Uma noite para se pensar sobre a participação efetiva da escola nas decisões e rumos da educação. Assim aconteceu o Encontro Mensal do Compromisso Campinas pela Educação (CCE), na noite da última quinta-feira,  30 de junho, no auditório da Fundação FEAC.

O evento teve como tema “A escola e o Plano Municipal de Educação (PME)”, e contou com a palestra da pedagoga e especialista em psicologia educacional, Flávia Vivaldi, que questionou a qualidade moral da população, e frisou a necessidade da mudança de paradigmas, como a submissão da escola frente às decisões que são tomadas por instituições superiores por meio de política públicas.

“Discutir o PME não resolve. É preciso ter ferramentas na escola para que todos possam participar de fato deste processo. E para isso, o educador precisa ter um olhar mais crítico e reflexivo, porque isso está no objetivo dele, quando o profissional traça seus planejamentos diários, semestrais ou anuais o que ele pretende contribuir na formação dos alunos, e isto muitas vezes não é exercitado”, afirmou Flávia Vivaldi.

Segundo ela, o educador precisa praticar a criticidade, a participação, o diálogo e a cobrança do direito e do espaço de fala. Dessa maneira, espaços para reflexão na escola podem ser criados para a participação da comunidade escolar.

 “Para que haja um espaço reflexivo é preciso de uma gestão democrática funcionando de fato. Porque se a escola não servir para promover a transformação social, ela não serve para nada”, provocou a plateia para a reflexão do assunto.

Debate

Após a palestra, Flávia Vivaldi mediou o debate que teve como pergunta norteadora “O Plano Municipal de Educação acontece na escola?”, onde participaram os gestores de escolas públicas de Campinas: Adriano Caetano Rolindo (Escola Estadual Manoel Alexandre Marcondes Machado); Azis Julio Salles Ramos (Escola Municipal de Ensino Fundamental – Emef Oziel Alves Pereira) e Maria Teresa Freire (Escola Estadual Júlia Luiz Ruete).

Com questionamentos sobre a importância do PME, as estratégias usadas para aproximar a comunidade e o papel da escola no despertar da discussão política, o debate trouxe ricos relatos sobre diferentes realidades de algumas escolas das redes municipal e estadual.

“Relatar experiências é demonstrar como a escola pode acontecer, independentemente de qualquer papel crítico administrativo, verticalizado ou não, de uma ação de qualquer poder. A escola pode encontrar estratégias para encontrar seu caminho de sobrevivência e avanços, aproximando gestão, alunos e comunidade”, disse Azis Julio Salles Ramos, diretor da Emef Oziel Alves Pereira, que foi um dos debatedores da noite.

O diretor ressaltou ainda a importância do Plano Municipal de Educação como um documento que formaliza e norteia o trabalho a ser desenvolvido nas escolas. “Nosso papel dentro da unidade é promover a discussão sobre a lei e sobre como a escola, com suas características, vai absorver as estratégias do Plano, fazendo com que a lei adeque-se à escola”, explicou.

As reflexões provocativas da noite renderam ricas discussões entre os debatedores, a mediadora e a plateia. “Não podemos ficar acomodados. O cutucão desta noite serve para sairmos do conforto e perceber que depende de cada um de nós que está e participa na escola, e não somente de outras pessoas e instâncias. A gente tem que fazer a nossa parte, buscando e instigando o que realmente precisa ser feito”, analisou a professora de português, Maria Cristina Manarini Franceschini.

O próximo Encontro Mensal do CCE acontece no dia 28 de julho com a presença de Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.