Semana da Educação foi concluída com Congresso que reuniu 600 educadores que compartilharam suas vivências em sala de aula

(Por Ingrid Vogl)

Um evento de professores, para professores trocarem experiências e fazerem a educação acontecer. Essa foi a proposta do 1º Congresso do Instituto Cultural Lourenço Castanho (ICLOC) de Práticas em Sala de Aula, que reuniu 600 educadores na UniMETROCAMP Wyden para compartilharem práticas pedagógicas. O encontro fechou a programação da 9ª Semana da Educação de Campinas, energizando e mobilizando os profissionais que diariamente estão em sala de aula.

Empoderados e cheios de entusiasmo, os profissionais apresentaram e também assistiram 195 experiências repletas de inovação e criatividade. Foram expostos trabalhos com temas como alfabetização tecnológica, yoga escolar, ludicidade na aprendizagem de jogos matemáticos, iniciação cientifica na primeira infância e muitos outros. E apesar de parecerem completamente distintos, se integram e se complementam no intuito de buscarem uma relação de ensino e aprendizagem cada vez mais eficiente.

A apresentação das vivências foi dividida em 48 sessões de trabalho, relacionadas aos mais diversos temas e segmentos de educação. As sessões foram organizadas em dois blocos: um com início às 9h e outro às 11h. Em cada sessão foram feitas até quatro apresentações de práticas docentes e um momento final, reservado para interação e debate com os participantes. 

Com essa dinâmica, o objetivo do Congresso foi alcançado com sucesso: a integração, promoção de debates e compartilhamento de conhecimentos sobre as práticas letivas vivenciadas no dia a dia da escola.

Espírito comunitário

Irani Marchiori, gestora pedagógica e acadêmica, apresentou sua experiência sobre alfabetização tecnológica na mesma sala em que a historiadora Kênia Kemp compartilhou sua pesquisa sobre yoga escolar. Os assuntos podem ser diferentes, mas as práticas se complementam.

“Os assuntos são emergentes, alguns atuais, mas também há os tradicionais e se integram como práticas em educação, e isso é muito rico e significativo. Este evento também é importante porque temos a oportunidade de trocar oralmente nossas vivências”, disse Irani.

Para Kênia, além da troca de ideias, o que chamou a atenção foi o espírito de comunidade que acabou agregando os educadores durante o Congresso. “Poder se perceber como educador e ter esse momento de reunião fora do trabalho, é uma oportunidade que traz esse sentimento de pertencer a um meio. Isso é maravilhoso”, concluiu, lembrando que o evento reuniu educadores formais e não formais que puderam se conhecer e manter contatos.

A pedagoga Carolina Bruno Duran, chamou a atenção para a apresentação de práticas com impacto positivo e que utilizam poucos ou simples recursos. “Este encontro foi sensacional, porque tantas vivências de escolas públicas ou privadas são em geral simples, mas muito inovadoras. Além disso, são trazidos os resultados: o que funcionou e o que não deu certo”, disse a educadora, que apresentou uma prática de alfabetização através do sistema fônico, utilizando garrafas. 

Compartilhando o projeto multidisciplinar que aborda a boa alimentação com crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, as professoras Fernanda Lopes, Lilian Ferreira e Roberta Damaceno vieram de São Vicente, litoral paulista, para falar sobre a própria experiência e ouvir outras. 

“Essa troca é essencial porque hoje em dia, temos o desafio de despertar no aluno o interesse pelo aprendizado, e conhecer outras práticas ajuda muito nessa tarefa, pois podemos expandi-las e adaptá-las às nossas necessidades e realidades”, explicou Fernanda.

Ouvir e inspirar

Para quem foi ao Congresso somente para ouvir e se inspirar com as práticas pedagógicas, o momento foi de aprendizagem e de tomar consciência que com vontade, é possível fazer a transformação. “Quando você percebe que existe algo que se pode fazer sem depender de terceiros ou do governo, é preciso colocar a mão na massa, e isso é instigante. A gente tem que ter o olhar diferenciado, porque nosso desafio é fazer com que o aluno aprenda com prazer e interesse”, disse Maria de Fatima Mendonça dos Santos, diretora social de uma Organização da Sociedade Civil.

