A despatologização da educação foi o assunto abordado na tarde desta quinta-feira, dia 25 de agosto, durante o Encontro de Formação do Eixo Relação com a Comunidade do Projeto FEAC na Escola (FNE), que aconteceu no Casarão da Fundação FEAC.

O evento contou com a presença de diretores, vice-diretores, professores coordenadores e professores mediadores das escolas participantes do Projeto, e foi comandado por Maria Aparecida Affonso Moysés, médica e professora titular de pediatria da Unicamp.

Segundo a gerente do Departamento de Educação da Fundação FEAC, Cláudia Chebabi, o objetivo foi abordar o cenário atual sobre a patologização na educação e como é possível lidar com essa questão no dia a dia da escola. “Nosso foco é no aluno e em possibilidades de recuperação da aprendizagem a partir de alternativas diversas”, afirmou.

Durante a formação, Cida Moysés abordou os processos de patologização e os diferentes modos de aprender. “Quando falamos de patologização, falamos de um processo que parte de uma tentativa de homogeneização e normalização, para que sejamos todos iguais, dentro de um discurso cientificista que não pode ser questionado. Isto acaba fazendo com que só existam transtornos e tira a vida de cena”, enfatizou.

A médica ressaltou que a patologização é muito frequente e crescente nas escolas, e que é preciso que o professor use suas competências profissionais para ensinar as crianças sem levar em conta qualquer diagnóstico.

“A escola é um espaço que é refém desse discurso da patologização, e ao mesmo tempo, ela fortalece e reforça este discurso, porque os professores se consideram subalternos em relação aos profissionais da saúde (médicos e psicólogos), que por sua vez, não entendem nada de ensino. Então, o professor precisa se reapropriar de sua própria competência, do seu campo de atuação, e assim, ele pode ensinar qualquer criança e deixar o diagnóstico fora da sala de aula, porque diagnósticos falam de impossibilidades, e a educação trabalha com possibilidades”, ressaltou Cida Moysés.

A médica também frisou a importância do professor fazer uma avaliação pedagógica para cada criança diagnosticada com doenças como a dislexia ou outro transtorno, para que se possa traçar um plano pedagógico do aluno, assim como deve ser feito com qualquer criança.  “O trabalho não pode ser atrelado a um diagnóstico, mas sim à singularidade de cada um”, disse.

Para os educadores presentes na formação, a discussão foi essencial para despertar o interesse na busca por mais informações para que o assunto seja melhor tratado no dia a dia escolar, como afirmaram Ivanir Maria Coelho e Vanessa Andréia Garcia, profissionais da Escola Estadual Rui Rodriguez

 “Até então, quando os pais entregavam o laudo médico, nós simplesmente aceitávamos e neste encontro percebemos que nem sempre o laudo condiz com a realidade da criança, e que não é apenas o comportamento dela deve ser levado em conta. A partir disso, temos que começar a traçar planos para que este aluno aprenda. Com certeza, vou pesquisar mais sobre o assunto”, contou Vanessa Garcia.

O próximo Encontro de Formação do FEAC na Escola está previsto para o dia 1º de setembro, com a pedagoga Flávia Vivaldi, dentro do Eixo Ensino e Aprendizagem.