Ingrid Vogl

José Renato Nalini assumiu a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo no fim de janeiro de 2016 com vários desafios educacionais, que pretende enfrentar com diálogo e transparência. Em entrevista concedida ao Compromisso Campinas pela Educação, ele fala sobre a importância da valorização da escola pública e seu plano de empoderar os alunos por meio dos grêmios estudantis, além de aproximar os pais da escola. O secretário ainda ressalta a relevância da construção da Base Nacional Comum Curricular e a necessidade de alinhamento dos Planos Nacional e Estadual de Educação.

CCE- Quais são os principais desafios a serem enfrentados na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e como sua experiência no Tribunal de Justiça contribui para esta Pasta?

Nalini- Ano difícil, com indefinição política a complicar a economia. Precisamos resgatar a autoestima da rede pública. Mostrar que a educação é tão importante, que precisa continuar com qualidade crescente, a despeito das adversidades transitórias. O Brasil é maior do que a crise e chegará o dia em que poderemos retribuir aos devotados mestres de forma compatível com o seu imenso valor. Quanto à minha experiência no Tribunal de Justiça, diria simplesmente que “Educação é uma questão de Justiça”. Aliás, estou escrevendo um livro a respeito, para evidenciar que ‘Justiça & Educação’ constituem temas de vinculação indissolúvel.

CCE- Quais são os pilares nos quais sua gestão é embasada?

Nalini- Franqueza, transparência, verdade. Diálogo e capacidade para ouvir e entender. Luta contínua pela valorização do professor e do aluno.

CCE- Quais as primeiras ações que estão sendo realizadas em sua gestão?

Nalini- Conclamação ao alunado, razão de ser da rede pública na educação. Eleições para os grêmios estudantis, que serão prestigiados como voz autorizada na gestão democrática da escola. Flexibilização no uso do celular, tablet e outros aparelhos, convite aos pais para que participem mais da vida escolar, chamada à sociedade para lembrar que a educação é direito de todos, mas dever do Estado, da família e a ser propiciado com a colaboração da sociedade.

CCE- A reorganização escolar foi o assunto mais polêmico que permeou a Secretaria da Educação no ano passado. Como o senhor está liderando esse processo em 2016?

Nalini- Vamos conversar com todos os interessados: alunos, professores, pais, servidores, comunidade, sociedade. Nada se fará sem consenso.

CCE- Quais são suas expectativas em relação à implementação do Plano Estadual de Educação (PEE), levando em consideração que ele ainda não foi promulgado?

Nalini- Um Plano Estadual de Educação não pode se afastar demais de um Plano Nacional de Educação. Ele está em vias de vir a ser aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo. Importante, também, é a Base Nacional Comum Curricular, sobre a qual estamos todos trabalhando para oferecer subsídios ao MEC e aperfeiçoar a proposta inicial. 2016 é um ano muito promissor para a educação brasileira. Há uma consciência nacional de que a educação é o assunto mais sério, a única chave para transformar realmente o Brasil na Nação com a qual sonhamos.