Educação integral e integrada. Esse é o tema da 13ª Semana da Educação em Campinas, que será realizada entre os dias 23 e 27 de outubro. O evento tem como objetivo suscitar debates e reflexões sobre a educação no município, colocando-a como pauta prioritária e buscando a superação de desafios na área.

“A educação é um tema fundamental quando pensamos o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, principalmente no que diz respeito às populações vulneráveis. Toda comunidade deve estar implicada na discussão sobre essa temática, porque ela afeta a todos nós diariamente”, enfatiza Talita Troleze, especialista em educação pela Fundação FEAC, que é uma das organizações realizadoras do evento.

Para Cláudia Chebabi, consultora especialista em gestão de projetos sociais do Movimento Educação Sempre, de Campinas (saiba mais sobre o Movimento no quadro abaixo), é essencial entender a educação como um eixo fundante para a superação das desigualdades. “Quanto maior o nível de escolaridade da população em uma cidade, menor o índice de violência. Os indicadores de saúde também melhoram, porque as pessoas são capazes de fazer escolhas mais assertivas para suas vidas. Melhora toda a sociedade”, diz. 

Além de trazer luz ao tema e chamar a atenção para a necessidade de se investir em educação, a Semana, segundo Cláudia, também se propõe a inspirar os participantes, atualizando suas concepções e aguçando o desejo para alguns dos assuntos que serão abordados e fazem parte do cotidiano dos profissionais.

A educação é uma construção coletiva

Organizada coletivamente, a Semana da Educação faz parte do Movimento Educação Sempre e conta com o apoio do Instituto CPFL, PUC-Campinas, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Lindoya Verão, Livraria Candeeiro, Instituto EP e Programa Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Paica). A Fundação FEAC, Fundação Educar DPaschoal, Iguatemi Campinas, Matera e Venturus são os patrocinadores do evento.

Atualmente, a FEAC compõe todo o núcleo de articulação do Movimento e da Semana, participando de todos os grupos de trabalho (GT) e da organização do evento. Além de investir na iniciativa, a intenção neste ano foi aproximar os públicos que são atendidos pela Fundação nas discussões que serão trazidas pelos palestrantes.

“O trabalho em parceria com a Fundação Educar e com as redes estadual e municipal de educação têm sido de fundamental importância para buscarmos estratégias e ações em rede que possam contribuir com todo o sistema de educação pública de Campinas”, revela Talita, da Fundação FEAC. Segundo ela, todo o trabalho é feito nessa perspectiva colaborativa, desde a indicação dos palestrantes até a mobilização em rede para buscar parcerias que possibilitem a execução da Semana.

Para a FEAC, é um momento importante e uma oportunidade para a criação de uma rede estratégica para qualificar a educação pública no município. Talita destaca que ela também é fundamental para ampliar a participação social de estudantes e familiares, aproximando-os cada vez mais do Movimento.

Por que educação integral e integrada?

“É uma provocação que a gente faz: educação integral não é ensino de tempo integral”, explica Talita. O conceito propõe que a educação contribui para o desenvolvimento integral das pessoas, sejam elas estudantes ou professores, impactando em questões não apenas cognitivas, como emocionais e sociais, por exemplo. “Esse sujeito se desenvolve integralmente e, por isso, precisa ser olhado integralmente também”, destaca Cláudia, do Movimento.

O conceito de educação integrada parte da ideia de que a escola não é um ponto isolado nesse processo. “A escola está numa rede de atendimento. Nós precisamos olhar para ela como sendo parte do sistema de garantia de direitos, olhando para sua integralidade”, diz a especialista.

Dividida em quatro subtemas, a Semana trabalha o assunto em diferentes perspectivas: cultura e linguagem, brincar e o desemparedamento na educação infantil, inclusão sistêmica de todos no ambiente escolar e o ambiente escolar enquanto espaço de acolhimento.

