(Por Laura Gonçalves Sucena)

Mais de 20% das crianças vivem em vulnerabilidade social. Esse fator interfere diretamente em suas capacidades de atingirem o pleno potencial cognitivo por estarem expostas a fatores como desnutrição, pobreza, violência e aprendizagem inadequada. Esse foi um dos dados apresentados pelo superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, Jair Resende, durante o encontro virtual Primeira Infância e a Indústria do Futuro, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Com o tema “Investimento social privado e sua contribuição para a Primeira Infância”, Resende explicou a importância de se investir nesse período da vida das crianças, que vai do 0 aos 6 anos.  “É nessa fase que o ser humano desenvolve  as bases de aprendizado que serão utilizadas ao longo de toda a vida. Portanto, devemos concentrar ao máximo os nossos esforços nessa faixa etária para conseguirmos o pleno desenvolvimento infantil”, falou.

Resende também explicou o que é investimento social privado, que se caracteriza como repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. Entre suas características estão a preocupação com planejamento, monitoramento e avaliação dos projetos; estratégia voltada para resultados sustentáveis de impacto e transformação social; e o envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação.

No encontro, o superintendente da FEAC ainda falou sobre quem pode ser um investidor, ou seja, empresas, fundações e institutos de origem empresarial ou familiar, comunidades ou indivíduos, e explicou um pouco sobre o Marco Legal da Primeira Infância.

Entre alguns pontos destacados por Resende, estão: garantia às crianças do direito de brincar; ampliação da licença paternidade e a divisão igualitária de direitos e responsabilidades entre pais, mães e responsáveis; atenção especial a mães que optam por entregar seus filhos à adoção e gestantes em detenção; atendimento domiciliar, especialmente para crianças de famílias em condições de vulnerabilidade; e atendimento integral e articulação intersetorial.

“Esses são alguns pontos importantes que o Marco Legal traz. Quando a empresa ou instituição for apoiar algum programa ou projeto de investimento social é preciso ficar atenta para ver se ele conversa com essas temáticas”, explicou.

Investindo na Primeira Infância

Entre os pontos estratégicos de investimento na Primeira Infância, Resende destacou programas baseados em centros que focam na prontidão escolar; programas domiciliares baseados na mudança de comportamento em relação a saúde, nutrição e cuidados parentais; campanhas de mobilização social para famílias com filhos pequenos; e  transferência condicionada de renda para famílias com crianças pequenas.

Resende citou a necessidade de se investir na primeira infância, apontando o prêmio Nobel de Economia de 2000 (James Heckman), apontando que o investimento na primeira infância pode garantir incremento de até 60% à renda da população e reduzir problemas de baixa escolaridade, violência e mortalidade infantil.

“É preciso uma articulação pela Primeira Infância e ela tem que ser com os governos, envolvendo saúde, educação e assistência, a academia, os investidores privados, as OSC, as famílias e a comunidade. Todos esses atores são necessários e o investidor privado ao pensar em investir na Primeira Infância, não pode pensar no investimento solo. Tem que pensar em investir em rede”, enfatizou. 

Programas e projetos

A Fundação FEAC vem investindo há anos nos primeiros anos das crianças, por meio do seu programa Primeira Infância em Foco (PIF). No encontro, o superintendente da FEAC apresentou o projeto Novo Olhar, que visa garantir que toda a criança se desenvolva adequadamente de acordo com sua faixa etária, considerando eventuais peculiaridades e limites.

O projeto atua na identidade para a remoção de barreiras atitudinais, que impedem o pleno desenvolvimento, trabalha na intensificação da participação da família na escola e visa a educação infantil como direito, o desenvolvimento global dos pequenos e a valorização de singularidades e diversidades. “Entendemos que toda criança é capaz de aprender e que  brincar é o modo mais eficiente para a criança se desenvolver”, acrescentou.

Outro projeto que será implantado pela Fundação FEAC no próximo ano é a Semana do Bebê, uma estratégia de mobilização social cujo objetivo é tornar o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento infantil uma prioridade na agenda dos municípios brasileiros. “Essa é uma estratégia de mobilização social cujo objetivo é tornar o direito e a sobrevivência ao desenvolvimento infantil uma prioridade na agenda dos municípios brasileiros. É colocar em evidência a importância dos cuidados na Primeira Infância e o desenvolvimento pleno das crianças”, finalizou.

Encontro

O evento realizado pela Fiesp e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), aconteceu nos dias  6 e 7 de outubro e teve como objetivo discutir a importância do investimento na Primeira Infância com foco no desenvolvimento da criança, dos negócios e do país. Como o investimento nos primeiros seis anos de vida de uma criança podem torná-la um profissional qualificado, no futuro, e como as indústrias podem se tornar competitivas por meio da educação foram o mote dos dois dias de webinar apoiados pela United Way Brasil, Sesi-SP, Sanasa Campinas, Fundação Feac e Prefeitura de Campinas.

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