(Por Laura Gonçalves Sucena)
Pessoas comprometidas que acreditam na mobilização comunitária e na valorização do potencial da juventude. Assim foi o primeiro encontro do Identidade & Saberes, projeto do Programa Juventudes, da Fundação FEAC, em parceria com o Grupo de Estudos e Práticas Permanentes em Educação Social (Geppes), que tem como objetivo reunir educadores jovens para produção de um caderno prático, de atividades e oficinas, que possa subsidiar e dar ferramentas aos profissionais que atuam em Organizações da Sociedade Civil (OSC).
Durante o primeiro encontro, realizado no último 20 de outubro, o grupo teve a oportunidade de conhecer o processo formativo que tem como tema transversal as políticas públicas. Em 13 encontros, que acontecerão até fevereiro do próximo ano, os educadores irão trabalhar seis eixos para o desenvolvimento das atividades, sendo Acolhimento e Mediação; Leitura de Mundo; Sustentabilidade; Saúde; Sexualidade; e Juventudes.
Segundo a coordenadora do Geppes, Talita Trolezi, os processos formativos permitem instrumentalizar os participantes para que eles possam ser protagonistas em seus territórios. “É um processo para sistematizar as práticas dos educadores e a construção desse caderno será compartilhada para nossa cidade. Isso se faz necessário uma vez que Campinas não tem uma educação social sistematizada e a expectativa é que esse material possa ser compartilhado”, relatou.
Para Tatiane Zamai, técnica de referência do projeto, a produção do caderno irá contribuir com o fortalecimento da identidade profissional, além de oferecer diferentes recursos para que educadores sociais tenham subsídios para sua atuação com juventudes, tendo como diferencial uma construção efetuada a partir de concepções e ideais criadas de jovem para jovem.
Primeiro Encontro
Para trabalhar o eixo Acolhimento e Mediação, os educadores e mediadores Alexandre Alves e Jaqueline Gimenez, falaram sobre a necessidade de se exercitar um olhar diferenciado, com cuidado e afetividade. No tema de acolhimento, o grupo participou de exercícios de psicodrama em diversas situações sugeridas.
O primeiro exercício trouxe a situação de um menino de 10 anos com histórico de agressividade. A partir daí os participantes sugeriram formas de acolhimento que colaboram para uma relação mais pacífica e de confiança.
“Acredito que no primeiro momento o educador tem que esquecer o histórico da criança e mostrar o que pode ser oferecido pela instituição e, dessa forma, construir com a criança ou adolescente a sua expectativa. É preciso envolver e trabalhar a cooperação”, falou o coordenador do Instituto Bem Querer, Vitor Nascimento.
Aline Figueiredo, também participante do curso, falou sobre a importância do educador para encontrar o fio condutor que move as crianças. “É preciso ter respeito pela história de vida e estabelecer a empatia”, completou.
Para o tema Mediação, os educadores também sugeriam o estudo de casos que acontecem nas instituições. Jaqueline citou a importância de se estabelecer o vínculo afetivo, que é composto por respeito, admiração e empatia.
A imparcialidade do educador também foi citada como crucial. Em um caso de conflito, é importante ouvir e acolher os dois lados e utilizar o diálogo como ferramenta de conciliação. “O que não pode existir é o discurso violento, que gera ainda mais conflito. Nosso diferencial tem que ser a ética, o bom senso e o respeito”, falou Jaqueline.
Alexandre completou dizendo que o educador tem que ter calma em todas as situações. “Ele também tem que ter um espaço de acolhimento porque muitas vezes a correria do seu dia não deixa tempo para uma reflexão da prática cotidiana. Somos seres humanos, estamos vivos e precisamos nos fortalecer em determinados momentos”, ressaltou.
Alexandre completou falando que o acolhimento está no olhar, na busca por observar o que está por trás das situações do dia a dia, no desejo de um bom dia, num abraço e na conversa franca. “Acreditamos que o acolhimento é um caminho que vale a pena ser percorrido juntos, integrando família, escola e comunidade, sempre pensando em garantir a diversidade e a convivência de maneira significativa e prazerosa para todos”, resumiu.
Discussão não formal
No espaço de diálogo, o grupo, formado por psicólogos, educadores, assistentes sociais e por jovens interessados em trabalhar como educadores sociais passou por momentos de descontração e emoção, com as diversas situações colocadas.
Para Vitor, participar da formação é vivenciar de forma diferenciada o que acontece nas instituições. “São momentos de troca e isso é importante para fortalecer o meu crescimento e da minha equipe. Essa troca é valorosa e nos traz novos saberes e acredito que a construção desse caderno será um norte para os educadores sociais”, disse.
“Saio hoje deste encontro instigada a mergulhar na Educação Social. A acolhida, o grupo e as trocas foram muito ricas e com certeza, possíveis de aplicar em nossa prática pessoal e profissional. Acredito que ao final, teremos um material incrível para fortalecer a atuação dos educadores sociais”, finalizou a pedagoga Aline Figueiredo.
Programa Juventudes
O Programa Juventudes é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe na criação de espaços de participação e aprendizado social, autogeridos por jovens, com o intuito de incentivar o protagonismo juvenil propositivo e engajado com o desenvolvimento social.
Saiba mais: https://www.feac.org.br/juventudes/