Laura Gonçalves Sucena
Usar a informática como ferramenta de aprendizagem, aliando a educação com a comunicação, é o trunfo do Centro Municipal de Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (Cemefeja) Sérgio Rossini. Para isso, a escola inovou com o projeto Educomunicação e promoveu uma mudança no método de aprendizagem com a utilização de tablets.
Desenvolvido em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o projeto de apoio à aprendizagem utiliza ferramentas educativas, incluindo as mídias digitais. Com o uso dos tablets, os alunos realizam atividades com sites, jogos e aplicativos com conteúdos trabalhados em sala de aula pelos professores.
De acordo com a orientadora pedagógica da Cemefeja, Luciana Squariz Andrade Lima, a escola adquiriu os tablets e procurou a Unicamp para desenvolver o projeto Educomunicação. “Buscamos a parceria com a universidade para viabilizar o projeto. Os estagiários da Unicamp participam das aulas, conversam com os professores da escola e desenvolvem os conteúdos das ferramentas digitais. Queremos assim tornar o ensino atrativo, interativo e dinâmico”, falou
“Além disso, somos uma escola inclusiva e temos atualmente oito deficientes auditivos conosco. Pensamos em ter uma ferramenta que auxiliasse todos os estudantes e percebemos que o projeto foi muito bem aceito. Os deficientes auditivos têm muita facilidade com tecnologia e se destacam no dia a dia por serem mais visuais”, contou.
Com a introdução da tecnologia da informática na sala de aula, a escola despertou o interesse dos estudantes. “Buscamos aplicativos e sites que compõe com a prática didática do professor em cada disciplina. Os tablets são usados algumas horas por semana por todos os alunos e com a presença de um intérprete de LIBRAS, quando necessário”, explicou Luciana.
Para a deficiente auditiva Kátia Roberta de Almeida Martins, o Educomunicação tem auxiliado muito no aprendizado. “Gosto muito de usar os tablets porque aprendemos com mais facilidade. A linguagem é atrativa e o que mais gosto são dos aplicativos de Matemática”, relatou a aluna.
Para a professora doutora da Faculdade de Educação da Unicamp, Lílian Cristina Ribeiro Nascimento, responsável pelo desenvolvimento do projeto, a proposta da escola é inovadora e auxilia os alunos na compreensão dos conteúdos curriculares. “Para os estudantes deficientes é muito significativo, uma vez que a ferramenta promove uma motivação a mais. Como os jogos são visuais, acabam facilitando na aprendizagem de todos os alunos”, contou Lílian.
Até agora, os professores da Sérgio Rossini em conjunto com a equipe da Unicamp já desenvolveram jogos e aplicativos para o uso dos tablets nas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências, História e Geografia. As atividades são aplicadas nas aulas, em duplas de alunos, sempre com a presença do educador.
O novo recurso de aprendizagem ainda auxilia na inclusão em sala de aula. “Percebemos que aqui na escola os alunos deficientes têm mais facilidade com o uso da tecnologia e eles acabam ensinado os outros estudantes. Essa integração é fantástica e promove o protagonismo dos nossos estudantes”, revelou a orientadora.
Segundo o professor de História, Breno Juz, unir o mundo digital com o aprendizado trouxe vários benefícios. “Esse projeto possibilitou o primeiro contato com a tecnologia a muitos alunos. Vários deles começaram a pesquisar na internet, fazer tours virtuais por museus, descobriram bibliotecas virtuais e conheceram novas coisas. É um mundo novo que se abriu, ampliando os horizontes”, analisou.
Ellen Celestino de Oliveira, professora bilíngue do Cemefeja, afirma que o projeto ainda reforçou a autoestima dos estudantes. “A comunicação deixou de ser uma barreira entre os alunos. Os deficientes auditivos são muito visuais e usam a tecnologia com rapidez e facilidade. Isso gerou uma troca gostosa entre todos e essa integração só traz benefícios”, garantiu.
Finalista
Com o sucesso do projeto entre os alunos, o Cemefeja Sérgio Rossini decidiu inscrever o Educomunicação na disputa do Prêmio Atitude Educação, promovido pelo Departamento de Educação da Fundação FEAC. Na sua terceira edição, a premiação em 2016 tinha como tema “Alunos Protagonistas. Que diferença vocês fazem?”.
“Com o projeto, nossos alunos passaram a ser protagonistas na sala de aula, principalmente os deficientes auditivos. Essa integração da linguagem visual entre todos os estudantes e o destaque dos alunos deficientes nos mostrou que era possível inscrever o Educomunicação no prêmio”, assegurou Luciana.
Segundo a orientadora, a escola ainda conta com diversos estudantes acima dos 30 anos e muitos não têm acesso constante à tecnologia. “Nesse aspecto, todos os alunos são protagonistas, uma vez que a adaptação com o mundo digital possibilitou uma interatividade. A tecnologia virou um instrumento no processo de conhecimento e isso empoderou a todos”, ressaltou.
Para Luciana, ficar entre os finalistas do Prêmio Atitude Educação de 2016 foi uma grande conquista para a escola. “Acreditamos na força e nos benefícios do nosso projeto e ser classificado só constatou que estamos no caminho certo. Alunos e professores se uniram e conseguimos a classificação. Foi espetacular!”, admitiu.
O Cemefeja, ligado à Secretaria Municipal de Educação de Campinas, conta com 90 alunos cursando do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Este ano, o projeto Educomunicação está sendo aplicado em duas das quatro salas de aula da escola, para cerca de 50 estudantes.
Atitude Educação
Criado em 2014, o Prêmio Atitude Educação visa valorizar as ações que tem como objetivo qualificar ainda mais a educação pública em Campinas. Neste sentido, em sua 1ª edição, o Atitude Educação premiou professores a partir do tema “O que faz a minha vida profissional ser mais valorizada pelos meus estudantes? Histórias que mudaram a minha vida como professor a partir do reconhecimento recebido pelos meus alunos.”. Já em 2015, o público alvo do Prêmio foram as escolas, a partir do tema: “Leve a escola para o seu mundo, traga o seu mundo para a escola”.
Todos os projetos/ações selecionados (até cinco iniciativas) em cada uma das categorias do Atitude Educação 2016 receberam uma menção honrosa (escola) e certificados (alunos) de participação e passaram a integrar o Banco de Atitudes, atualmente disponível no site www.atitudeeducacao.feac.org.br no qual são divulgadas as ações protagonistas que contribuem para a melhoria da qualidade da educação.
Confira o projeto Educomunicação: http://atitudeeducacao.feac.org.br/banco-de-atitudes/