Ingrid Vogl

Quando Cristopher Conceição e Gabriel Vilas Boas, alunos do 5º ano da Escola Estadual Professora Conceição Ribeiro no Jardim Vista Alegre foram questionados sobre o que mais gostam de fazer na escola, a resposta foi a mesma: lição. A opinião dos alunos em sintonia é reflexo do trabalho pedagógico desenvolvido pela equipe na unidade, que pelo terceiro ano implanta o que chama de trabalho por área.

Segundo a professora coordenadora, Rosimeire dos Santos Souto, nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), os professores são polivalentes, isto é, responsáveis pelo ensino de todas as disciplinas, com exceção dos professores de artes e educação física, que dão aulas no contraturno. Desde 2014, a escola decidiu que os alunos do 5º ano teriam mais de um professor para as disciplinas.

“Um dos maiores ganhos que tivemos com a comunidade escolar nos últimos anos foi o trabalho por área no 5º ano. Percebemos que o professor polivalente não conseguia aprofundar todo o conteúdo previsto no currículo da rede estadual, e acabava focando mais em matemática e português, sendo que todas as outras disciplinas são essenciais. O resultado disso era que os alunos iniciavam o 6º ano com muitas lacunas”, explicou Rosimeire Souto.

Para que a implantação da nova prática de ensino fosse efetivada, a equipe gestora dialogou por dois anos com os professores e pais de alunos. “Foi preciso tempo para convencer a comunidade escolar para que houvesse a mudança. Além disso, no primeiro ano de implantação do trabalho por área tivemos que enfrentar várias dificuldades e resistência”, afirmou a professora coordenadora.

A escola trabalha hoje com seis salas de aula e 201 alunos do 5º ano que possuem dois professores de matemática; dois de língua portuguesa e mais duas professoras que trabalham as disciplinas de história, geografia e ciências. “Agregado ao trabalho dos professores que se dividem nas salas de aula, ainda estão o desenvolvimento de projetos como a jornada de matemática, com foco em jogos e resolução de problemas, e a sala de leitura”, disse Rosimeire Souto.

Com mais de 13 mil títulos doados e também enviados pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, a sala de leitura da escola se destaca pela organização, facilidade de localizar as publicações mais adequadas para cada ano e também pelo capricho no canto de leitura. Com almofadas coloridas e colchonetes espalhados pelo chão, além de imagens que decoram as paredes e incentivam a leitura com diversas dicas, o cantinho convida os alunos a ler e costuma ser bastante frequentado.

“Hoje comprovamos que o aprendizado do aluno deu um salto de qualidade, porque a maioria das crianças que conclui o 5º ano aqui vai para a Escola Estadual Prof. Benevenuto Torres, que é nossa parceira e percebe como as crianças chegam com um aprendizado adequado. Por outro lado, os professores podem realmente se debruçar no currículo e trabalhar melhor o conteúdo, por terem mais tempo para isso”, analisou a professora coordenadora.

Com o sucesso do trabalho por área que repercutiu no aprendizado dos alunos, elogio dos pais e satisfação dos professores, a equipe da EE Profª Conceição Pereira planeja e prepara os profissionais para desenvolver a divisão das disciplinas nas salas do 4º ano a partir de 2017.

“Para os alunos dos 4º e 5º anos, que têm um conteúdo mais denso, o trabalho por área traz ganhos muito grandes no ensino e aprendizagem. Mas não pretendemos implantar essa prática com os alunos do 1º ao 3º ano, porque eles ainda estão sendo alfabetizados, e a presença de um único professor é importante pelo apego e por ser uma referência para a criança”, explicou Rosimeire Souto.

O trabalho pedagógico resulta ainda no bom desempenho que a escola possui nas avaliações oficiais. No último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a nota da escola foi 6,3 e já ultrapassou a meta nacional estabelecida para 2022, que é 6,0. Já no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), o resultado da unidade em 2014 foi 5,47. Apesar da meta da escola ter sido de 5,53, a nota ainda é maior que a média da Diretoria de Ensino Oeste, a qual pertence, e também a da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. “Esperamos que para este ano, a gente avance mais na avaliação estadual, mas nossa principal batalha é focada no currículo proposto pelo Estado para que os alunos aprendam de fato”, apostou Rosimeire Souto.

Comunidade presente

A participação e presença constantes da comunidade nas ações e decisões da EE Profª Conceição Pereira também influencia na qualidade da educação e até em melhorias estruturais da escola, que é organizada, limpa e tem belas pinturas de diversos artistas em suas paredes.

Segundo a diretora educacional Sueli Guizzo Bento, a equipe escolar realiza anualmente duas grandes festas oficiais em que a comunidade é presença garantida: a festa junina e a mostra cultural, que acontece em novembro, quando são expostos os trabalhos, projetos e ações que a escola desenvolveu ao longo do ano.

“Os eventos sempre têm como propósito beneficiar a nossa unidade. Neste ano, a renda da festa junina será revertida para a compra de uma impressora, já que o contrato da empresa que fornecia o equipamento para as escolas estaduais com o governo do estado chegou ao término e estamos sem o material. No ano passado, com o dinheiro arrecadado na festa, trocamos as cortinas de todas as salas de aula”, contou a diretora.

Mas a maior união de esforços entre comunidade e escola para a melhoria estrutural ocorreu quando houve a criação e cobertura da quadra esportiva. Por meio de doações e arrecadações em festas que ocorreram durante três anos, o valor angariado chegou a cerca de R$ 30 mil e a quadra tornou-se uma realidade.

“A gente gosta de trabalhar com clareza, então tudo o que fazemos é divulgado em um painel acessível a toda comunidade escolar, sejam notas das avaliações, até os recursos arrecadados em nossas festas e seus investimentos. Temos uma relação de transparência, respeito, responsabilidade e confiança estabelecida com a comunidade e que é constantemente reforçada”, disse a professora coordenadora.

A transparência e a equidade também são preservadas nas relações entre a equipe profissional da escola. “Nosso maior desafio é o relacionamento humano e, por isso, trabalhamos procurando unir a equipe, que participa das reuniões pedagógicas com todos os funcionários, desde a gestão até os da limpeza e cozinha, porque consideramos que todos fazem parte da equipe pedagógica. Nas Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) semanais, sempre há a presença de funcionários, e assim temos bons resultados relacionados à convivência escolar”, afirmou Sueli Bento.

Com um trabalho responsável, comprometido e que envolve amor à profissão, a equipe recebe toda a comunidade escolar e seus visitantes com carinho. “Nosso diferencial é o acolhimento: seja com um abraço ou uma conversa”, finalizou Rosimeire Souto.

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Grafico Conceição Ribeiro