(Por Claudia Corbett)
A animação dos adolescentes do Grupo Criança Feliz II da Associação de Assistência Social São João Vianney, entidade parceira da Fundação FEAC, começa cedo quando é dia de contação de histórias na Creche Irmã Maria Angela.
Fantasiados, seguem a pé para a Creche carregando os adereços que utilizarão durante a apresentação. A história escolhida desta vez é ‘O Casamento da Dona Baratinha’, um clássico que conta o desejo de casar de uma baratinha, depois de ter encontrado uma caixinha de dinheiro. Exigente, fica na janela abordando todos os animais que passam na porta da sua casa, até encontrar o que seja o marido ideal.
Marcos Paulo Carvalho Haeitlann, 12 anos, um dos personagens principais da história, chega brincando com as crianças. Algumas já começam a fazer perguntas, enquanto outras se escondem receosas. “Eu me divirto contando histórias para as crianças. É gostoso ver o brilho nos olhos deles. Quando sorriem, é porque estão gostando”, comemora o personagem Dom Ratão.
As crianças da Creche Irmã Angela aguardam ansiosas. A movimentação com a chegada dos contadores de história desperta curiosidade. Os adolescentes montam o cenário e caminham cantando entre as crianças, convidando-os a dançar e participar.
Quando a história começa, os alunos da creche ficam com os olhos vidrados nos personagens. Dona Baratinha aparece na janela, interagindo com os animais que passam pela rua. A cada pedido de casamento, a tensão à espera da resposta do pretendente. E na sequência, a gargalhada dos pequenos que aguardam atentamente para saber quem aceitará ser o noivo.
“A contação de histórias é um momento mágico para os adolescentes, mas envolve a todos neste momento de fantasia. Ao contar histórias encenando, eles estabelecem uma cumplicidade com as crianças da Creche”, comentou Elânia Fátima Sousa Alves, assistente social Vianney.
“As crianças esperam por esse momento”, admitiu Thais Alessandra Balardine Cândido, diretora da creche. A literatura está ligada diretamente ao imaginário infantil. Representa indicadores para situações desafiadoras e ainda proporciona o fortalecimento de vínculos sociais, educativos e afetivos. O uso desta ferramenta incentiva não somente a imaginação, mas também o gosto e o hábito pela leitura; e a ampliação do vocabulário e da narrativa.
Muitos destes adolescentes que hoje participam desta oficina da Vianney já passaram pela Creche. “Percebemos uma evolução a cada apresentação. Quando os vejo na frente, empoderados, percebo o resultado de um trabalho conjunto da creche com a entidade”, comemora a diretora.
Envolvida na organização da cena, Natalia Ribeiro Ferreira, 12 anos, a Dona Joaninha da história, conta que gosta da apresentação, mas acha ainda mais divertido os ensaios com os amigos. “É gratificante aprender a história, saber mais dela e criar as cenas para a apresentação”, contou empolgada.
A assistente social da São João Vianney apontou que esta atividade representa um crescimento e desenvolvimento de potencialidades. “Até os mais tímidos descobrem que podem fazer e acreditam neles mesmos. Isso os fortalece”, comemorou Elânia.
A oficina de Contação de Histórias é uma das atividades ofertadas no serviço de convivência da São João Vianney. Desenvolve técnicas de dramatização e liberdade de expressão (escrita, corporal e verbal) e trabalha o respeito em relação ao próprio corpo e do próximo, além do estreitamento de vínculos com apresentações mensais para as crianças da creche e idosos do serviço intergeracional.
“Além da ação intergeracional entre os adolescentes e as crianças na primeira infância, que contribui muito para a troca de experiências de ambos os públicos, a articulação das duas entidades promove um trabalho em rede de forma intersetorial, qualificando a atuação das organizações e valorizando o território enquanto espaço de socialização”, analisou a assessora social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC, Natália Valente.
Saiba Mais: http://www.vianney.com.br/