(Por Ingrid Vogl)
Ouvir, respeitar, aprender, colaborar, compartilhar, fazer diferente, conviver democraticamente. Com essas e outras definições usadas para justificar a presença no encontro, o grupo de cerca de 30 pessoas que compareceram à segunda reunião do Ciclo de Diálogos em Educação se apresentou e participou da atividade cujo principal objetivo é discutir, criar e efetivar práticas inovadoras que impactem qualitativamente na educação em Campinas.
O encontro que ocorreu na sede da Associação de Educação do Homem de Amanhã (Guardinha) na manhã desta terça-feira, dia 6 de fevereiro, contou com representantes de institutos, redes públicas municipal e estadual de ensino, escolas privadas, além de especialistas, professores, gestores, alunos e pais. O time heterogêneo, com visões e perspectivas diferentes, se uniu para uma finalidade comum.
O Ciclo de Diálogos em Educação é uma iniciativa da Fundação FEAC e realizado pela Core Inovação Social. A ação faz parte do projeto Educalab e compõe o Programa Educação da FEAC. “Com a certeza de que todos alunos são capazes de aprender e com o desafio de superar os resultados da escola, não apenas nas avaliações oficiais, mas principalmente na formação integral de indivíduos que irão pensar e agir coletivamente em prol de toda uma comunidade, a FEAC investe nesta iniciativa com a certeza que que a articulação e os diversos pontos de vistas podem sim gerar soluções inovadoras”, justificou Cláudia Chebabi, gerente do Departamento de Educação da Fundação.
Segundo César Matsumoto, coordenador do Ciclo de Diálogos, a ideia foi apresentar a proposta à pessoas que não haviam participado do primeiro encontro, ocorrido em dezembro do ano passado. Para convidar os representantes dos diversos segmentos da educação em Campinas, César e Denise Castro, que também é responsável pelo Ciclo, visitaram e dialogaram individualmente com componentes do grupo antes mesmo do encontro.
“Estamos trazendo a fala impressa de muitas pessoas com as quais conversamos para refletir sobre o que as vozes desse campo da educação têm para contar para a gente, e assim, discutir sobre o que as pessoas ligadas à educação de todos os segmentos pensam”, explicou Cesar.
A partir dessa reflexão, o grupo discutiu sobre o que é preciso para que os participantes cheguem a um objetivo comum. “O diálogo se dá na diversidade. Todo mundo aqui tem o objetivo de oferecer uma escola pública de melhor qualidade, mas cada um tem uma concepção diferente do que significa e quais meios para isso. Nessas concepções temos desde especialistas, pais, pessoas com muita boa vontade e com algo em comum: todos muito atuantes”, avaliou Telma Vinha, pedagoga e doutora em educação na área de psicologia, desenvolvimento humano e educação pela Unicamp.
A especialista acredita que é possível chegar a um denominador comum se houver um princípio único. “É preciso compartilhar princípios para se pensar em uma solução com protagonismo, educação respeitosa, justa, competente e a convivência democrática. Se acontecer tudo isso com pessoas olhando na mesma direção, mas com perspectivas diferentes é possível encontrar um denominador comum”, disse.
Adriana Gomes de Araújo, mãe de alunos das redes municipal e estadual de ensino de Campinas, acredita que o grupo precisa respeitar as diferentes ideias, participar de um processo de desconstrução para que haja a construção coletiva. “Estou cheia de expectativas com o Ciclo. Se o grupo conseguir se desarmar, acredito que vamos fazer a diferença não só em Campinas, mas até mesmo no Estado e quem sabe no Brasil. Acredito no diálogo, na troca de ideias, no respeito e no resgate de amor, que leva a olharmos e ouvirmos o próximo. Se conseguirmos fazer isso com foco em soluções dos problemas educacionais já expostos, a formação desse grupo trará crescimento pessoal e uma transformação para a educação de Campinas”, contou.
Flavia Martins Guimarães, orientadora pedagógica da rede municipal de ensino de Campinas, avaliou o momento como um encontro de pessoas curiosas com o propósito do Ciclo e esperançosas de uma educação com mais qualidade em Campinas. “Quem veio aqui acredita no outro e em si mesmo como catalizador para fazer algo diferente. Essa representatividade presente no Ciclo é múltipla não só no pensar e no fazer, mas com pessoas que atuam em espaços diferentes e conhecem um pedacinho de cada segmento educacional da cidade. Por isso, creio que juntos vamos conseguir fazer uma limpeza mental dos nossos preconceitos e bandeiras, e construir uma vontade coletiva, um olhar de todos”.
Imersão
Segundo Cesar, o próximo passo do Ciclo de Diálogos em Educação é planejar com os participantes uma imersão de dois dias no mês de março, em uma primeira experiência para o Laboratório de Inovação Social. “Nossa proposta prevê três imersões que pretendemos fazer ao longo da jornada de um ano do Ciclo. O processo imersivo é de transformação, tanto pessoal quanto sistêmico da educação”, explicou.
O Laboratório de Inovação Social é a fase posterior ao Ciclo de Diálogos, quando o grupo engajado na busca por uma educação com mais qualidade planejará protótipos, isto é, iniciativas inovadoras que visam um impacto positivo na educação de Campinas. A última fase do projeto Educalab consiste na experimentação dos protótipos: projetos rápidos, baratos e pequenos, para que sejam testadas hipóteses do que pode dar certo na educação, identificando a partir da experiência prática os pontos que se alterados podem vir a criar grandes mudanças.
Ciclo de Diálogos
O Ciclo de Diálogos em Educação é uma iniciativa baseada na Teoria U que pretende fomentar um campo de diálogo e de colaboração transetorial. A meta do grupo será co-criar, re-compreender os desafios e caminhos possíveis para uma educação de qualidade.
Segundo Cláudia Chebabi, o Ciclo de Diálogos é um espaço que se constitui pelo interesse em colaborar com uma questão social, nesse caso a educação, que impacta diretamente na vida de todos e no desenvolvimento, inclusive econômico, de uma cidade. “Participar desse grupo é um convite para superarmos discursos polarizados e encontrarmos pontos de convergência nos diálogos e nos interesses, de modo a atuarmos em uma mesma causa. Pretendemos reconhecer e valorizar a diversidade de ideias e atores, suas trajetórias e saberes, e assim potencializar o resultado de uma ação com maior poder de transformação social”, explicou.
Mais informações: