(Por Laura Gonçalves Sucena)

Logo cedo, durante o café da manhã, as crianças já começam a cantar e a canção toma conta de todo o ambiente. Na creche Amic, unidade do bairro Monte Cristo, região Sul de Campinas/SP, a música possui um papel importante na educação dos pequeninos, contribuindo para o desenvolvimento psicomotor, socioafetivo e linguístico, além de ser facilitadora do processo de aprendizagem.

A equipe pedagógica da instituição parceira da Fundação FEAC investe na musicalização como método de aprendizagem. Entre os benefícios estão o desenvolvimento da criatividade, memória, concentração e atenção. E ainda aperfeiçoa o ritmo e promove a socialização.

Segundo a diretora da Amic, Marta Maria Santos Nonato, a música está presente na instituição há muito tempo. “Faz quatro anos que iniciamos as aulas de música e até mesmo no berçário percebemos as crianças mais sensíveis e receptivas aos sons. Notamos que elas sentem prazer em cantar, ouvir e até mesmo dançando e tocando um instrumento”, frisou.

Na instituição, a música funciona como uma poderosa ferramenta de desenvolvimento. “Pesquisas mostram que crianças que crescem em ambientes ricos em estímulos de qualidade desenvolvem o cérebro mais rapidamente, e a música tem esse papel. Também trabalha coordenação motora fina, fala e raciocínio e por meio das canções, a criança melhora a pronúncia e sua percepção auditiva, tanto para escutar como para diferenciar sons, o que auxilia o desenvolvimento da oralidade”, explicou o professor de música da AMIC, Pedro Santos Azevedo.

De acordo com a assessora técnica do programa Primeira Infância em Foco (PIF), do Departamento de Educação da Fundação FEAC, Denilze Ricciardeli, o trabalho com música na educação infantil, estimula as áreas do cérebro que vão favorecer o desenvolvimento de outras linguagens como a escrita e oral, além de contribuir na socialização das crianças.

“Quando a criança canta, ela trabalha sua concentração, memória, a consciência corporal e a coordenação motora. Ao ouvir uma música demonstra o desejo de cantar, de dançar acompanhando o ritmo, e isso promove novas formas de expressão corporal”, explicou Denilze.

 Berçário

Segundo Marta, foi observado que a música também auxilia no trabalho realizado no berçário. “Observamos que os pequeninos reagem de maneiras diferenciadas aos sons e isso nos mostrou a necessidade de explorar junto a eles as variedades sonoras”, contou a diretora.

A professora Silvana de Souza Moraes garante que a música traz tranquilidade para as crianças. “Quando o professor Pedro entra no berçário os pequenos já se mostram interessados. Eles demonstram curiosidade e encantamento. Também percebemos que eles ficam atentos e curiosos com relação aos instrumentos e aos sons”, relatou.

No local, o professor de música trabalha com canções e materiais que estimulam a percepção visual, auditiva e tátil. “Eles têm a curiosidade e ficam intrigados com os sons, querem utilizar os instrumentos e descobrir os sons”, relatou.

À medida que canta para os pequeninos, o professor também utiliza outros materiais, como tecidos coloridos, instrumentos de percussão e pequenos fantoches. “Ofereço o estímulo musical sempre respeitando o tempo de cada criança. Isso leva à exploração e ao desenvolvimento sensório-motor”, completou Pedro.

Para a professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e doutora na área da psicologia da educação, Fabiana Rabello Mariano, a musicalidade é composta por um potencial que está muito aflorado na primeira infância. “Tenho estudado as relações entre música e interações interpessoais com crianças de berçário e pude observar que a música favorece o estabelecimento, sobretudo, dos vínculos afetivos. Muitas pesquisas nesta área mostram esta relação. Também tenho visto a contribuição da atividade musical para a manutenção da atenção por períodos mais longos e com isso sua influência no desenvolvimento da concentração”, concluiu.

A especialista ainda afirma que a experiência musical deve ser iniciada o mais cedo possível e de forma natural, primeiramente pela família, e nas creches e escolas de educação infantil. “O estímulo vocal, cantar para a criança, é o mais adequado. Também é preciso caprichar na afinação, porque este referencial é absorvido muito rápido pelos pequeninos”, finalizou.

Saiba mais: www.amic.org.br