(Por Laura Gonçalves Sucena)
Conectar mentores voluntários dispostos a apoiar adolescentes entre 15 e 17 anos, em processo de desligamento da instituição de acolhimento para uma nova fase de vida autônoma e independente. Com esse propósito foi lançado na noite desta terça-feira, 31 de julho, o projeto Trilhar – iniciativa do Programa Acolhimento Afetivo da Fundação FEAC. O momento foi acompanhado por diversas pessoas interessadas em participar do projeto como mentores. O objetivo é possibilitar para cada adolescente em situação de acolhimento a convivência e vinculação com uma pessoa genuinamente interessada em desempenhar um papel de referência em sua vida, no apoio necessário para o processo de transição para a fase adulta.
A iniciativa reúne Associação de Educação do Homem de Amanhã (AEDHA) – Guardinha, Instituto Fazendo História, de São Paulo/SP, Fundação FEAC e outros parceiros institucionais preocupados com essa realidade.
Durante o primeiro encontro sobre o projeto, os psicólogos do Trilhar, Frederico Godoy e Natália Bodini, explicaram as etapas que os interessados irão percorrer até estarem aptos para a mentoria. “Haverá reuniões informativas, entrevista, capacitação, nova entrevista de audição e, por fim, a habilitação judicial da Vara da Infância. É um processo longo, porém necessário porque estamos tratando da vida de jovens que já passaram por várias perdas”, justificaram.
Outro encontro, com o mesmo conteúdo esclarecedor, será promovido em 15 de agosto, a partir das 19h, na sede da Guardinha (Avenida das Amoreiras, 165, Parque Itália, Campinas/SP). No evento mais uma vez todas as dúvidas dos potenciais mentores poderão ser tratadas. As inscrições devem ser realizadas pelo site https://www.feac.org.br/inscricoes-trilhar/
A ideia é que os mentores sejam figuras que desenvolvam com os jovens seus projetos de vida. “É uma relação de troca, aprendizado e de autoconhecimento para o mentor e para o jovem. É o pensar em conjunto para fazer com o adolescente e não para ele”, falou Frederico.
Sempre com o apoio da equipe técnica do Trilhar, os mentores irão trabalhar com os adolescentes os eixos moradia, profissional, financeiro e apropriação da cidade. “Esses jovens precisam saber onde irão morar, o que funciona para cada um, como cuidar de uma casa, como lidar com contas, dinheiro, trabalho e ainda conhecer seu município e o que ele oferece”, completou Natália.
Todo o processo contará com o acompanhamento desses profissionais para preparar os mentores voluntários em sua relação com os adolescentes e os serviços de acolhimento. Por sua vez, os adolescentes também serão preparados para a aproximação com os mentores que se dará por meio de encontros individuais e em grupos. A partir daí a equipe do projeto acompanhará esse processo para que essa relação se estabeleça de forma positiva e duradoura.
De acordo com a coordenadora do Trilhar, Juliana Dias Barbosa, o encontro foi muito positivo e teve grande participação. “Sensibilizamos as pessoas para a causa do acolhimento de jovens. É preciso que os interessados se perguntem o que acontece com meninos e meninas, prestes a completar 18 anos, que vivem em abrigos. As pessoas têm que saber que é uma grande responsabilidade buscar em conjunto com esses jovens a autonomia e ainda dar apoio, afeto e segurança”, explicou.
Para a líder do Programa Acolhimento Afetivo da Fundação FEAC, Ana Lídia Puccini, a participação de voluntários nesse projeto traz a perspectiva sobre como a sociedade pode contribuir para ampliar as possibilidades e repertórios oferecidos ao adolescente durante o acolhimento, preparando-o para buscar seu lugar no mundo. “As pessoas que compareceram a esse encontro, já demonstraram um compromisso e uma empatia pela causa, então há sim interesse da sociedade em apoiar e colaborar com as causas sociais. Só precisamos fazer com que essas problemáticas tenham visibilidade, e é o que pretendemos com o Trilhar”, pontuou.
1º Encontro
A funcionária pública Patrícia Silva se sensibilizou com o encontro e se voluntariou para participar do processo de seleção de mentores. “Minha expectativa é de aprendizado acima de tudo. A reunião foi muito esclarecedora e temos que ter a consciência que não estamos prontos para essa responsabilidade e por isso temos que passar por esse período de formação. É uma caminhada em conjunto, uma oportunidade de evolução pessoal muito grande e vai ser uma conquista para mim e, com isso, quero devolver para o adolescente todo esse aprendizado e descoberta. Tenho certeza que vai ser uma relação estabelecida para o resto da vida”, comentou.
Juliana Zanini, técnica de laboratório, também ficou empolgada em participar do Trilhar. “Esse processo de ser voluntária despertou em mim e estou num momento que me sinto preparada para desempenhar esse papel tão importante. Vim participar para saber mais e me encantei e vou tentar ser uma mentora. Me emocionei demais”, falou.
“Gostei do que foi apresentado sobre o Trilhar e acho que essa proposta é séria, responsável e conta com uma visão estratégica clara, aliada a uma visão social muito importante. Tenho certeza que esse projeto vai ser um sucesso”, completou o engenheiro Élcio Damasceno.
Programa Acolhimento Afetivo
O Programa Acolhimento Afetivo é uma iniciativa da Fundação FEAC que investe no bem-estar e proteção das crianças, adolescentes, adultos e idosos em situação de acolhimento. Tem como objetivo garantir espaços de construção de identidade e cidadania plena, ampliando as redes individuais de vínculos familiares e sociais protetivos.
Informações: www.feac.org.br/trilhar