(Por Ingrid Vogl)

Um homem de atitudes transparentes, firme, que não admitia erros, ao mesmo tempo em que era compreensível, bondoso, dedicado e elegante na maneira de se expressar. Assim pode ser brevemente descrito Saulo Monte Serrat, que teve uma trajetória dedicada à defesa dos princípios que dão valor à vida e uma história de entrega ao trabalho social. Saulo era membro do Conselho Curador da Fundação FEAC, e morreu na sexta-feira, dia 4 de maio aos 92 anos. Ele deixa mulher, filhas e netos.

O primeiro contato do professor Saulo, como é conhecido pela sua formação como mestre em psicologia, com a FEAC, foi por meio de um telefonema convidando um representante da Fundação para dar uma palestra sobre a atuação da instituição. Isso aconteceu em 1968, quando era capitão e professor da Escola de Cadetes. Saulo ficou tão impressionado com a palestra que conseguiu com que todos seus alunos se tornassem colaboradores da FEAC, em uma época em que contribuições eram essenciais para que a Fundação se mantivesse.

A partir daí, Saulo começou a se aproximar e se engajar cada vez mais nas causas e na história da FEAC: a organização independente, privada, de interesse público, sem vínculos político-partidários e com fins não econômicos, que tem como missão a promoção humana, assistência e o bem-estar social, com prioridade à criança e ao adolescente de Campinas/SP.

Saulo atuou por mais de quatro décadas na FEAC. Ele foi membro da Diretoria Executiva pela primeira vez em 13 de dezembro de 1972. Já em 1978 passou a fazer parte do Conselho Curador. Como um dos colaboradores mais antigos da Fundação, ele ajudou a transformar os ideais que regiam a FEAC em um dos pilares do trabalho social de Campinas.

Personalidade forte e atuante e descrito como grandioso e inspirador por seus companheiros no Conselho Curador, o professor Saulo se posicionava com visão crítica e ponderada frente aos assuntos ali tratados, sempre com grande sensibilidade para as questões humanas. Com palavras oportunas, nunca se omitia a dar opiniões de forma serena e comedida. Homem culto e sábio, era conhecido pelos textos que tinha prazer em escrever. Ele costumava enviar cartas às diversas áreas da FEAC, de acordo com o assunto tratado, onde expressava suas opiniões, sempre de maneira cuidadosa e respeitosa. Também contribuiu para elaborar as diversas versões do Estatuto Social da Fundação FEAC, participando das comissões de elaboração e sendo responsável pela redação dos documentos.

Em constante busca por conhecimentos e ampliação da atuação da Fundação FEAC na área social, o professor Saulo participou ativamente da construção de parcerias e sempre acompanhou de perto e com muito interesse, especialmente o trabalho de prevenção ao uso de drogas. Foi o caso do projeto Ame a Vida, desenvolvido pela Fundação FEAC de 1998 a 2007, que por meio de atividades artísticas e culturais, teve como objetivo desenvolver a autoestima e o protagonismo juvenil como sólida plataforma de prevenção às drogas.

Legado Social

Natural de Pirajuí/SP, o professor Saulo foi um dos fundadores do Instituto de Psicologia da PUC Campinas. Importante colaborador e amigo do padre Haroldo Rahm, ele foi um dos fundadores e dirigente da Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas (Febract) por vários anos, onde liderava cursos de formação para dirigentes.

Saulo também marcou a história da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE – de Campinas, participando de sua fundação em 1965. A atuação do professor Saulo ajudou a APAE Campinas a ser tornar referência nacional. Sua última contribuição para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campinas foi em fevereiro último, quando participou da inauguração do Centro de Capacitação Profissional.

Com atuação sempre notada e dono de opiniões aguardadas, Saulo estará presente no legado de conhecimento e trabalho que deixa na área social e nas palavras registradas em diversos textos em que expressa projeções sobre o futuro a ser planejado, como no prefácio do livro “FEAC 50 anos: uma história de inovação e solidariedade”:

“Atenta às mudanças vertiginosas trazidas pelos novos tempos, a FEAC planejou as sucessivas modificações que devem ser feitas para que, daqui a 30 anos, ela continue a ser um exemplo de eficiência, de solidariedade e de espírito fraterno”.