(Por Claudia Corbett)

A atividade de hoje não tem caneta, lápis, livro ou caderno. Os materiais são malabares, figurinos coloridos, piadas, mágicas, performances.

Há cinco anos o Centro Comunitário do Jardim Santa Lúcia, entidade parceira da Fundação FEAC, inseriu as artes circenses como uma das oficinas dentro do cardápio de ações socioeducativas.

São espaços facilitadores e mediadores das relações interpessoais. E ainda proporcionam às crianças e adolescentes da entidade contato com as expressões artísticas e vivência na cultura popular brasileira.

“A característica mais forte das artes circenses é a ajuda coletiva. Cada um consegue olhar o outro e não só fazer por si. Aprendem a ser colaborativos e respeitar os limites”, contextualizou Débora Costanzo, educadora responsável pela oficina no Santa Lúcia.

O circo se configura em um espaço lúdico informal, que envolve educação, arte e cultura. Nele, a criança e  o adolescente exercitam a busca de sua identidade e autonomia.  Aumentam a autoestima e a capacidade de escolha. O circo contribui de maneira expressiva na oferta do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos.

“Quando o circo vem com a proposta da vivência e condições de múltiplas interpretações, possibilita ao atendido ressignificar as situações vividas e transformar a realidade com diferentes perspectivas”, contextuou Alann Scheffer Oliveira, assessor social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC.

As artes circenses focam também a coordenação motora e a concentração. Com os malabares, por exemplo, as crianças aprendem a habilidade de manipular um ou mais objetos com destreza. Na tábua-rola, uma das atividades mais antigas do circo, o objetivo é o controle do equilíbrio.

Esta oficina muda a maneira da criança e do adolescente agir e pensar. “Elas não praticam sozinhas. Precisam da ajuda de um companheiro para evoluir nas paradas e malabares. Se unem para se ajudar. E isso desenvolve o caráter pessoal. Percebemos isso nitidamente nas atividades paralelas”, assegurou Guilherme Freitas, pedagogo da instituição.

Atualmente, são 130 crianças e adolescentes. “Esta oficina tem uma grande adesão. É uma das atividades que as crianças mais gostam e se empenham”, contou o coordenador geral do Centro Comunitário Jardim Santa Lúcia, Ricardo Moraes.

No palco

Quando entram para a oficina de circo as crianças e adolescentes do Centro Comunitário do Jardim Santa Lúcia sentem como se estivessem subindo em um palco.

É no tatame colorido que mostram suas habilidades com sorrisos abertos. “Estou realizando meu sonho. Sempre quis fazer aula de circo”, comemorou Tainá Rodrigues Viana, 07 anos.

Letícia Gabrielli Nogueira Tilibra participou do Festival Cultural FEAC, em dezembro de 2016, e foi ela quem interpretou a cor Flicts, personagem principal do espetáculo A história de uma Cor. “Aprendi muito nesta aula de circo. Ganhei muita experiência e com ela tive a oportunidade de participar do evento da FEAC, para mim, tão importante. Além disso, as artes circenses alegraram a minha vida e pude conhecer muitas pessoas interessantes. Me sinto mais segura e estou melhorando cada vez mais”, enalteceu.

“Nesta atividade surgem muitos talentos. Mas a intenção é trabalharmos esta atividade como estímulo para produção artística, cultural e, principalmente, como um instrumento de inclusão social”, frisou o coordenador geral da instituição.

“A arte como atividade meio nos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos tem como função essencial contribuir com o processo formativo da pessoa. Um método que envolve a criação de um sentido para a vida e para uma interação harmoniosa e equilibrada com o mundo e com as pessoas. Na alegria do circo isso se concretiza, a interação acontece e a convivência se fortalece”, relatou a assessora técnica do programa FEAC Arte e Cultura, Nadir Semenzin Braga da Silva.

Saiba mais: http://www.ccjsantalucia.org.br/