(Por Laura Gonçalves Sucena)

São tintas, pinceis, lápis e muita cor para instigar a imaginação dos pequenos. Dessa forma, a arte entra nas instituições de educação infantil para trabalhar os sentimentos e as sensações das crianças e estimular o processo de desenvolvimento por meio das interações entre os elementos artísticos e o ambiente.

Na Casa da Criança de Sousas, o envolvimento com a arte se deu com o programa Primeira Infância em Foco (PIF), do Departamento de Educação da Fundação FEAC. A ideia era estimular nos pequenos a capacidade de pesquisa, de invenção e do fazer, por meio da exploração das linguagens expressivas, tornando-os mais sensíveis, autônomos e criativos.

Para isso, a professora de artes Kristiane Barbarini trabalhou durante um ano com as crianças e com os professores. “Encontrei um espaço aberto e receptivo. A arte faz parte da vida da criança como instrumento de leitura do mundo e de si mesma. Possibilita que os pequeninos adquiram atitudes essenciais para o desenvolvimento, como senso crítico, sensibilidade e criatividade”, falou.

Durante a formação, todas as linguagens foram abordadas. “Trabalhamos com a construção de materiais, pintura, escultura, colagem e desenho. As crianças descobriram um mundo novo e até mesmo os profissionais perceberam que é possível trabalhar com arte sem gastar muito. Usamos materiais do dia a dia, como papelão, plástico, caixas e muito mais”, explicou a professora.

Para a diretora da Casa da Criança de Sousas, Célia Regina Fossaluzza, instituição parceira da Fundação FEAC, a arte chegou na creche para revolucionar. “As crianças ganharam autonomia, descobriram um novo mundo e conseguiram explorar sensações. É um brincar que instiga todos os sentidos. Foi enriquecedor”, declarou.

Nas vivências, os pequenos aproveitam o tempo para se expressarem e aprenderem com seus sentidos. “É o desenvolver da criatividade, da sensibilidade, do conhecimento, da autonomia, da autocrítica, da autoestima, das relações saudáveis com os colegas e adultos, do respeito às suas ideias, do prazer em realizar, da segurança, da autonomia emocional e do prazer estético”, completou a professora.

O Centro Infantil Tia Nair também recebeu a formação de artes. Lá, a professora também trabalhou com os profissionais da instituição e com as crianças. “Utilizamos os materiais disponíveis e levamos as crianças para criar na natureza. A arte transforma, gera interesse de pesquisa e exploração de materiais, além de despertar a curiosidade. Os pequenos acabam enxergando o mundo com outros olhos porque têm a sensibilidade despertada”, garantiu Kristiane.

O professor deve oferecer para seu aluno diversidade de materiais, fornecendo suportes e técnicas, bem como desafios que venham favorecer o crescimento dos pequenos. Um ambiente estimulante permite a exploração de novos conhecimentos, e foi isso que ocorreu também na formação de artes realizada no Centro de Formação Semente da Vida.

Para a professora, mais do que só desenhar, os pequenos ao entrarem em contato com as artes estão construindo uma história e fazendo uso dos símbolos para comunicar e representar ideias e sentimentos. É muito importante que a creche e os educadores disponibilizem recursos que estimulem o desenvolvimento artístico das crianças, deixando-as livres para se expressar e inventar coisas.

Exercitar as habilidades artísticas na primeira infância incentiva a cooperação nos trabalhos em equipe e a determinação e perseverança para planejar e concluir um projeto. “Nesse período, a arte acaba possibilitando que a criança amplie seu conhecimento, suas habilidades e a descoberta de suas potencialidades”, resumiu.

Exposição de arte

Nas três instituições parceiras da Fundação FEAC, a formação de artes resultou numa exposição dos trabalhos desenvolvido pelos pequeninos.

O trabalho com as artes na infância tem um significado importante para o desenvolvimento psicomotor e da inteligência das crianças, que são estruturados a partir das mais variadas formas de contato com o mundo. Por isso, a exploração dos materiais artísticos deve ser integrada na rotina de atividades como instrumento de estimulação.

Nas unidades de educação infantil que realizaram as exposições de arte, os pequenos tiveram a oportunidade de se expressarem por meio de diferentes manifestações de criatividade e de imaginação e compartilhar não só com seus pares, mas com toda comunidade escolar e familiares.

De acordo com Adriana Nunes da Silva, assessora técnica do PIF, todas as exposições conseguiram transmitir com clareza os processos construídos e vividos de forma intensa por cada turma e criança. “Não só nos trabalhos expostos, mas também nos vídeos apresentados, os adultos (pais, familiares, educadores e visitantes) tiveram a oportunidade de observar o potencial de interesse, exploração e aprendizagem das crianças ao longo de todo o percurso de criação” pontuou.

“As exposições se tornaram constantes nos espaços das instituições e, atualmente, momentos significativos do dia a dia transformam-se em provocações que complementam o fazer artístico e vão para as paredes”, completou a assessora.

“É importante que as criações artísticas dos pequenos sejam expostas. Quando eles veem suas produções, se sentem pertencentes ao local, aceitos, e isso é muito bom porque aumenta o desejo de continuar a produzir, a desenhar, enfim, a continuar criando”, completou Kristiane.

Mesa de Luz

Outra instituição parceira da FEAC que está investindo nas artes é o SPES- Serviço Social da Paróquia de São Paulo Apóstolo, que também passou pela formação ministrada pela professora Kristiane. Com a aquisição de uma mesa de luz, a ideia é despertar o interesse estético das crianças e o desenvolvimento cognitivo.

A mesa de luz é uma caixa retangular de madeira com tampa de acrílico e uma instalação elétrica com lâmpadas que refletem através do acrílico branco. Sobre o acrílico são colocados diversos materiais para pesquisa e exploração, como tintas, areia colorida, papel celofane, entre outros. Com pequenos grupos, o educador que conduz a atividade encoraja as crianças a discutirem as possibilidades de realização de novos experimentos com o material disponível.

Michelly Salomão, orientadora educacional do SPES, explica que a ideia de adquirir a mesa veio para promover o processo criativo dos pequenos. “Pós formação da professora Kristiane, que nos trouxe materiais e explicou o que gera interesse da criança, começamos a atividade com pequenos de 2 anos e eles adoraram”, falou.

Para Kristiane, é fundamental que as crianças se desenvolvam com alegria e ao brincar elas constroem e descobrem o mundo existente em cada uma. “Com a mesa de luz, também é importante que o professor esteja sempre presente, fazendo parte do processo de descoberta da criança, abrindo a mente para novas ideias e novos materiais, não só entendendo, mas vivenciando as linguagens da arte com a criança”, finalizou.

Saiba mais:
www.sementedavida.org.br
www.casadacriancadesousas.org.br
www.arquidiocesecampinas.com/local/spes-creche-cenaculo
www.atelierperlinfanzia.com.br/