O repórter Carlos de Lannoy mostra, agora, um espetáculo que tem surpreendido o público, no Rio. Abra bem os olhos. O que você vê? O que você sente? Quando a luz se acende, a realidade ganha cores, movimento e emoção. Mas na vida nem sempre é assim.

Atores invadem o palco para mostrar que pra quem não consegue enxergar tudo acontece em outra dimensão.

Na entrada do teatro, o público é convidado a vendar os olhos. Daniela e o marido Cristian, deficientes visuais, também chegam animados.

“É completamente diferente do teatro convencional. Aqui a gente segue o sentido inverso. Normalmente no teatro convencional, os atores ficam cegos pela luz e não enxergam a plateia. Aqui a plateia não vê o ator. E a gente vê a plateia, se preocupa com a plateia o que ela está sentindo”, afirma a diretora Paula Wenke.

No vídeo, o que nós vemos no palco, na realidade, são os bastidores da peça. Os atores trabalham como guias. Eles são provocadores da imaginação de cada espectador.

Os atores aguçam os sentidos. O cheiro, o paladar… São muitas sensações. Sobram efeitos especiais.

O texto fala do romance de um capitão da Marinha no ano novo. E o público sente e reage.

Oscar faz um dos personagens da peça. Com deficiência visual  desde os nove anos de idade, conta que já cuspiu fogo e andou em pernas de pau no circo.

Na abertura dos Jogos Paralímpicos, emocionou o Maracanã ao lado da bailarina Renata Mara. Formado em teatro, Oscar diz que nunca curtiu tanto um espetáculo.

“A pessoa com deficiência visual  tem que ficar sempre atento à história e quem está fazendo tem que executar bem, porque senão o cego perde o fio da meada da história. No teatro dos sentidos, pelo contrário, o cego enxerga tudo. Aqui é o nosso lugar”, avalia Oscar Capucho, bailarino e ator.

Até a trilha sonora fala sobre o poder infinito da arte. A venda nos olhos não impede a emoção.

O espetáculo acaba e o público finalmente enxerga o palco. Quase metade do elenco tem alguma deficiência.

O público descobre que sensações, cenário, maquiagem e figurino… foi tudo criado pela imaginação.

Fonte: Jornal Nacional