(Por Laura Gonçalves Sucena)

Os riscos dos partos prematuros e a identificação de alguns fatores de riscos, como gravidez na adolescência, idade extrema, grávidas diabéticas, peso fora do ideal, pressão alta foram alguns dos temas discutidos durante o Seminário Prematuridade – seus riscos e desafios no século XXI, realizado pela Casa da Criança Paralítica (CCP) no último dia 13 de novembro.

Na pauta estava o cuidado à saúde da criança, por meio do acompanhamento do desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida, tarefa essencial para a promoção à saúde, prevenção de agravos e a identificação de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Médicos, enfermeiros, psicólogos e pedagogos discutiram a importância do acompanhamento de mães e crianças nascida prematuramente para a garantia de desenvolvimento.

De acordo com o diretor Clínico da CCP, Reginaldo de Campos, as crianças que nascem prematuras não estão completamente formadas e vários sistemas não estão prontos, principalmente no que se refere à parte respiratória. “Quando a criança não respira adequadamente, a oxigenação dela é menor e a chance de ter alguma lesão neurológica é grande.  Isso acaba provocando danos não só motores, mas afeta a parte cognitiva, de comunicação verbal, de audição, visão e outras, então é preciso ficar atento a isso”, explicou.

Outro ponto de destaque que o médico citou foi em relação ao número de gravidez na adolescência. “Existe relação clara entre prematuridade e gravidez na adolescência, que é expressiva no Brasil e, especialmente na região Sudeste. É preciso fazer o pré-natal e ter um acompanhamento correto durante a gestação. Ao nascer, a criança deve ser acompanhada de perto no pós-parto e em toda a infância”, comentou.

O médico ainda enfatizou a importância de um olhar atento à essa criança na chegada à escola. “Muitos prematuros quando chegam na fase de ir à escola precisam de um olhar atento do profissional da área da educação. Isso faz uma grande diferença”, falou Dr. Reginaldo.

 

Novo Olhar

Para evidenciar a fala de abertura do Seminário, na qual o médico Dr. Reginaldo enfatizou sobre a importância do cuidado da escola com o bebê prematuro, a Fundação FEAC, por meio do programa Primeira Infância em Foco, que também participou do Seminário, apresentou o projeto Novo Olhar para o Desenvolvimento Infantil.

“Na educação infantil, é extremamente importante que a equipe escolar, ao realizar a matrícula de uma criança, colete informações relevantes sobre o seu nascimento, identificando se há condições biológicas de risco para o desenvolvimento infantil, como por exemplo a prematuridade. A condição de prematuridade exige do professor um olhar atento em relação ao processo de desenvolvimento infantil. Cabe a ele considerar essa informação e ao mesmo tempo, se responsabilizar pela estimulação da criança, de modo que ela se desenvolva integralmente”, falou Cláudia Chebabi, líder do programa Primeira Infância em Foco, da FEAC.

Além de uma ficha de anamnese contendo todo histórico de vida da criança antes dela entrar na escola, também é muito importante que as escolas solicitem a apresentação do “Cartão da Criança”, pois esse documento contém a nota do Apgar (avaliação das condições de saúde e vitalidade do recém-nascido)  peso e altura ao nascer, evolução do bebê, intercorrências, procedimentos realizados, condição de alta e recomendações para o cuidado no domicílio.

Acompanhada da técnica de referência do projeto, Adriana Nunes Silva, a dupla da Fundação FEAC reiterou o objetivo do projeto Novo Olhar, que é o de acompanhar o desenvolvimento infantil para que todas as crianças se desenvolvam adequadamente, de acordo com sua faixa etária, considerando eventuais peculiaridades e limites.

“A prematuridade deverá ser considerada pelo professor ao realizar o acompanhamento do desenvolvimento da criança, uma vez que ele terá que fazer a correspondência entre a sua idade cronológica e a idade corrigida. Utilizar a idade corrigida é uma forma de observar as crianças de forma mais precisa e respeitosa em relação ao seu processo individual de desenvolvimento”, falou Adriana.

O projeto Novo Olhar reconhece que cada criança é única e que há processos contínuos, intencionais e integrados que podem contribuir com o desenvolvimento de cada uma das crianças, por isso as instituições de educação infantil parceiras da FEAC são orientadas para que, por meio de uma observação fundamentada, possam atuar de maneira individualizada e em parceria com as famílias, reconhecendo pontos fortes ou abordando fatores de risco que impedem o pleno desenvolvimento da criança.

Para documentar todos os aspectos que fazem parte do processo de mudança pela qual as crianças passam, as profissionais da educação infantil utilizam fichas que contêm os marcos objetivos de desenvolvimento, por isso é fundamental que os educadores que atuam com essas crianças tenham compreensão e entendimento sobre o desenvolvimento infantil.

No Seminário, Adriana e Cláudia apresentaram uma pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em consulta à população em geral que apontou que apenas 8% dos entrevistados acreditam que as profissionais da educação são a fonte mais confiável para buscar informações ou esclarecer dúvidas a respeito da criança e que esse dado não é nada bom. “A escola precisa ter clareza de suas metas educativas, seus profissionais devem ter e adquirir conhecimentos teóricos sobre processos de desenvolvimento da primeira infância e sobre práticas pedagógicas que atendam às necessidades de cada criança. Nós pedagogos, precisamos ser referência”, concluiu Adriana.

O tema “Prematuridade” ainda será foco de futuras discussões e debates entre as equipes das instituições parceiras da Fundação FEAC, uma vez que é necessária atenção especial e acompanhamento adequado às crianças prematuras em idade escolar para que elas possam atingir o seu pleno desenvolvimento. 

Primeira Infância em Foco

O Programa Primeira Infância em Foco é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe em esforços para promover o desenvolvimento da primeira infância com objetivo de assegurar que todas as crianças tenham desenvolvimento adequado à sua faixa etária.

Saiba mais: https://www.feac.org.br/primeirainfanciaemfoco/