Laura Gonçalves

Um grande quintal onde as crianças têm liberdade para brincar e aprender. Assim é o Centro de Educação Infantil (CEI) Profa. Thermutis Araújo Machado, escola municipal localizada no DIC II que atende cerca de 500 crianças entre zero e cinco anos. Lá, os alunos aprendem em diversos espaços, convivem fora da sala de aula e usam a imaginação como aliada do aprendizado.

A preocupação com os espaços das crianças e dos bebês é levada a sério pela equipe educacional da unidade. “Em 2010 iniciamos um estudo sobre os tempos e os espaços na educação infantil. A partir dos estudos, criamos o projeto ‘Experimentando o mundo em nosso quintal’ realizando uma identificação das áreas com a ajuda de um arquiteto voluntário e assim conseguimos uma melhora na escola”, explicou a orientadora pedagógica Cristiam Maria da Silva.

O arquiteto Renan Pinotti, visitou a unidade e seus espaços, conversou com a equipe, as crianças e fez um projeto de reformulação pensando nos elementos da natureza: fogo, terra, água e ar. “Isso foi muito importante porque criamos lugares diferenciados para os pequenos, oferecemos estímulos e experiências diversificadas”, completou Cristiam.

Em todas as áreas o que impera é a brincadeira, porém em cada uma delas as atividades são direcionadas. “Tentamos brincar com balanços, bolhas de sabão e avião de papel no Espaço Ar e até já fizemos fogueiras no Espaço Fogo, sempre com muito cuidado e atenção. E ainda criamos o Espaço Coração, nosso quinto elemento que se tornou um lugar de acolhimento da escola”, pontuou a professora Sabrina Zanchin.

As áreas ainda estão sendo incrementadas e elaboradas, e a ideia é conseguir verba de patrocínio para viabilizar o projeto e deixar esses locais mais adequados. “Queremos usar cores que se comuniquem com os elementos e temos diversas ideias, como por exemplo fazer um moinho d´água no Espaço Água. Quem sabe até uma microprodução de energia elétrica”, idealizou a professora Isadora Franco Di Gianni.

As decisões e mudanças fazem parte do projeto pedagógico que é construído por toda a equipe escolar e dialoga inclusive com os alunos e suas famílias, numa gestão democrática e compartilhada, onde todos são responsáveis pelas decisões. “A participação de todos os sujeitos envolvidos com a unidade educacional visa o avanço no processo de qualificação. Por isso queremos trazer os pais para a escola, ouvir nossos funcionários e dar voz às crianças”, explica a orientadora pedagógica da unidade.

Outros projetos

Oferecer a leitura para crianças desde sua idade mais tenra tem importância definitiva no seu desenvolvimento ao longo da vida. Desta forma, o CEI Profa. Thermutis criou o projeto ‘Biblioteca Ativa’ que visa despertar o encantamento pela leitura e levar o livro pra dento da sala de aula.

“Queremos fazer com que as crianças se familiarizem, desde cedo, com o livro, e cresçam achando a leitura uma atividade tão divertida e prazerosa quanto o brincar. Ter o livro como aliado está muito presente e isso traz naturalmente a escrita. Os alunos acabam ficando fascinados e assim aparece também a vontade de escrever”, explica a professora Isadora.

Estimulando a criatividade e a imaginação dos pequenos, a escola toda é envolvida no projeto de leitura que acaba cativando os alunos e gerando benefícios ao processo de ensino e aprendizagem.

Aleitamento Materno

Outra ação que vem crescendo e enchendo os olhos da equipe do CEI Profa. Thermutis é o incentivo ao aleitamento materno, em que as educadoras trabalham com as mães evidenciando a importância desse alimento.

“Orientamos as educadoras para que elas recebam o leite congelado e também incentivamos as mães a armazená-lo e levá-lo até a escola, apontando os benefícios desse alimento. Além disso, abrimos as portas para receber as mulheres que desejam amamentar durante o período das aulas”, explicou a professora Isadora.