O primeiro subtema foi pensado para abordar como a cultura e a linguagem representam aspectos centrais para a aprendizagem, uma vez que as pessoas crescem cercadas de símbolos próprios de uma cultura e partir daí constroem os significados e sua própria identidade, principalmente quando a gente pensa nesse desenvolvimento integral. Enquanto o segundo tem como objetivo valorizar a infância e como as experiências cotidianas e ao ar livre podem interferir positivamente no crescimento saudável dessas crianças.

Já a inclusão busca fortalecer o pertencimento de todas as pessoas em diferentes espaços. “Muitas vezes, a cidade e as próprias construções são pensadas para um adulto”, reforça Cláudia. Ela dá o exemplo de que isso só não acontece, quando você está em uma sala de educação infantil, que tem crianças pequenas e o mobiliário é adaptado de acordo com o tamanho delas. No entanto, em termos de estrutura, os espaços não são pensados para crianças, ou ainda, para pessoas com deficiências. O acolhimento vai na mesma linha de raciocínio, considerando que o ambiente escolar precisa favorecer relações humanas saudáveis, seja entre os estudantes, professores e comunidade escolar, de tal forma que todas as pessoas se sintam parte daquele espaço.

Segundo Cristiane Stefanelli, gerente geral da Fundação Educar, temos avançado cada vez mais em uma construção com compromissos coletivos, que abordam temáticas sensíveis a toda a sociedade. “A Semana levanta questões, desafios e debates vivenciados na escola pelos estudantes e profissionais, e traz a oportunidade de escutar especialistas com abordagens diversas e refletir sobre nossas práticas.”, diz. 

Formato do evento possibilita o diálogo e a troca de experiências

Diferentemente da maneira como normalmente esses eventos ocorrem, a ideia é que a 13ª edição da Semana de Educação seja pautada pelo diálogo entre os palestrantes e o público. “Queremos que eles saiam deste lugar de apenas trazer um conteúdo, para um lugar onde, além de levar informações, também ouçam os participantes sobre o que eles estão vivenciando na prática”, explica Cláudia. Essa participação ativa e protagonismo constante são prioridades.

Para a consultora, neste ano os mediadores das palestras têm um papel bastante desafiador, de estar sempre chamando o público para a discussão. Por isso, os encontros foram organizados de forma que, se os profissionais vão conversar por uma hora, o público vai ter exatamente o mesmo tempo para fazer perguntas e debater a respeito.

E toda a programação foi pensada para ser conduzida dessa forma. Só será um debate se todos puderem se fazer presentes, por meio de experiências, falas, e trocas de conhecimento. “Queremos que esses profissionais voltem para seu campo de estudo pensando em tudo o que foi trazido pelo público, sobre as necessidades abordadas”, finaliza Cláudia.

Confira a programação completa

Foto: Divulgação

EDUCAÇÃO, MEMÓRIAS E AFETOS

Data: 23/10/2023

Horário: 19h às 21h

Local: Instituto CPFL Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 Chácara Primavera, Campinas

Palestrantes confirmados:

José Alves de Freitas Neto, professor livre docente do Departamento de História da Unicamp.

Ilan Brenman, Mestre e Doutor em Educação, escritor de livros infantis.

Com mediação da jornalista Edlaine Garcia.

Inscrições: https://www.sympla.com.br/evento/educacao-memorias-e-afetos/2183503

PRIMEIRA INFÂNCIA: DIÁLOGOS SOBRE TERRITÓRIOS EDUCADORES

Data: 24/10/2023

Horário: 8h às 12h

Local: Centro de Convenções R: Antônio Nunes dos Santos, 121 Chácara do Vovô Campinas/SP

Palestrantes confirmados:

Gandhy Piorski, artista plástico, teólogo e mestre em Ciências da Religião e pesquisador das práticas da criança.

Úrsula Trancoso, arquiteta e urbanista focada em cidades, infância e educação.

Silvana Ortiz, professora coordenadora de Educação Ambiental da Rede Municipal de Campinas.

