Cerca de 300 crianças e adolescentes de OSCs visitam museu da Unicamp até o dia 28 de setembro

(Por Ingrid Vogl)

A 9ª Semana da Educação de Campinas teve início com um convite ao público para instigar e explorar o pensamento crítico. O Museu Exploratório de Ciências abriu suas portas no sábado, dia 22 de setembro, com a palestra do reitor Marcelo Knobel sobre Inovação na Educação e o lançamento de oficinas que são uma verdadeira viagem pelos sentidos. Até o dia 28 de setembro, cerca de 300 crianças e adolescentes de oito Organizações da Sociedade Civil (OSCs) de Campinas visitarão o Museu e terão a oportunidade de explorar os cinco sentidos do corpo humano: audição, olfato, tato, visão e paladar.

A visitação foi possível graças à parceria firmada entre o Museu e a Fundação FEAC, que promove a Semana da Educação. Já durante o sábado, muitas crianças, famílias e grupos de amigos participaram das oficinas, que têm como objetivo motivar o pensamento crítico, autônomo e criativo por meio da ciência. O dia foi ainda marcado por sessões no planetário e a programação encerrada com a contemplação do pôr do sol.  

Segundo André Santanchè, diretor do Museu, o intuito é que o participante das oficinas faça uma verdadeira viagem pelo corpo humano por meio dos sentidos. Interativas, cada uma das oficinas desperta sentimentos, memórias e conhecimentos de maneira lúdica, criativa e empolgante.

Kátia Bernardes esteve com a filha Manuela Bernardes Santuci e sua amiga Ana Clara Ferraz participando das oficinas. Além da experiência divertida, elas levaram conhecimentos científicos para casa. “As oficinas são muito legais. Aprendemos, por exemplo, que cada animal enxerga de uma maneira diferente, dependendo da quantidade de receptores que se tem”, disse Manuela. A mãe também levou seu ensinamento sobre a experiência. “Todos os nossos sentidos estão conectados com nosso cérebro”, concluiu.

Sentindo a ciência

As cinco oficinas foram especialmente planejadas por alunos de licenciatura do curso de Biologia para serem lançadas durante a Semana da Educação. Durante todo o dia, os estudantes pesquisadores tiveram uma interação imediata com os grupos de visitantes e se jogaram nas atividades.

“Essa experiência com a FEAC é muito rica, porque estamos recebendo um público que muitas vezes tem dificuldade de chegar aqui. Nosso desafio é fazer com que as crianças entendam e aprendam sobre ciências. Nosso propósito é que se entenda ciências como forma de ter um pensamento autônomo, crítico e criativo sobre o mundo. Nosso sonho é que as pessoas conheçam, explorem e visitem o Museu 24h por dia”, desejou André.

Para os alunos de biologia que prepararam e planejaram as oficinas, a experiência também é de aprendizagem. Ao todo, cerca de 20 alunos trabalharam juntos para criar as vivências sensoriais e investigativas que as oficinas proporcionam ao visitante.

“Nosso intuito é fazer com que os visitantes estimulem, explorem e tenham mais conhecimentos sobre os próprios sentidos. O objetivo das oficinas é mostrar que os sentidos são interligados e que cada pessoa experencia o mundo de uma maneira diferente”, explicou Vinícius Ferracini.

Para Ana Carolina Oliveira, o contato com outros públicos que não só o acadêmico é importante e necessário. “Essa vivência no Museu mostra que a educação pode acontecer em muitos lugares, e não só na sala de aula. Além disso, nos possibilita ter relações interpessoais com outros públicos”, afirmou a aluna de biologia, que junto com seu grupo, desenvolve um trabalho no Museu Exploratório de Ciências pela primeira vez.

Segundo André, serão feitas avaliações das oficinas após o término da Semana da Educação, para que aprimoramentos sejam feitos e assim melhorar as experiências desenvolvidas.

Desafios e inovação

Para abrir as atividades que aconteceram no Museu, Paulo Tilkian, presidente da Diretoria Executiva da FEAC, deu boas-vindas aos presentes e ressaltou a importante parceria estabelecida entre a Fundação e a Unicamp. O reitor falou sobre os desafios e a necessidade da inovação na educação.

Knobel chamou a atenção para a lentidão com que as mudanças na educação acontecem e as dificuldades que os educadores têm para que as transformações aconteçam. “O mundo está mudando e não estamos dando conta de, por exemplo, explorar as muitas possibilidades que a mídia tem em relação à educação. São poucos os comportamentos de mudanças que temos atualmente, mas é importante que eles sejam valorizados e incentivados”, disse.

Para mostrar o péssimo desempenho do Brasil em relação a avaliações internacionais relacionadas à educação, Knobel trouxe alguns dados do PISA (Programme for International Student Assessment – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) que avalia o aprendizado de alunos matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental na faixa etária dos 15 anos. Segundo ele, 40% dos jovens brasileiros avaliados tiram zero na prova de matemática e somente 0,8% tiram nota 5 ou 6 (as mais altas da escala do PISA).

Isso acaba impactando nas fases seguintes de ensino, principalmente no superior. “Alguns defendem o aumento de vagas no ensino superior, mas isso não adianta se a educação básica no Brasil não melhorar. Para o país avançar é preciso que haja investimento nesta fase da educação que vai até o ensino médio”, defendeu.

O reitor também levantou reflexões sobre a formação acadêmica atual. De acordo com ele, somente 17 dos jovens brasileiros cursam o ensino superior, dos quais 75% estão em universidades privadas. Desses 75%, 50% dos universitários estão em instituições privadas com fins lucrativos. Por outro lado, o ensino superior à distância é o que mais cresce no país, com cerca de 1,5 milhões de alunos e que, em muitos casos, tem qualidade duvidosa.

A falta de conhecimentos gerais na formação dos alunos do ensino superior também foi outro questionamento levantado pelo reitor, assim como o sistema rígido para os alunos que saem do ensino médio e querem ingressar no ensino superior. “As universidades deveriam ser mais flexíveis e a mobilidade entre cursos deveria existir”, afirmou. Segundo Knobel, atualmente a Unicamp investiga os casos de desistências para compreender e tentar diminuí-los. Outra inovação da Unicamp é a gravação das aulas que ajudam a compartilhar conhecimentos pela internet.

“Apesar dos desafios na educação, também temos pessoas interessadas em mudar esse quadro atual. Debater e refletir sobre isso é importante, mas é prioritário que a gente atue para melhorar esse quadro atual”, finalizou Knobel.

Semana da Educação

Com 26 atividades gratuitas entre palestras, oficinas, exposições, mesas redondas, apresentações culturais e outras, a 9ª Semana da Educação de Campinas acontece até o dia 29 de setembro em vários pontos da cidade. O tema da edição 2018 do calendário de eventos é “Conectar educação, superar desafios”, pensando nas múltiplas conexões que a educação faz com áreas como economia, saúde, segurança e cidadania, contribuindo para a transformação de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

A Semana da Educação é um projeto do Programa Educação da Fundação FEAC. A iniciativa pretende mobilizar a sociedade para o debate sobre os diversos temas da educação energizá-la em prol de uma educação pública cada vez melhor.

A edição 2018 da Semana da Educação tem patrocínios da Fundação Educar DPaschoal e Iguatemi Campinas.

Confira a programação completa da Semana da Educação: https://www.feac.org.br/semanaeducacao2018/

Saiba mais sobre o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp: http://www.mc.unicamp.br/