Projeto aconteceu em parceria inédita com a Fundação FEAC

 

(Por Camila Mazin)

 

Com o grito “ser diferente é normal” e apresentações de dança e musical, cerca de 60 adolescentes com idade entre 13 e 15 anos ocuparam o palco do Teatro Sesi Campinas para passar a mensagem de que cada um é perfeito do jeito que é, e que a diferença nunca foi um defeito. 

 

Numa parceria inédita entre Fundação Educar Dpaschoal e Fundação FEAC, 18 adolescentes do serviço de acolhimento de Campinas foram convidados a participarem da Academia Educar em 2019 e se formaram na noite do dia 11 de dezembro numa cerimônia de formatura cheia de emoções, representatividade, protagonismo e mensagens positivas.

 

A Academia Educar é um projeto da Fundação Educar Dpaschoal que desenvolve o protagonismo juvenil, as capacidades emocionais e a cidadania ativa de adolescentes de escolas públicas com base nos 4 pilares da educação estabelecidos pela UNESCO: Aprender a Ser, Aprender a Conviver, Aprender a Aprender e Aprender a Fazer. Esse ano foi especial pela participação dos adolescentes acolhidos pelas instituições AEDHA, Casa Betel, Lar da Criança Feliz, UNIASEC e Aldeias Infantis

 

De acordo com Cristiane Stefanelli, coordenadora de projetos para o Protagonismo da Fundação Educar DPaschoal, o foco do trabalho com os adolescentes acolhidos foi no pilar “aprender a ser”, uma vez que eles já possuem uma vivência cheia de marcas e lembranças ruins. “Tivemos que trabalhar questões de auto estima, auto cuidado, regulação, sonhos e projeto de vida, afinal, queremos gerar jovens protagonistas capazes de escrever sua própria história e estar no controle dela, conhecendo oportunidades, ampliando visão de mundo, fazendo escolhas e tomando decisões responsáveis”, afirmou. Além disso, esses jovens aprenderam a identificar os problemas sociais e buscar soluções para cada um deles, se tornando parte atuante do seu território, comunidade, escola e família. 

 

Eu quero, eu posso, eu consigo!

 

Foram oito meses de muito trabalho no qual os 18 adolescentes em situação de acolhimento desenvolveram suas capacidades socioemocionais, descobriram que tudo é possível e eles são capazes de chegar onde quiserem, basta acreditarem neles mesmos.

 

E foi com essa certeza de poder alcançar e realizar os seus sonhos que os adolescentes finalizaram a Academia Educar. Para K.L., de 15 anos, foi uma experiência única e cheia de novos conhecimentos que proporcionou crescimento e conhecimento pessoal. “Entrei na Academia de um jeito e sai com uma visão além, com sonhos muito maiores. Estou estudando inglês, quero fazer intercâmbio e agora sonho em ser legista. Foi maravilhoso participar desse projeto, se pudesse iria de novo porque eu entrei isolada e hoje saio com muitos amigos”. comentou.

 

Para C.J., adolescente de 15 anos, participar da Academia impactou diretamente na sua vida pessoal. “Me diverti muito e aprendi a enxergar o mundo de uma maneira diferente. Percebi que meu comportamento mudou e hoje eu estou muito mais responsável”, afirmou.

 

De acordo com a coordenadora técnica da Associação de Educação do Homem de Amanhã – Guardinha, Joana Ivete dos Santos, participar da Academia Educar é uma oportunidade para que os adolescentes se conheçam, se relacionem com outros adolescentes e possam sonhar alto. “Essa oportunidade os ajuda a perceber que eles podem fazer por eles mesmos, que independente da situação e da condição, eles têm habilidade e não precisam esperar de ninguém” acrescentou.

 

Jonatan Silva Gondin é Educador Social da Casa Lar Nosso Sonho e acompanhou o desenvolvimento da adolescente E.R. de 13 anos na Academia Educar nos últimos dois meses. De acordo com ele, o comportamento da adolescente mudou e ela passou a sonhar mais e encarar o mundo de outra maneira, com mais vida e oportunidades. “Eles precisam ser motivados e inspirados naquilo que eles gostam. Nós como educadores sociais precisamos guiá-los pelos melhores caminhos para que eles alcancem aquilo que eles querem”, completou.

 

A parceria entre o programa acolhimento afetivo e a Academia Educar teve como objetivo a preparação dos adolescentes entre 13 e 15 anos trabalhando principalmente a autonomia, tão importante para os jovens que vivem em acolhimento, os preparando para a vida independente e adulta, acrescentou Ana Lídia Puccini, líder do programa Acolhimento Afetivo.

 

Programa Acolhimento Afetivo

O Programa Acolhimento Afetivo é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe no bem-estar e proteção das crianças, adolescentes, adultos e idosos em situação de acolhimento. Tem como objetivo garantir espaços de construção de identidade e cidadania plena, ampliando as redes individuais de vínculos familiares e sociais protetivos.

Mais informações: https://www.feac.org.br/acolhimentoafetivo/