Outra figura importante que levantou a bandeira do aleitamento é a cozinheira Lucilene Galdino de Melo, carinhosamente conhecida como Lu. “A professora Isadora me falou sobre o projeto de aleitamento e eu vesti a camisa, porque é muito legal! Faço muita propaganda até mesmo no bairro. Levo cartazes sobre o tema para o comércio da região, converso com as mães e falo que a criança que toma o leite materno fica mais forte e aprende mais. É uma vacina”, relata.

De acordo com a professora, a cultura do desmame está diminuindo entre as mães da unidade de ensino. “Também estamos com parceria com o Centro de Saúde do nosso bairro, com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família da Região Sudoeste e com o Banco de Leite da Maternidade. Tudo isso para incentivar o consumo do leite materno”, completou Isadora.

Educação Especial

A Profa. Thermutis Araújo Machado é referência de educação inclusiva no município de Campinas, com seis alunos com deficiência diagnosticados. “Trabalhamos também a partir de nossas observações porque queremos integrar a criança em sala de aula e em todas as nossas propostas, por isso vamos além dos diagnósticos fechados”, falou a professora Sabrina.

A escola conta com uma professora de educação especial que acompanha os alunos desde o Agrupamento 1 (zero a 1 ano e 6 meses). “É essencial esse acompanhamento desde cedo porque o desenvolvimento e evolução dessa criança é muito maior. Além disso, também mantemos contato próximo com as famílias, trocamos informações, orientamos e encaminhamos às entidades de Campinas que fazem o trabalho de educação especial no contraturno escolar”, enfatizou a professora.

Encontro com as famílias

Trazer a família para a escola é prioridade. Os encontros começam no início do ano com o acolhimento, quando as famílias conhecem os profissionais da unidade e são apresentados à proposta de trabalho. Numa segunda oportunidade, os familiares são recebidos na unidade de ensino para falar como as crianças estão se adaptando e como estão se sentindo em relação à escola.

Há também o encontro formativo, quando a família traz temas que serão discutidos durante o ano. “Pesquisamos previamente com os pais assuntos que eles querem tratar e daí promovemos um bate-papo”, explica a orientadora.

“No final do ano há a confraternização, quando conversamos com a família e é feita uma avaliação de ambas as partes. É um momento em que nós falamos e ouvimos”, relata Cristiam.

Além dos quatro encontros do ano, a escola ainda promove a Semana da Família. Durante dois ou três dias há uma programação especial para as famílias. “Pais e filhos curtem atrações como teatros, espetáculos de circo e também podem brincar. É uma maneira de criar vínculos e estreitar a relação entre escola e família”, garante a orientadora.

Desafios

Apesar de já ter um vínculo garantido com as famílias, a equipe de educadores da escola quer estreitar ainda mais os laços. “Trazer os pais para a escola sempre será um desafio nosso porque essa convivência é muito enriquecedora e vamos continuar trabalhando nisso”, explica a professora Sabrina.

Outro problema enfrentado pela unidade de ensino é a fila de espera para a matrícula. “Temos também o desafio com relação às vagas. Nossa fila de espera é enorme e cresce cada vez mais”, garante a orientadora.

De acordo com Cristiam Maria, a escola tem mais alunos do que comporta e isso é um problema. “A família quer uma vaga e não temos, daí eles vão buscar o auxílio do Conselho Tutelar, que encaminha para nós. E alguns casos vão para a justiça e com isso temos que aceitar o aluno. Não temos o que fazer. A forma como essa vaga é oferecida não é saudável mesmo para os estudantes, mas vamos continuar nosso trabalho com qualidade e muita determinação”, pondera.

Conheça mais sobre o CEI Profa. Thermutis Araújo Machado: https://www.facebook.com/QuintalThermutis/?fref=ts

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