Com mediação de Sandro Tonso, arquiteto e Doutor em Ciências, professor pleno da Faculdade de Tecnologia da Unicamp.

INFÂNCIAS: CAMINHOS E POSSIBILIDADES PARA LER O MUNDO

Data: 25/10/2023

Horário: 8h às 12h (convocação das 7h às 13h)

Local: Centro de Convenções R: Antônio Nunes dos Santos, 121 Chácara do Vovô Campinas/SP

Palestrantes confirmados:

Patrícia Meira, leitora de histórias e livreira da livraria Candeeiro.

Juliana Doretto, Doutora em Ciências da Comunicação, professora e pesquisadora da PUC-Campinas. 

Carlos Miguel Ribeiro, Mestre e Doutor em Educação Matemática e professor da Unicamp.

Susy Ferraz, coordenadora técnica do Paica – Programa de Atenção Integral à Criança e Adolescente.

Com mediação de Sara Marina Cabral, pedagoga, pós-graduada em Educação Superior, coordena a EaD da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

ADOLESCÊNCIAS: A ESCOLA COMO ESPAÇO DE PERTENCIMENTO

Data: 26/10/2023

Horário: 8h às 12h (convocação das 7h às 13h)

Local: Centro de Convenções R: Antônio Nunes dos Santos, 121 Chácara do Vovô Campinas/SP

Palestrantes confirmados:

Carlos Miguel Ribeiro, Mestre e Doutor em Educação Matemática e professor da Unicamp.

Susy Ferraz, coordenadora técnica do Paica – Programa de Atenção Integral à Criança e Adolescente.

Flávia Vivaldi, Doutora em Educação, Mestre em Psicologia Educacional, pesquisadora em ética, professora e investigadora em moralidade.

Com mediação de Camila Brasil, Doutora em Educação e Pró-Reitora de Inovação da PUC-Campinas.

ESTUDANTES PROTAGONISTAS: FALA JOVEM E SEMEANDO ATITUDES

Data: 27/10/2023

Horário: 8h às 11h e das 13h às 16h

Local: Centro de Convenções R: Antônio Nunes dos Santos, 121 Chácara do Vovô Campinas/SP

Palestrantes confirmados:

Wesla Monteiro, conselheira deliberativa do Mapa Educação, coordenadora executiva do Juventudes do Agora e conselheira nacional da juventude.

O que é o Movimento Educação Sempre?

O Movimento Educação Sempre foi lançado no dia 18 de outubro de 2022, durante a 12ª edição da Semana de Educação de Campinas, com o objetivo de envolver todos os setores da sociedade na discussão sobre a importância da educação como política pública.

“O Movimento Educação Sempre debate ações emergenciais e estruturadas de forma contínua para o avanço da educação de Campinas”, explica Cristiane Stefanelli, gerente geral da Fundação Educar.

Dividido em três eixos, o Movimento tem como foco a alfabetização e letramento como direito da criança; metodologias participativas nas práticas docentes e tecnologias digitais na escola; a cultura da leitura.

Atualmente, a iniciativa conta com as parcerias da Fundação FEAC, Fundação Educar DPaschoal, Secretaria Municipal de Educação e as Diretorias de Ensino leste e oeste de Campinas.

A FEAC é uma das realizadoras do Movimento Educação Sempre. “Nossa participação se dá por meio de apoio institucional, participação em todos os grupos de trabalho e no grupo de articulação intersetorial”, diz Talita Troleze, especialista em educação pela Fundação FEAC. De acordo com ela, o trabalho em parceria com a Fundação Educar e com as redes estadual e municipal têm sido de fundamental importância para a busca de estratégias e ações em rede que possam contribuir com todo o sistema de educação pública de Campinas.

A especialista revela ainda que a expectativa para os próximos anos é que o Movimento possa desenhar ações que sejam cada vez mais abrangentes e geradoras de impacto social para a cidade.

 

Por Bárbara Vetos