(Por Ariany Ferraz)
O Programa Enfrentamento a Violências, da Fundação Feac, realizará um estudo inédito sobre o Serviço Especializado de Proteção Social à Família (SESF). E para apresentar a nova proposta, reuniu todos os atores sociais responsáveis pelo serviço para uma troca de experiências, selando o compromisso de contribuição mútua e coletiva que resultará na produção de valia para todos. O “Estudo das Implicações e Desdobramentos do SESF” busca problematizar e refletir sobre a implantação e o trabalho do serviço em Campinas/SP.
Como serviço complementar referenciado ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, o SESF oferece um conjunto de procedimentos técnicos especializados, para atendimento de crianças, adolescentes, adultos, idosos vítimas de violência doméstica – violência física, psicológica e negligência, abuso e/ou exploração sexual, abandono, exploração financeira, trabalho infantil, com existência de outras violações de direitos, sempre com a centralidade na família.
Em Campinas, atualmente, 11 Organizações da Sociedade Civil (OSC) executam este serviço e atendem cerca de 1.500 famílias.
“O estudo do SESF é uma demanda para tentar compreender melhor como está funcionando o serviço, seus potenciais e fragilidades, para subsidiar debates e direcionar melhor os investimentos, onde alocar recursos na rede, por exemplo. É um estudo bem novo, pois não existe nenhum com essa especificidade; a gestão municipal já coleta dados, mas essa compilação e análise é novidade”, explicou Marina Moreto, coordenadora do estudo pela consultoria Sois Uno, responsável pela execução do projeto.
Para Maria Angélica Batista, coordenadora da Proteção Social de Média Complexidade no município o encontro foi construtivo. “Todos puderam se colocar e se reconhecer no processo para que a possamos qualificar os processos de gestão e do trabalho. Tudo que vem para nos fazer pensar e refletir sobre dados, situações e possibilidades colocadas para os serviços, sempre é rico, bem-vindo e agrega”, apontou ela.
Baseado em dois pilares metodológicos principais, o Estudo é focado na análise do território, entendendo como as políticas afetam e são afetadas pelo espaço e respectivas realidades locais, e na metodologia criativa, participativa, dinâmica e de construção de conhecimento e reflexão conjunta. Por isso, a participação de diversos agentes atuantes é um diferencial na elaboração e desenvolvimento do material.
“O estudo tem como objetivo propor diretrizes de atuação para a Fundação FEAC no âmbito do Programa Enfrentamento a Violências, investindo em estratégias inovadoras para impacto positivo no enfrentamento das violências vividas pelas famílias atendidas pelo SESF e também subsidiar o debate dessa rede de atendimento e gestão municipal. Assim, aproveitamos esse momento para envolver todos os atores, ponto fundamental na efetividade deste estudo”, comentou Natália Valente, líder do Programa da Feac.
A presidente do CMAS (Conselho Municipal de Assistência Social) de Campinas, Maria Aparecida Barbosa, esteve presente no encontro e reforçou a relevância da iniciativa. “Bem válida, pois é muito importante termos outros olhares e que todos possam contribuir. Acho que o estudo vem complementar e qualquer iniciativa que possa trazer indicadores para o município poder investir, ampliar serviços, vai ao encontro do que desejam todos os atores envolvidos”, destacou.
Gisleide Abreu, responsável pela Vigilância Socioassistencial, enfatizou a importância de se ter estudos e pesquisas que qualificam a atuação e oferecem oportunidades de reflexão sobre o trabalho. “Acho que vai contribuir bastante para termos um diagnóstico em um momento importante de construção de conhecimento sobre este serviço. Com a participação de todos, foi um momento de se aproximar, questionar, trazer contribuições e deu um início mais positivo”, avaliou.
“Nós através dos nossos serviços, vamos colaborar para esse estudo, pois dados novos e conhecimento são sempre bem-vindos. E temos essa tarefa de poder fazer essa troca!”, indicou Silvia Brito, diretora do DOAS (Departamento de Operações de Assistência Social do Município de Campinas).
“Muito importante para visualizarmos o trabalho que a gente realiza. A expectativa é de conseguirmos fazer um trabalho ainda melhor com essas famílias”, observou também Helyete Maarly Rahal, assistente social no SESF do Direito de Ser. Já para o psicólogo Edilson Guarnieri, do Progen, é uma forma de entender se a estrutura atual está adequada para prestar um atendimento ideal. “Sempre pensamos em aperfeiçoar o serviço, mas não temos dados para conseguir quantificar e qualificar o porquê precisamos de uma melhoria, por exemplo. É uma questão pioneira e vai ajudar a todo mundo entender a situação do serviço”, avaliou.
Marina aponta que será realizado um mapeamento aprofundado para poder subsidiar também a atuação da Fundação FEAC. Até julho, o projeto segue com um cronograma de atividades que contará com diversos processos que envolverão questionários, entrevistas, grupos focais, análises, entre outros. A finalização se dará com a divulgação de uma publicação que reunirá todas as informações do estudo técnico.
Sobre o programa
O Programa Enfrentamento a Violências é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe na mitigação dos impactos das violências e no enfrentamento para romper os ciclos que as perpetuam com objetivo de promover o bem-estar e a cultura de respeito, empatia, tolerância e paz.