. Infelizmente, os cursos de formação de educadores no Brasil ainda não estão focados em transformar professores em agentes de inovação”, falou a jornalista.

Inovação com qualidade

As inovações educacionais têm potencial para respeitar individualidades dos alunos e torná-los mais interessados e engajados nos processos de aprendizagem para que, desta forma, todos consigam aprender mais. Uma escola inovadora deve considerar os aspectos físicos e emocionais dos estudantes e promover um desenvolvimento mais completo.

“As inovações em educação devem ser propostas para formar indivíduos de forma integral, para que eles consigam lidar com desafios intelectuais, emocionais, culturais, físicos e sociais. Com isso, a escola poderá preparar, de fato, crianças e jovens aptos a planejarem e conquistarem seus projetos de vida”, pontuou Tatiana.

Segundo a jornalista, pensar em inovação não é somente pensar em tecnologia. “A tecnologia é uma ferramenta que facilita alguns processos inovadores, mas não é sinônimo de inovação. Por exemplo, é possível usar uma lousa digital ou um livro digital e dar uma aula expositiva, nada inovadora. No entanto, professores que reconhecem o potencial da tecnologia para a educação conseguem se favorecer dela para facilitar seu trabalho e promover experiências de aprendizagem inovadoras a seus alunos”, garantiu.

Tendências 

As mudanças na educação continuam avançando rapidamente e, para se conectar com o mundo atual, é fundamental que os educadores pensem nas habilidades que englobam soluções de problemas, tomadas de decisões, flexibilidade, colaboração, empatia e emoções.

Como explica Tatiana, as principais tendências em educação mapeadas pelo Porvir são a personalização do ensino (experiência de aprendizagem que respeita ritmos e características individuais dos alunos), aprendizagem mão na massa (metodologias e práticas que envolvem os alunos em atividades práticas e projetos transdisciplinares), desenvolvimento de competências para o século 21 (conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que preparam os alunos para a vida acadêmica, profissional, pessoal e em comunidade), participação do aluno (abordagens que escutam e envolvem estudantes nas decisões da escola e de sua experiência de aprendizagem) e apropriação do território (práticas e atividades que utilizam os ativos do entorno da escola para ampliar tempos, espaços e agentes da aprendizagem).

Com relação às avaliações, a inovação também precisa acontecer. “Os testes devem deixar de ser excludentes classificatórios e devem passar a ser ferramentas de aprendizagem. Assim, além de conseguir avaliar conhecimentos acadêmicos, poderão também avaliar as competências para o século 21. Já existem experiências que inovam neste quesito, como processos que envolvem avaliações entre pares, autoavaliações, avaliações processuais – que dão chance para o aluno testar conhecimentos várias vezes ao longo do processo -, portfolios e certificações como badges (medalhas digitais que certificam aprendizados diversos)”, finalizou Tatiana.

Encontro Mensal

Para falar sobre o tema Inovação em Educação, Tatiana participa do Encontro Mensal do Compromisso Campinas pela Educação (CCE), que acontece na noite desta quinta-feira, 29 de junho, a partir das 19h, no auditório da Fundação FEAC (Rua Odila Santos de Souza Camargo, 34, Jardim Brandina – Campinas/SP). O evento é gratuito e aberto ao público. As vagas são limitadas e preenchidas por ordem de chegada.  Certificados são emitidos posteriormente a quem solicitá-los.

Durante o encontro, serão apresentados os resultados da pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção, realizada pelo portal Porvir e a Rede Conhecimento Social, com 132 mil jovens brasileiros, sobre o que eles esperam da escola. Também será realizada uma análise de como os desejos desses jovens se conectam com as tendências atuais em educação.

Saiba mais: porvir.org