Patrícia Campos, diretora pedagógica que veio de Jundiaí para participar do Congresso, assistiu práticas sobre matemática e jogos, iniciação cientifica, orientação a estudos e ficou encantada com a troca de vivências em sala de aula.  “Aqui a gente se vê e se identifica com a prática do outro, e tudo isso pode ser adaptado para nossa realidade e assim, melhorar a prática de ensino e aprendizagem com meus alunos”, contou. 

Foco no professor

O Congresso ICLOC de Práticas em Sala de Aula surgiu em São Paulo há 10 anos. O primeiro encontro teve 50 trabalhos inscritos, e em 2018, foram 1120 práticas pedagógicas apresentadas, a maioria de escolas públicas da capital paulista e cidades do entorno. A partir do sucesso do evento, o ICLOC começou a expandir o Congresso para outras regiões paulistas, como a baixada santista e Campinas.

“A ideia de criar o Congresso surgiu porque observamos que os professores formados sabiam teoria, mas não a prática. Eles chegavam em sala de aula sem habilidades para lidar com mudanças, estavam amarrados naqueles conceitos que se aprendem na faculdade”, contou Sylvia Figueiredo Gouveia, sócio fundadora da Escola Lourenço Castanho e do ICLOC.

Segundo Sylvia, o Congresso do ICLOC deve ainda chegar a outros municípios paulistas como São José do Rio Preto e Franca. “A principal característica deste Congresso é que não há palestras, falas de autoridades. Aqui quem fala é o professor e é nessa troca que não só se sentem valorizados como aprendem também”, ressaltou.

Para que a primeira edição do Congresso fosse realizada em Campinas, o evento contou com cerca de 60 voluntários, entre eles a coordenadora do Congresso, Alessandra Campos, gestora do Colégio Renovatus.

“Essa troca de saberes é importante para que a gente tenha um olhar para o que está sendo feito na nossa cidade e região. O evento é sobre como a gente pode transformar a educação no lugar que estamos e compartilhar com outras pessoas que também vivem esse sonho de impactar a educação, se empoderar desse fazer pedagógico e trocar vivências em sala de aula como algo transformador, como algo que constitui a identidade do professor”, explicou.

Alessandra também comentou o clima de entusiasmo que era visível nos corredores do Congresso. “Esse sentimento de alegria e congraçamento é muito gratificante e significa que tem muito profissional pensando e fazendo ações em busca de uma educação melhor. Essa troca é fundamental para energizar, inspirar e compartilhar angústias, medos e alegrias das práticas em sala de aula”, concluiu.

Thaís Speranza Righetto, responsável pelo projeto Semana da Educação, ressaltou a importância de finalizar a agenda de programação da Semana com a apresentação de práticas positivas que acontecem nas escolas.

“Para a FEAC é uma alegria muito grande poder terminar a 9ª Semana da Educação de Campinas com um Congresso como o ICLOC, porque durante os eventos foram evidenciados alguns desafios da educação brasileira, mas é essencial também mostrar projetos inovadores e o que acontece de bom nas escolas, além de poder proporcionar a troca entre professores de diferentes escolas e cidades. Assim, encerramos a Semana de forma positiva”, avaliou.

Confira as práticas apresentadas no Congresso ICLOC Campinas: http://www.icloccampinas.com.br/

Semana da Educação

Com 26 atividades gratuitas entre palestras, oficinas, exposições, mesas redondas, apresentações culturais e outras, a 9ª Semana da Educação de Campinas aconteceu de 22 a 29 de setembro em vários pontos da cidade. O tema da edição 2018 do calendário de eventos foi “Conectar educação, superar desafios”, pensando nas múltiplas conexões que a educação faz com áreas como economia, saúde, segurança e cidadania, contribuindo para a transformação de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

A Semana da Educação é um projeto do Programa Educação da Fundação FEAC. A iniciativa pretende mobilizar a sociedade para o debate sobre os diversos temas da educação energizá-la em prol de uma educação pública cada vez melhor.

A edição 2018 da Semana da Educação tem patrocínios da Fundação Educar DPaschoal e Iguatemi Campinas.

Saiba mais: https://www.feac.org.br/semanaeducacao2018/