(Por Ingrid Vogl)
Informar, incentivar e orientar empresas a realizar investimento social privado. Essa foi a proposta do Fórum de Cidadania Empresarial realizado na manhã de quinta, dia 26 de julho, na sede da Amcham Campinas.
O evento reuniu experts que falaram sobre diversas vertentes do assunto. Estiveram presentes Leandro Pinheiro, superintendente socioeducativo da FEAC que falou sobre Evolução do investimento social: transição da filantropia para modelos de negócios; Cláudio Dutenhefner, gerente de Planta da Litens e Presidente do GESC (Experiência de voluntariado executivo: vivência na indústria e trabalho voluntário e apoio na estruturação de projetos como consultor social); Stefan Mihailov, presidente da Trouw Nutrition (Trabalho de nutrição alimentar em regiões de vulnerabilidade e demais projetos da Trouw Nutrition); Lorhan Caproni, co-fundador da Phomenta (Aceleração de ONGs através do desenvolvimento de talentos: ONGs como empreendimentos) e Tatiana Mendizabal, co-gestora do Sistema B (Visão e indicadores do Sistema B: os desafios para uma economia mais inclusiva, passos da certificação e como chegar lá).
Na ocasião, Leandro Pinheiro explicou como e por onde começar um investimento social e os erros mais comuns. Traçando um panorama sobre o investimento social privado, falou sobre a expectativa de atuação das empresas nesta área e que, muitas vezes, as perspectivas não são bem identificadas ou compreendidas.
Para o superintendente, algo que merece atenção são as assimetrias em relação à importância de como o investimento social deve ser feito entre diversas áreas da empresa. Isso pode gerar vários problemas que normalmente culminam em perda da fidelidade: as empresas acabam não lembrando que o objetivo era ajudar alguma comunidade a se desenvolver ou resolver algum problema da sociedade.
“No fim, o que não pode acontecer é uma subversão do processo: a empresa achar que está fazendo aquele processo de investimento social para ter benefícios, e não para resolver nada para ninguém. Se isso acontecer, é preciso começar tudo de novo”, afirmou.
Perigos
Leandro chamou a atenção para a importância de refletir sobre qual a disposição para investir; quais causas apoiar, em quais territórios, quem vai operar, quem pode assessorar e quais as melhores estratégias de investimento social. Ainda ressaltou que mesmo com muitas possibilidades de atuação voluntária de empresas, dificilmente alguma delas funciona se não houver investimento financeiro. Ele ainda citou alguns perigos na trajetória do investimento, com pensamentos como: “qualquer coisa está bom”; “melhor do que nada”, “não tem jeito de dar errado”.
De acordo com o superintendente, é preciso ter uma intencionalidade clara do investimento social e começar pensando grande, agindo pequeno e andando rápido. “Contribuir para o bem-estar social é mais complexo do que imaginamos. É necessário mais do que boas intenções para isso”, comentou.
“É possível começar com o pé direito. Não é simples, mas hoje existe conhecimento acumulado, experiências e casos para quem já trabalha ou quer trabalhar com o investimento social. Momentos como o desse Fórum são importantes para que haja a troca de experiências e para que se aprenda com o que está dando certo e o que não deu certo. Tem muita gente disposta a preparar as empresas para que se faça direito, e tudo que vale a pena ser feito na vida, vale a pena ser bem feito”, avaliou.
Fórum
Primeiro de vários eventos que devem ser realizados pela Amcham Campinas sobre a temática, o Fórum de Cidadania Empresarial reuniu especialistas no assunto que falaram para representantes de empresas associadas à anfitriã do evento.
Segundo Camila Merhi, líder de comitês estratégicos da Amcham, a cidadania empresarial é um dos pilares da Amcham Brasil. “A gente pensou que não seria possível deixar de lado um tema tão importante, e por isso fizemos esse movimento de trazê-lo como pauta de assuntos. A ideia é que a gente possa disseminar o conceito de cidadania empresarial nas empresas como um todo”, explicou.
Cidadania empresarial
Com quatro grandes eixos: legal, ético, econômico e contribuição voluntária e intencional no desenvolvimento da sociedade, a Cidadania Empresarial é uma forma de gestão com relações éticas e transparentes da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona, e também pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
O tema está em consonância com o Programa Cidadania Ativa, uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em mobilização e engajamento de todos, com objetivo de energizar a sociedade para agir na superação dos seus desafios e promover o bem-estar social. Entre os projetos que compõem o Cidadania Ativa está a Rodada Social, ação desenvolvida em parceria com a AMCHAM Campinas e FACAMP que promove o contato entre empresas socialmente responsáveis e Organizações da Sociedade Civil (OSC), que contribuem para o desenvolvimento social das comunidades em que atuam.
Mais informações: https://www.feac.org.br/cidadaniaativa/