(Por Laura Gonçalves Sucena)

Um trabalho em rede promovido pelo Crami, com a participação do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS –  Florence), propiciou uma manhã de esporte e diversão para mais de 100 crianças da região noroeste de Campinas/SP.  O primeiro ‘Aulão de Jiu-Jitsu Social’ reuniu ainda os participantes das oficinas esportivas promovidas pelo Cecompi (Centro Comunitário da Criança Parque Itajaí I e Região) e Fundação Gerações – entidades parceiras da Fundação FEAC – com a proposta de possibilitar às famílias um local de convivência e pertencimento do território.

Para o educador social do Crami, Alexandre Alves, a atividade abre um espaço de diálogo como ferramenta socioeducativa e troca criativa. “Crianças, adolescentes e suas famílias trazem para dentro do tatame expressões do cotidiano, aprendem e se divertem, além da prática esportiva”, explicou.

De acordo com Alexandre, a região Noroeste é carente de atividades voltadas às famílias e precisa fortalecer suas ações.  “Este é um território com poucos recursos de lazer e esporte e essa ação visa justamente suprir essa necessidade para que os moradores se sintam pertencentes aos seus bairros”, ponderou.

Refletir sobre ações relativas ao território e executar ações coletivas contribui para a qualificação dos espaços sociais. “O trabalho em rede se traduz por meio de conexões entre todos os serviços, para que, de forma complementar e continuada, possa atender às demandas dos indivíduos, famílias e comunidade. Para potencializar esta articulação são utilizadas diversas estratégias e essa aula é uma delas”, falou a coordenadora do CRAS, Marlene Felipe Celiberto.

Com a atividade, as instituições também acabam mostrando à comunidade como é importante se identificar com o território. “É preciso oferecer atrativos para que, desta forma, os moradores construam uma identidade com seus bairros. É isso que o Crami quer fazer e estamos nos articulando com o trabalho em rede”, completou o também educador social do Crami, Paulo Silva.

A educadora social do Cecompi, Joseli Modesto também acredita no trabalho em rede. “Queremos intensificar isso porque juntos podemos fazer mais para que a população se sinta pertencente ao território em que vive. Além disso, é importante para o desenvolvimento social que nossas crianças compartilhem conhecimento, troquem informações e convivam em seus espaços”, resumiu.

Para a dona de casa Marli Lourenço, as pessoas querem ficar em seus bairros e atividades desse tipo são um incentivo a mais. “Minha filha pratica Jiu-Jitsu há um ano e gosta muito. Melhorou em vários aspectos, tanto na vida escolar quanto em casa. Agora, o melhor é ter aulas esportivas no nosso bairro porque acaba ficando muito caro levar as crianças para a Lagoa do Taquaral para praticar alguma atividade. Isso é um ganho imenso para nossa comunidade”, falou a mãe da pequena Emily, de 11 anos.

Esporte e cidadania

Trabalhar a socialização, a disciplina, a construção de valores e fortalecimento de vínculos são algumas das metas das aulas de Jiu-Jitsu oferecidas pelo trio de instituições que estiveram envolvidas no ‘aulão’.

Incentivar de maneira saudável as crianças ao esporte traz imensos benefícios para os pequenos. Além dos aspectos fisiológicos e motores, o esporte tem a competência de ensinar a criança a lidar e se relacionar com companheiros e adversários, desenvolver valores de cooperação e respeito às diferenças, aprender a conviver com conquistas e frustrações, conhecendo seus limites e suas potencialidades.

Segundo o assessor social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC, Alann Scheffer, o esporte contribui de maneira efetiva em várias questões no desenvolvimento pessoal, familiar e comunitário. “É a partir dessas ações que se evidenciam as necessidades de espaços e atividades de esporte e lazer nos territórios”, comentou.

O professor Caio Barbante garante que o esporte tem como principal objetivo a inclusão social. “Aqui somos todos iguais, não há diferenciação. Queremos oferecer o esporte e dar a eles a oportunidade de aprenderem uma prática um pouco elitizada. O Jiu-Jitsu também revela muitos talentos e esperamos que essa experiência possa ser levada para a vida dessas crianças e, quem sabe, influenciá-las a se tornarem competidores ou professores. Mas o mais importante é a socialização”, ressaltou.

“O professor não tem como objetivo formar campeões e sim formar pessoas vitoriosas na vida. Em toda aula e atividade há sempre uma relação muito próxima com a realidade do dia-a-dia, preparando as crianças para o futuro com responsabilidade e segurança”, completou.

Outro ponto trabalhado no Jiu-Jitsu são valores. “As crianças acabam aprendendo a hierarquia, a respeitar o próximo, percebem seus limites. Aprendem também a ter competitividade, mas sem rivalidade e isso é um aprendizado para a vida. É o espore individual mais coletivo que existe”, ressaltou o instrutor Patrick Chaplin.

Victor Ribeiro, 12 anos, começou a fazer Jiu-Jitsu e sonha em ser um campeão. “Gosto muito e já participo de campeonatos. Ganhei medalha de bronze. Quero melhorar e ir para as Olimpíadas, é meu sonho. Adoro as aulas!”, falou.

Moradora do Jardim Satélite Iris, a tia do menino, Cristine Leite Ribeiro, também pratica o esporte. “É muito bom porque aprendemos defesa pessoal e praticamos o esporte. Nas crianças notamos mais dedicação, responsabilidade e respeito ao próximo.  Além disso, o professor cobra das crianças bom comportamento e disciplina tanto na atividade quanto na escola”.

A pequena Emily Lourenço, de 11 anos, também é fã do esporte. “Acho que o Jiu-Jitsu me ajuda em tudo. Agora presto mais atenção nas aulas e também aprendi que não posso brigar. No meu bairro, o Jardim Santa Rosa, não tem muita coisa para fazer, então é bem legal que tem o Jiu”, falou.

 

Saiba mais:
www.cramicampinas.org.br
www.cecompi.org.br
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