Reflexões contínuas e permanentes sobre práticas educativas tem como foco o trabalho de educadores
(Por Laura Gonçalves Sucena)
Criar um ambiente de troca de experiências entre a equipe é uma das ferramentas da Casa da Criança Meimei para garantir a qualidade do ensino. Pensando nisso, a instituição de educação infantil aposta na formação continuada visando o andamento do processo de aprendizagem, pesquisa e planejamento.
E para dar continuidade ao processo formativo, a instituição aposta nas estratégias de aprendizagem do corpo docente, especialmente para que novos professores e monitores conheçam o que já é desenvolvido. Uma das metas é estabelecer o vínculo entre a equipe e potencializar os talentos e conhecimentos do grupo.
Assim, a Meimei dividiu a formação, que acontece uma vez por semana, durante duas horas, em três processos: Estudo de Metodologia; Organização Interna; e Troca de Práticas Pedagógicas.
A técnica de referência do Programa Primeira Infância em Foco (PIF) da Fundação FEAC, Denilze Ricciardelli, garante que a formação continuada tem muito a oferecer. “É uma ferramenta que amplia e promove o crescimento profissional da equipe. Criar estratégias como a troca de experiências no processo formativo oportuniza ao professor rever e qualificar suas práticas pedagógicas que estimulam o desenvolvimento integral da criança na creche”, afirma.
Educando e cuidando
Educar e cuidar implica em promover uma ação pedagógica respaldada em uma visão integrada, por isso a instituição de educação infantil, que trabalha com a pedagogia de Emmy Pikler, dedica sempre algum tempo para estudar essa metodologia.
Segundo Denilze, a importância do vínculo afetivo e do olhar individualizado a cada bebê é um dos focos da abordagem Pikleriana. “Para trabalhar com essas crianças é necessário saber observá-las para entender suas individualidades. Por isso a necessidade de um planejamento em que os ambientes são preparados com intencionalidade para que os profissionais possam, por meio da organização das crianças, focar em situações/experiências que lhe farão estabelecer vínculos, conhecer melhor os pequenos e propor desafios promovendo o pleno desenvolvimento infantil. Mas, para isso é preciso estudar constantemente as práticas piklerianas e compreender os eixos fundamentais da abordagem”, ressaltou.
Na questão da organização, a Meimei aposta na padronização de ações e condutas sobre higiene, alimentação, cuidados básicos e outros. O objetivo é oferecer a uniformização e a qualificação dos serviços oferecidos, melhorando a qualidade do atendimento. “É muito importante que todos os funcionários saibam como proceder em todos os momentos. Essa padronização garante que todas as crianças sejam tratadas da mesma forma”, contou Jeanne de Camargo Rodrigues, orientadora pedagógica da instituição.
Para a diretora educacional da Meimei, Gibiane Ferreira, a formação continuada enfatiza a formação, a avaliação e as competências dos profissionais. “Nossa intenção é a reflexão e construções contínuas e permanentes das práticas educativas, tendo como foco o trabalho dos professor e monitores”, revelou.
Trocando experiências
Outro processo adotado pela instituição é a ‘Troca de Práticas Pedagógicas’, que incentiva o compartilhamento de ideias e saberes. O objetivo é que em cada encontro, uma das professoras apresente situações didáticas aplicadas em sala de aula. “Buscar ideias na prática de outra professora, com base na análise de aulas documentadas é um importante instrumento de reflexão para a equipe”, falou Jeanne.
Nos encontros, que ocorrem semestralmente, a intenção é que alguns trabalhos e atividades possam inspirar a equipe e, nessa troca, exista um compartilhamento de dúvidas, ideias e até mesmo de dificuldades. Nesse contexto, o trabalho apresentado é visto como modelo de referência e reflexão.
Para o último encontro, a professora Carla Gomes dos Santos apresentou o trabalho realizado no último semestre de 2018 com a turma do AG II (3 a 4 anos), que teve como tema gerador Projeto Literário.
A professora apresentou ao grupo os livros que trabalhou com a turma e como aconteceram as descobertas. “Na provocação, as crianças mostraram interesse sobre a questão de brinquedos de meninas e meninos, então utilizei o livro ‘Pode pegar’, da autora Janaina Tokitaka”, contou.
De acordo com a professora, a obra faz uma abordagem sutil, discreta e ao mesmo tempo muito assertiva sobre os estereótipos de gênero e como eles são percebidos pelas crianças. “Os livros ajudam a construir a identidade da criança, suas primeiras referências de herói e heroína e ainda simbolizam a primeira oferta de fantasia que os pequenos recebem. Eles possuem um potencial formativo que não pode ser ignorado”, reconheceu.
Segundo Carla, seu trabalho se baseia na conclusão que as crianças tiram. “Procuro não concluir porque acredito que os pequenos possam fazer isso. Outra abordagem que adoto é a repetição da história porque cada vez que leio, as crianças descobrem algo novo e vão fazendo seus desfechos e descobertas”, explicou.
Outra questão trabalhada foi a desassociação de imagem e texto. “Acredito que é bem interessante para a criança essa desconexão proposital entre palavras e ilustrações e, para isso, trabalhei com os pequenos o livro ‘Não!’, da autora Marta Altés”, revelou.
Segundo a professora, a ‘Troca de Práticas Pedagógicas’ cria um ambiente favorável à formação, pesquisa, escuta e apoia o desenvolvimento dos professores. “São momentos de reflexão sobre a prática, rotina de estudo, planejamento e construção de propostas”, falou Carla. “Além disso, integra a equipe por meio do compartilhamento dos trabalhos realizados, que leva à construção coletiva de conhecimentos”, completou Jeanne.
A Casa da Criança Meimei recebe apoio institucional no âmbito do Programa Primeira Infância em Foco (PIF), uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em esforços para promover o desenvolvimento da primeira infância com objetivo de assegurar que todas as crianças tenham desenvolvimento adequado à sua faixa etária.
Saiba mais: https://www.feac.org.br/primeirainfanciaemfoco/