(Por Claudia Corbett)
O Festival Comunidades Empreendedoras da Escola de Transformação, voltado aos bairros Vila Abaeté, Sirius e Jardim Bassoli, em Campinas/SP, promoveu a aproximação do Instituto Elos com a Fundação FEAC. A iniciativa do Instituto consiste numa premiação que selecionará seis propostas, duas de cada residencial, que contribuam para melhoria de vida da comunidade e ainda impulsionem um planejamento de iniciativas futuras nos três empreendimentos. Todos os projetos inscritos devem ser, obrigatoriamente, iniciativas de moradores dos locais. O prêmio se dará por meio de doações de equipamentos e materiais que assegurem a execução do projeto.
Para a preparação dos projetos deste Festival, os residenciais receberam a equipe da Escola de Transformação no âmbito do Dist II – Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Território – uma parceria do Elos com a Demacamp, escritório local que desenvolve trabalhos nas áreas de meio ambiente, habitação e urbanismo – apoiado pelo Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal. Participam nesta ação os Departamentos de Arquitetura (DArq) e Assistência Social (DAS) da Fundação FEAC.
Segundo Alexandre Alessio, arquiteto e urbanista da Demacamp, o lema da Escola de Transformação para Comunidades Empreendedoras é que todos são alunos e professores ao mesmo tempo. A Escola acredita no poder da colaboração e cria arenas que estimulam o fazer coletivo pelo bem comum. “A energia gerada para o projeto pela parceria entre o Instituto Elos e a Demacamp, com colaboração da FEAC, tem impulsionado o intercâmbio de conhecimento, experiências e ideias entre integrantes da equipe e moradores dos residenciais, promovendo iniciativas para desenvolvimento do território e fortalecimento das comunidades”, assegurou.
Vivência Oásis
A equipe do Departamento de Arquitetura da FEAC teve a oportunidade de participar, no Jardim Bassoli, da Vivência Oásis, uma formação prática que tem como objetivo contribuir para a transformação de um local de acordo com os sonhos apontados por seus moradores. O intuito é fortalecer o senso de comunidade por intermédio de cursos, oficinas, encontros e projetos que beneficiem toda a comunidade em um período de dois anos. No caso dos três empreendimentos na cidade de Campinas este período se encerrará em 2018.
A Vivência Oásis é a primeira etapa que antecede a elaboração dos projetos que irão concorrer no Festival Comunidades Empreendedoras da Escola de Transformação.
Neste estágio as pessoas vão se conhecendo e se unindo. “Ao caminhar pelo residencial fomos encontrando moradores que já têm a consciência de que aquele lugar é para todos, ao plantar um simples jardim no pequeno espaço comunitário, por exemplo”, constatou Thais Fonsechi, assistente do DArq.
“Presenciamos a movimentação realizada para unir pessoas e conhecer os sonhos em comum. E durante a formação compartilharmos as nossas experiências e conhecimentos para a realização da primeira ação que foi realizada, a revitalização da praça de esportes”, contou a gerente do Departamento de Arquitetura da FEAC, Viviane Nale.
Para a analista do Departamento de Arquitetura da Fundação FEAC, Bárbara Suzuki, a primeira experiência, vivenciada no Bassoli, mostrou que “quando trazemos a comunidade para trabalhar o projeto flui, é valorizado e ainda integra as pessoas do bairro”.
Projetos para o Festival
A etapa da Vivência, nos bairros Sirius e Abaeté, já foi cumprida e os territórios se encontram na fase seguinte. Os moradores já identificaram seus sonhos e colocaram no papel o que precisam para a realização deles. São ideias que dão início à transformação do bairro.
Neste estágio, é papel da Fundação FEAC orientar o desenho dos projetos das comunidades que irão concorrer ao edital do Festival Comunidades Empreendedoras da Escola de Transformação.
Com a proposta de deixar os projetos mais qualificados foi realizada, pela equipe da FEAC, uma mentoria. Em reuniões, junto com seus criadores, buscou-se organizar as ideias, a partir das necessidades dos moradores dos bairros, estimulando a criatividade.
“A parceria da FEAC na Escola de Transformação é fundamental para atingirmos nosso principal objetivo que é integrar as comunidades atendidas com a cidade de Campinas. A FEAC com toda sua rede de contatos e experiência facilita este processo de integração, criando novos caminhos para o desenvolvimento sustentável e integrado dos territórios atendidos pelo projeto”, destacou Herbert Santo de Lima, facilitador de desenvolvimento comunitário do Instituto Elos.
No Sirius, três projetos estão preparados para o Festival: ‘Hora do Brincar’, com oferta de atividades socioeducativas para crianças moradoras do local. O objetivo é criar momentos e espaços de lazer e cultura, na busca do fortalecimento de vínculo entre os moradores, com o olhar voltado para crianças e adolescentes. O projeto foi concebido pelas pedagogas Suzana Freitas e Maria Garcia e pela ecobrinquedista e doula comunitária Jóice Danielli Segatti; ’Ritmo, Harmonia e Cidadania’, idealizado pelo músico Alexandre de Oliveira, tem como público alvo adolescentes e jovens e visa a inclusão social por intermédio da música; ‘Gerando Vida’, voltado para o esporte, é assinado por Robson Graciano, e tem como meta popularizar a cultura e a disciplina do Jiu Jitsu, com o intuito de preparação para os desafios da vida e a formação de caráter.
Na Vila Abaeté são dois os projetos inscritos, até o momento. O ‘Beneart Canaã’, criado pelas irmãs e cozinheiras Marcia Aparecida Raymundo e Vilma Aparecida Raymundo é voltado à geração de renda para as mulheres moradoras no residencial com aulas de culinária. A ideia é ensinar receitas que elas possam reproduzir e gerar renda a partir do comércio dos quitutes.
Já o ‘Dance, Cante e Crie’, planejado por Rosany Elaine Augusto de Souza, Mônica Sanches Lobato, Elenita. F. da Silva, Maria Lucia Pereira Rodrigues e Maria de Lurdes Ribeiro, visa oferecer oficinas de dança e ballet, musicalização e artesanato para moradores de todas as idades, além de integrar os residentes do local.
Segundo a assessora técnica do Departamento de Assistência Social (DAS) da FEAC, Silnia Nunes Martins, existe uma luta diária destas pessoas para serem reconhecidas como cidadãs. “E foi nesta luta transferida para o papel que pudemos contribuir. O sonho delas já estava lá, precisava somente de uma sistematização. Estas pessoas são extremamente empoderadas, conhecedoras das políticas públicas e dos caminhos que têm que seguir”, enalteceu Silnia, que esteve dedicada ao processo de mentoria que, conduzido pela FEAC, foi realizado para transferir conhecimento e experiência aos proponentes de projetos.
As inscrições para o Festival Comunidades Empreendedoras da Escola de Transformação foram prorrogadas e seguem até 19 de junho. As inciativas serão apresentadas no Sesc Campinas, no dia 1º de julho, e os resultados serão divulgados no dia 8 do mesmo mês.
Saiba mais: institutoelos.org