Rayane Silva Colmenero entrou no serviço de acolhimento de Campinas quando tinha 12 anos, mas, aos 16, descobriu que teria de sair do abrigo quando completasse 18 anos, idade limite para se estar nesse tipo de instituição. Sem um acompanhamento individualizado, ela passou os últimos seis anos de sua vida sem desenvolver habilidades básicas para a vida adulta, como lidar com dinheiro ou mesmo se locomover sozinha pela cidade em que vive. O Projeto Trilhar foi criado justamente para apoiar jovens em acolhimento a desenvolverem sua autonomia para o momento em que precisam sair do abrigo.

“Pensamos na proposta do Trilhar a partir do número de adolescentes que completariam a maioridade no acolhimento, das dificuldades de alguns serviços em se dedicarem a planejamentos individualizados com cada adolescentes, e da insuficiência de portas de saída para esses jovens”, explica Ana Lídia Puccini, líder do Programa Acolhimento Afetivo, da Fundação FEAC.

Acostumados a uma vida institucionalizada, os jovens precisam de suporte técnico e emocional para desenvolverem um projeto de vida, visando a sua independência. Para essa preparação, o projeto conta com uma equipe e com mentores voluntários, que são uma referência afetiva para esses adolescentes.

Cimena Ferraz Passes, historiadora e administradora de empresas, é mentora de Rayane desde 2019, e ressalta que ensina, mas também aprende muito com a jovem. “O projeto reforça a ideia de que se tem ajuda para trilhar um caminho as coisas podem ser diferentes. É muito gratificante participar, saber que um gesto muda a história de uma vida, quebrando ciclos de pobreza, de violência”, diz Cimena.

O projeto

O Trilhar foi criado em 2018, e é executado em parceria pela Fundação FEAC e pela Associação de Educação do Homem de Amanhã (AEDHA), conhecida como Guardinha. A inspiração veio do Grupo Nós, do Instituto Fazendo História, criado em 2011, que também busca facilitar o processo de transição de jovens em acolhimento para a vida adulta e autônoma.

O projeto já acompanhou 36 jovens entre 15 e 18 anos desde sua criação, e se desdobra em quatro eixos temáticos, desenvolvidos pela equipe do projeto e nos contatos presenciais e via Whatsapp ou telefone com os mentores: moradia, trabalho, uso consciente do dinheiro e cidadania, que inclui a autonomia para circular na cidade.

Os jovens e os mentores fazem encontros semanais para discutir questões ligadas aos temas principais, mas, como explica Cimena, às vezes, as circunstâncias pedem mudanças na conversa. “A gente se programa para discutir algo relacionado a moradia, mas o jovem encontrou o pai e quer conversar sobre isso. Tem de estar aberta para o que ele traz.”

Além da equipe do projeto e dos mentores, o Trilhar também está sempre à procura de voluntários possam dar outros tipos de auxílios aos jovens, como atendimentos psicoterapêuticos, ajuda para ampliação de repertório cultural e social, apoio à moradia, oferta de cursos e estágios, e colocação no mercado de trabalho.

Sobre a Fundação FEAC

A Fundação FEAC é uma organização independente que atua em Campinas (SP) com o objetivo de contribuir para criação de uma sociedade mais justa, sustentável e com igualdade de oportunidades. Para isso, investe em ações de educação, assistência social e promoção humana com foco nas regiões e nas populações mais vulneráveis, especialmente crianças e jovens, e no impulsionamento de organizações da sociedade civil, empresas e pessoas para as causas sociais.

Mais informações

Fundação FEAC

Camila Mazin – Analista de Comunicação

(19) 3794-3523, (19) 99934-2578