O panorama da educação básica em Campinas e a análise do atendimento da educação infantil no município foram apresentados durante a 7ª Semana da Educação de Campinas e trouxeram diversos dados oficiais que podem ser analisados e consultados no portal do Compromisso Campinas pela Educação (CCE).
Fábio Bravin, coordenador de Controle de Qualidade da Tecnologia da Informação da Diretoria de Estatísticas Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e Daniel Capistrano, pesquisador do mesmo Instituto ligado ao Ministério da Educação, apresentaram dados a partir de indicadores do censo e de avaliações oficiais como a Prova Brasil. “A ideia foi apresentar os dados na perspectiva do Plano Municipal de Educação (PME) e provocar uma discussão sobre de que forma esses números podem contribuir para o desenvolvimento do Plano e seu acompanhamento pela sociedade”, afirmou Fábio Bravin.
Entre os dados apresentados pelos representantes do INEP, os que chamam mais a atenção são os que refletem as características de uma cidade rica, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB) mais elevados que o restante do país, e que, consequentemente, resultam em percentuais educacionais mais elevados do que a média do estado de São Paulo e do Brasil, e ficam entre os melhores desempenhos do país, no que se refere, por exemplo, a professores com ensino superior e mais qualificados em sala de aula.
Números
Segundo os dados do INEP, Campinas possui 84,6% de professores com ensino superior completo na educação infantil; 85,6% nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano); 94,3% nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e 94,2% no ensino médio. A média brasileira é de 63,8% docentes com ensino superior na educação infantil; 74,6% nos anos iniciais; 85,4% nos anos finais e 93,1% no ensino médio.
De maneira mais específica, segundo o Indicador de Adequação Formação Docente (AFD) estipulado pelo INEP, Campinas possui uma média de 68,4% de docentes com formação superior de licenciatura na mesma disciplina que lecionam, ou bacharelado na mesma disciplina com curso de complementação pedagógica concluído. A média nacional é de 52,4%.
Apesar dos números de Campinas mostrarem avanços e destaques em determinados aspectos, em outros, os desafios se assemelham à média brasileira. “Alguns indicadores chegam a estar aquém do restante do país, como por exemplo, as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) que não foram cumpridas. Este conjunto de indicadores tem grande potencial e pretende instigar a reflexão sobre a busca de soluções para que a educação em Campinas possa ser aprimorada”, disse Daniel Capistrano.
Educação infantil
O Observatório da Educação do CCE, por meio dos membros de seu Comitê Deliberativo, Stella Silva Telles, pesquisadora docente do Núcleo de Estudos e Políticas Públicas (NEPP) da Unicamp e Francisco José Carbonari, secretário adjunto da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, presidente da Câmara de Educação Superior e membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, apresentou o estudo “Perspectiva para atendimento da Meta 1 do Plano Municipal de Educação de Campinas” na manhã do dia 27 de outubro.
“Trabalhamos com dados oficiais do censo escolar e demográfico para mostrar nos últimos oito anos como as vagas da educação infantil foram expandidas no município de Campinas, a partir de dados de cobertura, tipos de atendimento, o quanto as creches conveniadas contribuíram para a expansão de vagas, além das projeções populacionais e o quanto falta para o município atingir a Meta 1 do PME, inclusive levando-se em conta os investimentos necessários para isto. O estudo é um diagnóstico e mostra a evolução recente da educação infantil no município”, explicou Stella Silva Telles.
Na avaliação da pesquisadora, Campinas teve uma boa evolução na criação de vagas na educação infantil e a cobertura vem crescendo, principalmente devido às parcerias que a Secretaria Municipal tem feito.
“O estudo traz um retrato atual da educação infantil em Campinas, as projeções possíveis e o que se pode fazer para se chegar ao objetivo de universalizar o atendimento da educação infantil no município”, definiu Francisco Carbonari, que foi o responsável pela apresentação dos dados.
Segundo dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE); Censo Escolar e INEP/MEC, em 2015 Campinas somava 149 creches (que atendem crianças de zero a três anos) municipais, 44 conveniadas e 130 privadas. O número de unidades de pré-escolas (crianças de quatro e cinco anos) é 130 municipais, 46 conveniadas e 128 privadas.
Das cerca de 59 mil crianças de zero a três anos que moram em Campinas registradas em 2015, 23.483 estão matriculadas em escolas de educação infantil, das quais 18.025 em escolas municipais e conveniadas e 5.458 em escolas privadas. Em 2007, o número de crianças matriculadas em creches totalizava 10.866, sendo 10.727 em municipais e conveniadas e 139 em privadas.
Já nas escolas que atendem crianças de quatro e cinco anos, o atendimento está praticamente universalizado em Campinas. Em 2015, eram 26.443 matrículas em escolas de educação infantil nesta faixa etária, das quais 20.152 em escolas municipais e conveniadas e 6.291 em escolas privadas.
Projeções
Segundo Francisco Carbonari, para que Campinas atenda 100% das crianças de zero a três anos com vagas em creches até 2025 é preciso que sejam criadas 152 vagas anualmente em dez anos, levando-se em conta a projeção da população desta faixa etária (vide estudo), e também que a rede privada continue tendo o mesmo crescimento que vem apresentando nos últimos anos. Neste mesmo ano, a população de crianças de zero a três anos deve ser de aproximadamente 50 mil.
Quanto a investimentos financeiros, Carbonari acredita que é possível atender toda a demanda de crianças até 2025 elevando-se o investimento no custo-aluno anual em 8,4% (cerca de R$20 milhões). Em 2015, o investimento nas escolas de educação infantil totalizou R$ 229.139.761,00, sendo o custo-aluno anual de R$12.712,33. A projeção é que se chegue a um investimento de R$ 248.462.504,18 na faixa etária de zero a três anos em 2025, com a perspectiva de investir R$ 19.322.743,18 por aluno.
“Chegar a esta meta em 2025 é razoável e possível e depende do comportamento da economia e vontade do poder público”, finalizou Carbonari.
Confira o panorama da educação básica em Campinas: http://compromissocampinas.org.br/wp-content/uploads/2016/10/Campinas-Deed-Panorama-da-Educacao-Basica.pdf
Confira os dados da educação infantil em Campinas: http://compromissocampinas.org.br/wp-content/uploads/2016/10/Apresentacao-7-Semana-de-Educacao-de-Campinas-Educacao-Infantil.pdf