Arroz, feijão, legumes, carnes, verduras e frutas, formando um visual atraente para as crianças poderem desfrutar de uma refeição nutritiva e balanceada. Preocupada com isso, a Casa da Criança Maria Luiza Hartzer criou o projeto ‘Alimentação Saudável, Criança Feliz’, que tem como objetivo estimular a experimentação de novos sabores para a construção de hábitos alimentares saudáveis. A Casa da Criança é uma entidade parceira da Fundação FEAC por meio do Programa Primeira Infância em Foco.
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O projeto foi criado a partir da observação dos pequenos na hora do almoço. “Percebemos que muitas crianças comiam apenas arroz e feijão, outras não queriam experimentar novos alimentos e, além disso, o momento não era prazeroso. Era estressante e a hora da refeição deve ser tranquila”, explicou a coordenadora pedagógica, Maria Amélia Rondini.
O projeto começou com 15 alunos, mas todas as crianças participarão da experiência ao longo do ano. “Começamos pelos que tinham mais dificuldades em se alimentar e já obtivemos ótimos resultados com a turma. Os primeiros participantes falam para suas classes o que fazem, o que conhecem, o que experimentam e a criançada toda está interessada em participar”, falou Maria Amélia.
De acordo com a coordenadora, o projeto tem a proposta da pedagogia da Reggio Emilia, que assume que os adultos têm como tarefa prioritária, a escuta e o reconhecimento das múltiplas potencialidades de cada criança, observada e atendida em sua individualidade. “A comida funciona como uma linguagem pois por meio dela construímos uma relação com os outros. Como escola devemos promover uma educação alimentar saudável e ainda reduzir o desperdício e promover a sustentabilidade. Além disso, o projeto acaba trabalhando a atenção e a motricidade fina das crianças”, pontuou.
A escola acredita que os anos iniciais da criança são fundamentais, inclusive para a construção de hábitos alimentares. É nesse período que os pequenos devem conhecer os alimentos e os diferentes sabores e, desta forma criar uma rotina que será levada para a vida toda.
Segundo a técnica de referência da Fundação FEAC que acompanha a entidade, Adriana Nunes Silva, este projeto, inspirado na perspectiva reggiana, retrata a importância pedagógica da comida na educação das crianças. ”O projeto tem um percurso bem desenhado, com muitas pesquisas, vivências e descobertas, fortalecendo a relação que os pequenos vão construindo com os alimentos. E é por meio dessa relação estabelecida que eles vão exercitando a sensibilidade e adquirindo autonomia para, no futuro, avaliarem e fazerem escolhas mais saudáveis”, analisou.
Do campo à mesa
Com diversão e entusiasmo, o projeto leva as crianças a conhecerem todas as etapas dos alimentos. Eles aprendem o que são as sementes, plantam, cuidam e colhem para depois comer.
Mas o mais divertido é a hora de ir à ‘floresta’. A escola conta com uma área verde – já apelidada de floresta pelos pequenos – onde a criançada planta feijão, salsinha, cebolinha, hortelã e até melão. Lá eles observam a geminação, o crescimento dos alimentos e podem colher o que precisam e utilizar na preparação das refeições. “E eles ainda trabalham com os sentidos, porque eles tocam os alimentos, cheiram, experimentam. São experiências enriquecedoras”, garantiu Maria Amélia.
O projeto também tem aulas práticas com os alimentos, quando os pequeninos conhecem a cozinha, a higienização e o preparo. “A gente está gostando de receber a criançada e poder ensinar um pouco do que fazemos. Já percebemos que eles estão comendo mais e melhor e ainda se divertindo. E isso de colocar a mão na massa é importante”, contou a cozinheira Maria José Teles, carinhosamente chamada de Aninha.
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O trabalho integrado com os profissionais da cozinha também torna o projeto relevante com relação ao pertencimento de todos os envolvidos. “A cozinheira passa a ser reconhecida e legitimada como um educador que também tem responsabilidade e pode contribuir com as ações educativas, proporcionando às crianças experiências, em um ambiente cheio de encantos, que auxiliarão no desenvolvimento de capacidades cognitivas, como memória, atenção e raciocínio”, acrescentou Adriana.
Na hora de comer
A turma toda já cozinhou e adorou a experiência. Eles separaram os produtos, higienizaram, cortaram e prepararam, tudo com os olhos atentos dos professores, monitores e auxiliares. Todas as etapas foram seguidas e terminaram na preparação da mesa para a refeição.
“Já fiz molho de tomate, frango, salada e cortei o tomate. Fiz macarrão e adorei. Só não gosto de vitamina de banana”, contou o pequeno Miguel Vitorino, de 4 anos. Maria Eduarda Nunes, 5 anos, falou que só comia arroz e feijão, mas que agora já come salada. “Eu contei pra todo mundo que estou comendo mais coisas. Gosto muito de tudo que a gente faz”, disse.
O projeto também conta com uma sala destinada ao projeto e ainda existe um minimercado de brinquedo onde os pequenos aprendem a vivenciar a compra e escolhem os produtos que desejam. O ambiente ainda possui carrinhos de mercado, comidas e utensílios de brinquedo e uniformes de cozinheiros. “Tudo isso é para que eles possam vivenciar todo o processo do alimento. Esse projeto é um orgulho para nós porque eles aprendem muito”, contou a monitora Maria do Carmo Durães.
“No projeto Alimentação Saudável, Criança Feliz, o conhecimento é multidisciplinar, envolvendo diversas áreas, como economia, agricultura, gastronomia e outros, e a criança tem a oportunidade de vivenciar relações e experimentações fundamentais para o seu pleno desenvolvimento”, finalizou Adriana.
Colhendo resultados
O projeto, que irá envolver todos os 190 alunos atendidos pela creche, está trazendo resultados significativos. Segundo a diretora da instituição, Maria Ignez Pezzini, as crianças já começaram a aceitar mais todos os tipos de alimento e a hora da refeição está mais harmônica. “Estamos felizes por alcançarmos nossos objetivos e acreditamos que vamos muito mais além. O projeto acaba auxiliando muito no desenvolvimento dos pequenos porque em certos aspectos trabalha a atenção, autoestima e a convivência entre eles”, finalizou.
A Fundação FEAC e a primeira infância
A Casa da Criança Maria Luiza Hartzer é uma entidade parceira da Fundação FEAC que integra o projeto de apoio institucional do Programa Primeira Infância em Foco (PIF).
O PIF é uma iniciativa da FEAC que investe em iniciativas voltadas para assegurar que todas as crianças tenham desenvolvimento adequado à sua faixa etária. Faz parte da dimensão de trabalho Empoderando populações vulneráveis, da Fundação.