(Por Laura Gonçalves Sucena)

“Nossa visão em relação à gestão estratégica foi ampliada, principalmente no aspecto da sustentabilidade, em que temos desde a captação de recursos, o voluntariado e também o engajamento e a comunicação. Estou me sentindo mais segura para realizar minha função e a direção da instituição também está mais convergente e unificada.” A declaração de Carmen Martinez, relações institucionais da Fundação Eufraten, deu o tom do último encontro do Gerir Estratégico de 2019, quando os participantes puderam relembrar o que foi aprendido durante todo o ano.

Logo no início do encontro, as instituições do Gerir Estratégico – que também participaram da Rodada Social – ficaram sabendo que um cliente oculto avaliou todos os projetos das Organizações da Sociedade Civil (OSC) participantes da rodada. O objetivo foi identificar pontos a serem trabalhados.

“Todas as OSC que estavam na Rodada Social irão receber um relatório feito pelo cliente oculto com os pontos positivos e os desafios. Também ganharão um capital semente que deverá ser aplicado ainda este ano num ponto específico a fim de fortalecer a instituição”, explicou Luís Gustavo de Sousa, analista da Phomenta.

Em seguida, num clima de descontração, os representantes das instituições participaram de uma gincana para relembrar as ferramentas e pontos discutidos durante todo o ano. Com muito bom humor, todos testaram seus conhecimentos, lembraram de maneiras de captar recursos, o funil de parcerias, planejamentos, pitch e outras ferramentas de inovação, empreendedorismo e gestão.

As OSC puderam realizar uma avaliação de processos internos e recomendações de boas práticas, para uma gestão mais moderna e eficiente, sempre pautada no impacto social

“O maior ganho deste ano é que as pessoas se entenderam como empreendedores sociais. Elas conhecem, entendem e resolvem um problema social existente e isso é muito importante. Com as ferramentas que foram passadas durante todo o ano é possível entender o presente da organização, o contexto atual, e dessa forma pensar e prever o próximo passo da organização. Todos têm consciência de onde estão e conseguem ter o entendimento para onde estão indo”, comentou Luís Gustavo.

Segundo o analista, houve muitos ganhos para as instituições que participaram do Gerir Estratégico. “Num ano de muito trabalho, percebemos que os participantes já identificam ferramentas de captação de recursos diferenciais, como emendas parlamentares, por exemplo. Também conseguem se aproximar de empresas com um discurso diferenciado, sem o viés de assistencialismo, mas sim mostrando que a responsabilidade social tem que estar na estratégia da empresa”, completou.

Para Nathália Garcia, líder do Programa Qualificação da Gestão das OSC, o projeto atingiu seu objetivo: “Por meio dos encontros, dos webinars, aplicação de ferramentas e trocas de experiências, foi possível perceber que as organizações mudaram sua postura, reavaliaram sua missão, visão, valores e objetivos. As organizações fizeram mudanças de grande relevância para a ampliação do impacto social, que era nosso principal objetivo. Esta foi a primeira edição do  Gerir Estratégico e foi muito gratificante ouvir os depoimentos de transformação dos participantes.”

Encerrando o ano

Os participantes também realizaram um estudo de caso no qual foram desafiados a apresentar o plano de sustentabilidade econômica de uma organização hipotética para o próximo ano e apresentá-lo para um conselho que realizou questionamentos. Para isso, todos realizaram um diagnóstico, a construção de um plano e montaram a apresentação para o conselho.

De acordo com Ricardo Leite de Moraes, coordenador geral do Centro Comunitário do Jardim Santa Lúcia, com o Gerir Estratégico foi possível avançar nas ferramentas de gestão. “Hoje tenho plena certeza que temos mais ferramentas e estamos mais qualificados para conseguir alcançar nosso objetivo. Compartilhamos nosso conhecimento com a equipe e isso está sendo internalizado. Estávamos acostumados a trabalhar numa lógica de apagar incêndio e isso está mudando. Não é fácil colocar em prática o que estamos aprendendo porque começam os desafios, mas só assim vamos crescer.  Nosso planejamento estratégico para 2020 será feito com ferramentas que aprendemos e tenho certeza que com muito mais qualidade”, comentou.

Marco Antônio Caporalli, presidente da Casa da Criança de Sousas, também encerra o Gerir Estratégico com um novo olhar para a instituição. “Agora temos novas visões para problemas antigos, que são recorrentes em várias instituições. É um processo consistente e detalhado. Estamos num processo dentro da organização com uma visão mais dinâmica e de futuro e, para isso, estamos envolvendo nossa equipe porque é necessário o envolvimento e comprometimento de todos para essa mudança”, relatou.

Qualificação da Gestão das OSC

O Gerir Estratégico faz parte do programa Qualificação da Gestão e é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe para que Organizações da Sociedade Civil adotem boas práticas com objetivo de operarem de forma autônoma, com processos de gestão eficientes, conformidade, regularidade e, principalmente, impacto social significativo.