(Por Ingrid Vogl)
Ajudar o outro e ser recompensado com gratidão. Este foi o espírito do mutirão que reuniu 26 voluntários do Grupo de Ação Voluntária (GAV) da Fundação FEAC. O objetivo foi revitalizar a sala de artes da instituição social Casa de Maria de Nazaré, unidade Casa dos Anjos, no último sábado, dia 16 de setembro.
A entidade, localizada no Jardim Liliza em Campinas/SP e parceira da Fundação FEAC, atende 540 pessoas a partir dos 6 anos de idade. Antes pouco atrativa, com mofo nas paredes e materiais deteriorados, a sala teve teto, paredes e cadeiras pintadas, armários repaginados, todo o material utilizado durante as oficinas organizado em coloridas caixas e ainda recebeu desenhos decorativos nas paredes, toalhas nas mesas, cortinas, painel e quadro branco.
Segundo Maittê Godoi da Silva, coordenadora da unidade, a revitalização da sala trará mais aconchego aos usuários. “A sala de artes é o xodó de nossa instituição porque por ela passam desde crianças que recebem diversos aprendizados artísticos, até famílias e membros da comunidade que aprendem artesanatos que podem gerar renda. Queremos que as melhorias da sala tragam um sentimento de pertencimento aos usuários e que os incentivem ainda mais a aproveitar tudo que oferecemos durante as oficinas”, afirmou.
Mão na massa
Para que a ação fluísse de maneira integrada e com agilidade, o trabalho foi dividido em grupos: pintura, organização dos materiais de arte em caixas, cadeiras, armários e acabamento. Cada um deles teve um coordenador com todas as orientações necessárias apara desenvolver cada um dos passos do trabalho e também a lista dos materiais disponíveis para a atividade.
Segundo Marcela Doni, assessora técnica do Centro de Voluntariado da FEAC, o mutirão foi dividido em grupos para facilitar a organização dos materiais e a execução das tarefas. Dessa forma, os voluntários também puderam trabalhar de acordo com suas respectivas habilidades. “Quando os voluntários começam a atividade há uma energia positiva que envolve a realização do trabalho. Isso contagia todos e a cooperação é mútua”, disse.
De fato, a revitalização da sala de artes aconteceu de vento em popa, com os voluntários se ajudando e discutindo a melhor forma de executar as tarefas. Muitos deles já multiplicam o ideal do trabalho voluntário e levam pessoas de seus convívios para ajudar.
Maria Fernanda Mancini, por exemplo, foi convidada pela amiga Eduarda Kreft para participar do mutirão na Casa dos Anjos, e com sua experiência com a pintura do próprio apartamento e vivência com o voluntariado na ONG Teto que constrói casas em esquema de mutirão em locais de vulnerabilidade social, ela coordenou o grupo de pintura da sala de artes. “Dividido em grupos, o trabalho rende mais. Para mim, ajudar o próximo te evolui espiritualmente como pessoa, porque chegamos num ponto em que precisamos olhar para o outro e assim, nos unir e ajudar a transformar a realidade para melhor”, ressaltou.
Do lado de fora da sala, enquanto Ney Aquino estudava como montar os armários, sua mãe, Tereza Cristina Cassio Aquino de Oliveira, envelopava as partes externas dos móveis. Segundo ela, o trabalho voluntário sempre esteve presente na família, desde a época de sua avó. O hábito passou, e continua sendo transmitido, de geração em geração.
“Quando o Ney disse que viria, eu quis acompanhá-lo. Já pratico o trabalho voluntários há 12 anos em outra organização. Quando se faz uma ação como esta, você se ajuda primeiro, porque doando tempo, recebe-se muita coisa boa em troca, como energia, gratidão e vários ensinamentos”, avaliou.
Familiarizado com ferramentas, Ney encontrou no trabalho voluntário a maneira que julga ser ideal de praticar o bem. “Sempre fiz doações em dinheiro para instituições, mas quando conheci o GAV, achei o que estava buscando, que era doar um tempo e experiência em algo que gosto para um trabalho que vai permanecer e ter retornos positivos dentro das entidades”, contou.
Trabalho qualificado
Segundo Marcela Doni, a ação de revitalização da sala de artes da instituição aconteceu a partir da seleção feita durante a 1ª Chamada para Mutirões Voluntários 2º Semestre de 2017, promovida pelo Centro de Voluntariado FEAC. Nesta ação, as entidades interessadas em receber algum tipo de trabalho no formato mutirão faziam sua inscrição. Depois a seleção foi feita mediante diversos critérios como relevância da ação. . Outros dois mutirões ainda devem ser realizados até o fim de 2017.
Recentemente, além da Chamada para Mutirões Voluntários, a FEAC também promoveu o Curso de Gestão de Voluntários com encontros que ocorreram entre 2016 e 2017. Destinados às equipes das instituições sociais, o objetivo da formação foi orientá-las sobre como captar, gerir, fidelizar e manter o voluntariado na entidade.
Segundo a coordenadora da Casa dos Anjos, a participação dos profissionais da entidade no Curso de Gestão de Voluntários trouxe muitas mudanças de perspectiva, na forma de trabalho, e inclusive ideológicas quanto a este tipo de iniciativa. “Sempre tivemos dificuldade em manter os voluntários. Antes tínhamos apenas um dentro da entidade que atende mais de 500 pessoas. Por meio do Curso, aprendemos como preparar a equipe interna para receber os voluntários, definir quais as tarefas precisam do trabalho e como valorizar esta ação tão importante para nosso dia a dia dentro da instituição”, explicou.
A mudança na forma de trabalhar esta questão resultou na captação de mais de 30 voluntários somente para a unidade Casa dos Anjos. “Hoje temos voluntários em diversas áreas, parcerias com universidades e muitas pessoas da comunidade trabalhando voluntariamente conosco. As pessoas começaram a nos procurar para se voluntariar. Assim, conseguimos criar nossa rede fiel de voluntários”, concluiu Maittê.
Saiba mais dobre o Centro de Voluntariado FEAC: https://www.feac.org.br/centro-de-voluntariado-feac/
Saiba mais sobre a Casa de Maria de Nazaré: https://www.casademariadenazare.org.br/