(Por Laura Gonçalves)

As crianças correm, jogam futebol, basquete, handball e ainda brincam. O esporte e a recreação fazem parte das aulas do programa Corpo e Mente Saudável do Centro Socioeducativo Semente Esperança. A entidade, parceira da Fundação FEAC, atende cerca de 90 crianças no contraturno escolar. As atividades físicas e criativas fazem parte das estratégias para fortalecimento de vínculos sociais e familiares.

Divididos em grupos, as crianças e jovens de 6 a 14 anos participam das oficinas de Recreação; Recreação Esportiva e Criando para Brincar e de outras atividades de lazer. O objetivo é desenvolver habilidades físicas e motoras e ainda despertar nos participantes sentimentos como cooperação, união, disciplina e respeito.

Na oficina de Recreação, as crianças de 6 a 10 anos participam de brincadeiras e jogos que utilizam a coordenação motora, lateralidade e equilíbrio. “Visamos ir além da questão cognitiva, pois é a hora de fazer atividades que aliviam o estresse. É o momento de socialização, convívio, superação de limites”, ressaltou a educadora, Daniele Januário.

O momento também contribui para o fortalecimento de vínculo entre educador e educando. “Nesses momentos de convívio trabalhamos o respeito, a disciplina e a responsabilidade. O esporte ainda faz com que essas crianças compreendam de forma efetiva o que é o trabalho em equipe, que será levado para toda a vida”, enfatizou a educadora.

Para a professora da Recreação Esportiva, Nívea Moreira da Silva, o esporte ainda trabalha de forma lúdica as regras de jogos complexos, como handball e badminton. “Nessa brincadeira ainda estão inseridas noções como a persistência e o comprometimento. Acredito que o esporte é eficaz para a vida e passo isso às crianças”, admitiu.

A instituição, localizada no bairro Jardim Baronesa, em Campinas/SP, também dribla o problema do espaço, uma vez que o prédio não conta com quadra esportiva.  As crianças e adolescentes muitas vezes utilizam a Praça Municipal Vila Lemos que conta com área ampla e campo de futebol.

Na oficina esportiva, os participantes aprendem regras dos jogos, movimentos e treinam os esportes preferidos. São ensinados o futebol, vôlei, basquete e handball.  “Nesses momentos também percebemos que alguns jovens se destacam e apresentam aptidão para alguma modalidade. Outros são mais líderes e outros mais colaborativos. Cada um tem sua especificidade”, explicaram as educadoras.

De acordo com a coordenadora da instituição, Priscila Graner, as oficinas contam com a intencionalidade pedagógica, que se constitui na organização da aula de maneira planejada, criativa e capaz de produzir um efeito positivo na aprendizagem do aluno. “Não ensinamos somente com a finalidade do conhecimento da prática esportiva, mas também com o objetivo da criança conhecer seu corpo, desenvolvê-lo, entender a regra, fortalecer o vínculo”, admitiu.

As práticas esportivas, de recreação e de lazer, no contexto do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, devem ser utilizadas dentro de um percurso no qual sejam considerados quatro aspectos: cenário, personagem, significados e modalidades. “Não se pode ofertar o esporte de maneira subjetiva ou na perspectiva da formação de atleta, mas sim, pensada no desenvolvimento humano global, visando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários”, pontuou o assessor social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC, Alann Scheffer Oliveira.

Entre os benefícios da prática esportiva está o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes que os capacita a lidarem com suas necessidades, desejos e expectativas. Nesse processo, os jovens também adquirem tais habilidades e aprimoram competências esportivas, sociais e comunicativas.

Mente sã

Outra oficina que faz sucesso no Semente Esperança é a Criando para Brincar. Com o objetivo de desenvolver a criatividade da molecada, a atividade utiliza materiais diversos para a criação de novos brinquedos. “É mais uma maneira de brincar e reutilizar, fazer uma reciclagem para a criação de novos objetos”, apontou o educador Alexandre Fernando Silva.

“Percebemos nas crianças uma limitação imposta por conta desse mundo tecnológico. Mas também percebemos que eles têm a necessidade de usar a imaginação, então a atividade veio para romper a limitação da criatividade. Não é somente fazer brinquedos a partir de sucatas. Damos os materiais, propomos um tema e a partir daí a criança vai superar a função do objeto e criar, colocar a cabeça para funcionar por meio da imaginação. No final da aula é preciso ter o cenário do tema proposto. Consequentemente, a brincadeira vem e o melhor é que começa por meio de um desafio”, completou.

E para completar as atividades, as crianças e adolescentes ainda participam das iniciativas de lazer como passeios. “O objetivo é levá-los para outros lugares, sair da rotina e conhecer espaços novos. Isso amplia o leque de possibilidades e faz com que essas crianças enxerguem um mundo diferente, que foge do dia a dia deles”, finaliza a coordenadora.

Saiba mais: www.sementeesperança.org.br