Ter um negócio próprio era o sonho do confeiteiro Leandro Augusto Alves Januário de Oliveira e de sua esposa, Laleska Caroline de Oliveira. Há três anos, juntaram as economias e abriram um trailer de doces em Campinas. Ele fazia bolos de pote, tortas e pavês, entre outras receitas. Ela cuidava das vendas enquanto seu marido trabalhava em uma padaria. Mas a pandemia mudou tudo.
O sonho do empreendimento ainda estava na fase inicial, e o trailer foi fechado. O casal continuou fazendo encomendas em casa. Nesse período, Laleska decidiu que precisava aprimorar seus conhecimentos de gestão para tornar seu negócio mais eficiente quando reabrisse. “A gente vinha patinando por questões financeiras, por não saber administrar muito bem. Não adianta ter um produto bom e não saber gerir.”
Foi por isso que ela decidiu participar, em 2020, da primeira edição do Tempo de Empreender, projeto da Fundação FEAC criado para oferecer curso de empreendedorismo gratuito e online com o objetivo de qualificar microempreendedores em situação de vulnerabilidade social.
A reabertura do trailer, em novembro, permitiu que ela aplicasse os novos conhecimentos. “Eu comecei a usar bastante as técnicas financeiras que eles ensinaram. Aprendi a priorizar na hora das compras. Isso aqui é dispensável? A gente vai usar agora? Se não vai, não precisa comprar”, exemplifica.
A alegria pela retomada do negócio, agora com mais preparo, durou pouco. Assim como milhares de outras famílias brasileiras, a de Laleska também foi tocada pela tragédia. Há três meses, Leandro, seu marido, foi uma das vítimas fatais do coronavírus.
Semente para um recomeço
Aos 27 anos, Laleska vivencia o luto enquanto cuida dos dois filhos – Kayslla, 9 anos, e Heitor, 3 – e busca retomar a sua vida. Ela já sentiu que o processo não é linear: durante uma semana em que estava melhor, decidiu voltar com o trailer. “Eu achei que já conseguia. Eu abri por cinco dias porque esse era um sonho dele e fechei. Quando estou lá, são muitas sensações que passam pela cabeça. Mas eu pretendo reabrir ainda esse ano, eu tenho dois filhos e preciso.”
Em julho, Laleska descobriu que poderá contar com uma ajuda fundamental para retomar o trailer. Ela foi uma das mulheres selecionadas para uma nova fase do Tempo de Empreender, e irá receber um capital semente de até R$ 2000 para colocar em prática um plano de negócio.
Laleska aceita encomenda de diversos tipos de doces
O Tempo de Empreender já capacitou mais de 500 microempreendedores desde o seu início, em agosto do ano passado. Agora, na segunda edição, o acesso ao capital semente é uma novidade: 32 mulheres que já participaram das capacitações vão receber o benefício para investir em seus negócios.
Para terem acesso ao recurso, as mulheres – que representam 80% do público do Tempo de Empreender – elaboraram um plano de negócio simplificado. Laleska contou com o apoio da MAE Maria Rosa, organização executora do projeto, em todas as etapas.
Laleska planeja usar parte dos recursos para comprar os insumos necessários para reiniciar as atividades do trailer, como ingredientes e gás. Outra parte será usada em um curso de confeitaria, para que ela possa aprimorar suas técnicas gastronômicas.
Retomando sonhos
“Nos primeiros dias, depois que recebi a notícia, fiquei muito abalada e preocupada. Será que vou dar conta de reabrir o trailer? Será que vou conseguir fazer funcionar sozinha?”, relata.
Agora, Laleska não tem mais dúvidas de que seu plano principal é empreender e fazer o trailer acontecer. “Eu estou com muita motivação para fazer dar certo. Hoje eu já consigo ver que sou a dona do negócio, são minhas as decisões sobre ele”, diz.
A empreendedora já até sonha em expandir os horizontes. “Mais para frente, quero abrir uma cafeteria. Mas, para isso, primeiro o trailer tem que funcionar e andar sozinho”, planeja.
Enquanto o trailer não volta à ativa, Laleska trabalha de casa e aceita encomenda dos mais variados doces. Confira a página dela no Instagram.
Por Laíza Castanhari