(Por Laura Gonçalves Sucena)

Trocar experiências, estudar conceitos e conhecer as políticas para juventudes. Com esses objetivos, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Rede Articula Juventudes (REAJU) – projeto integrante do Programa Juventudes da Fundação FEAC – construíram o curso de extensão “Educação e Juventude: políticas e ações educativas”, que acontece até junho deste ano na Faculdade de Educação.

Destinado a professores, educadores sociais, pesquisadores e profissionais que atuam diretamente com jovens, o curso propõe problematizar as práticas desses profissionais e estimular a troca de experiências, possibilitando um espaço de interlocução entre teoria e prática.

Na pauta, assuntos como as políticas públicas, sociais e de juventudes. A extensão também propõe estudos da relação das juventudes com a educação, a saúde, questões étnico-raciais, cultura e tecnologia. Ainda serão realizados processos metodológicos, a serem desenvolvidos com jovens, e seminários.

“A parceria entre a REAJU e a Faculdade de Educação da Unicamp já é longa e, com isso, a universidade abriu as portas para esse curso de extensão tão valioso. Aliamos o conhecimento de quem está na prática com o de quem faz a pesquisa, da academia. Foi uma construção conjunta entre teoria e prática”, contou a pedagoga Wisllayne Oliveira, membro da Comissão de Formação da REAJU.

De acordo com a pedagoga, as primeiras aulas foram sobre conceitos de juventudes e as políticas destinadas a esse público. “Os encontros abordaram os direitos básicos. É importante falar sobre juventudes porque eles ficaram esquecidos por muito tempo. Só para se ter uma ideia, o estatuto é de 2013, ou seja, é muito recente”, explicou.

“O jovem lutou para ter direitos e ocupar espaços, mas ao mesmo tempo eles não se mantem. Temos que nos perguntar o motivo dessa evasão. Eles evadem das organizações da assistência social, do Ensino Médio e também do Superior”, pontuou a pedagoga.

Somente com relação ao Ensino Médio, o principal problema está na faixa etária de 15 a 17 anos, na qual, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE), há 1,7 milhão de jovens fora da escola, o equivalente a 16% desse público.

Segundo o Guia da Juventude de Campinas, apesar da escola ainda ser considerada pela juventude um espaço importante para a formação e construção do conhecimento, há pouca participação do jovem, além do abandono escolar pela necessidade da entrada no mercado de trabalho.

“Precisamos saber o que está acontecendo, que juventudes estamos produzindo e o que estamos oferecendo. Acredito que esse curso de extensão possibilitará essa discussão e a troca de experiências para podermos estar efetivamente com essas juventudes”, ressaltou Wisllayne.

Participação

A procura pelo curso surpreendeu os organizadores e todas as vagas foram preenchidas rapidamente. “Foram 170 inscrições para 50 vagas. Isso mostra a necessidade de formações para esse público. Com essa grande demanda, já houve uma sinalização de abrir o curso de extensão para uma segunda turma, mas ainda não há nada definido”, contou Vanessa Dias, articuladora da REAJU.

Lilian Gibin, coordenadora do Grupo Primavera, afirma que o curso está sendo produtivo e oferece elementos para que o educador possa trabalhar com os jovens. “Todos os temas escolhidos são pertinentes e há momentos de muita reflexão e discussão. O tema de políticas públicas foi muito proveitoso porque são assuntos que estão em pauta. Essa juventude é bem informada e quer saber de seus direitos”, falou.

O educador social da SETA, Vagner Augustos dos Santos, também aprova a formação. “Estamos debatendo temas que são pertinentes ao nosso dia a dia. Essa juventude precisa do nosso preparo. O tema de sexualidade é um assunto que vem à tona sempre e temos que saber ouvir, conversar e informar esses jovens”, comentou.

Para o professor Alexandre Seconello, que ministrou a roda de conversa sobre Sexualidade e Gênero, é imprescindível falar sobre temas que provocam o cotidiano. “Como membro do grupo Violar, que pesquisa temas sobre violência, cultura e juventude, percebo que trabalhar essas questões com educadores é como falar com os jovens. As transformações sociais acontecem a partir dessas provocações, de novas ideias e é isso que queremos”, ressaltou.

Lincoln Moreira, líder do Programa Juventudes da Fundação FEAC conta que a parceria da REAJU com a Unicamp desenvolve uma prática fundamental entre quem pesquisa e quem atua com os jovens. “Esperamos que a formação qualifique os educadores para compreenderem quem são os jovens, quais são seus interesses e como podem participar. O curso de extensão também possibilitará aos educadores a ampliação do conjunto de atividades oferecidas aos jovens e, com isso, irá aumentar a adesão dos mesmos nos serviços”, concluiu.

Programa Juventudes

O Programa Juventudes é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe na criação de espaços de participação e aprendizado social, autogeridos por jovens, com o intuito de incentivar o protagonismo juvenil propositivo e engajado com o desenvolvimento social.

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